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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A VOZ DO POVO

Hugo Navarro da Silva
Um dos fundamentos mais antigos da superioridade da democracia sobre outros regimes políticos está na  crença de que “a voz do povo é a voz de Deus”, expressão usada  por Hesíodo, poeta grego, e pelo próprio Aristóteles, mas atribuída, pelo teólogo e professor Albino Flaco Alcuino, ao imperador Carlos Magno e empregada pelo arcebispo de Canterbury, Walter Reynolds,  na cerimônia de coroação do Rei Eduardo III.  Já houve, entretanto,  quem  qualificasse a afirmativa de “mal entendido máximo”  e o conde Romanones condenou a frase afirmando  ser impossível esquecer que Jesus Cristo foi crucificado pelo povo.  Celebrado teatrólogo francês escreveu  que se o povo é amo e senhor a anarquia fatalmente se estabelece e o nosso marquês de Maricá não hesitou em dizer, nas suas “Máximas”, que a democracia é como a tesoura do jardineiro. Decota para igualar. “A mediocridade é o seu elemento”.
Winston Churchill, a quem a humanidade muito deve por sua tenaz luta de “sangue, sofrimento, lágrimas e suor” contra o nazi-fascismo que estava avassalando o mundo,  disse, em discurso na Câmara dos Comuns, que faria referência favorável ao diabo se Hitler invadisse o inferno, definiu  democracia como a pior forma de governo, mas tem de ser adotada porque ainda não apareceu outra melhor. O mais conhecido conceito de democracia, citado largamente pelos políticos e pelo povo em geral, é o de que “democracia é o governo do povo, para o povo e pelo povo”, da autoria de Abraham Lincoln, no célebre discurso de Gettysburg, de dois minutos, mas considerado o maior discurso do mundo. Lincoln, o mais importante dos presidentes dos EE.UU., conquistou fama de sabedoria e bom senso, grandeza e sobriedade por sua conduta na vida pública e na vida privada. Livrou os EE.UU. da escravidão, em guerra sangrenta, e garantiu a unidade territorial de seu país. Era, no dizer de Menotti Del Picchia, “estoico na dor e hábil no governo”. Mesmo assim tem encontrado críticos mordazes, como Dale Carnegie, que o apontava como simplório, bodoso e vítima de esposa que o tiranizava. Recente filme dá a entender que o trabalho de Lincoln para aprovar, no Congresso, a emenda constitucional da abolição da escravatura assemelhou-se ao do “mensalão” brasileiro, que deu com os costados no Supremo Tribunal Federal. Pelo menos o de lá tinha finalidade nobre.
Guardadas as proporções, no particular da preservação do território nacional, a obra de Lincoln assemelha-se, no Brasil, à luta do presidente Floriano Peixoto, sem cuja energia e destemor belicoso o país provavelmente estaria, hoje, dividido sabe-se lá em quantas partes. Floriano  teve de enfrentar, a ferro e fogo, inclusive a perigosa Revolta da Armada.
A democracia tornou-se tão importante na vida política do mundo, que não há tiranete de  terceira classe ou ditaduras de grandes potências que não se intitulem de democratas.
O regime democrático, entretanto, não é somente fruto da vontade do povo. Vive, também, da diversidade dos partidos. A tendência para o partido único, que se vem manifestando  claramente neste país, é a negação do regime democrático.
Uma democracia, que mereça tal nome, assegurando, principalmente, o direito à liberdade em todos os sentidos, depende, essencialmente, da existência de partidos independentes, que defendam posições firmes e exerçam tenaz missão fiscalizadora.

O que vem ocorrendo, ultimamente, no Brasil, é que partidos são criados (alguns já nascem fortes) somente para apoiar o governo e  disputar lugar no banquete dos favores governamentais. É  o esboço da perigosa ameaça do partido único, que por ora resulta em dificuldades e tropeços insuperáveis porque se muitos são os chamados, poucos serão os escolhidos, aqueles a quem são oferecidas migalhas e, às vezes, o caminho da cadeia.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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