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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sábado, 9 de novembro de 2013

O DRAMA DO JUDICIÁRIO

Hugo Navarro da Silva


Têm repercutido no seio do povo as declarações do Juiz de Direito da Infância e da Juventude desta Comarca explicando que devolveu a seus pagos e às atividades habituais vinte e quatro delinquentes juvenis, que estavam sob custódia, por absoluta falta de funcionários naquele órgão do Judiciário feirense. O número dos libertados pode chegar a cem antes de fim do ano. Foi honesto e corajoso. Falou a verdade. E de gente que fale a verdade, haja o que houver, no mar de enganos e enredos em que o país anda submerso, é talvez a maior das necessidades da pátria amada neste momento em que tudo parece sucumbir à violência e à malandragem, em resumo, no salve-se quem puder, justamente quando a indústria da blindagem de automóveis, inclusive dos modelos havidos por populares, cresce  de forma espantosa.
Há governantes que não estão querendo ver o que se passa no seio do povo. Há carência em todos os setores essenciais e tudo parece desabar sob o comando de inépcia nunca vista, como se tudo se resolvesse em promessas e palavreado às vezes ininteligível, de que o povo já demonstra cansaço e, talvez, mais do que isso, indisfarçável revolta quase diariamente a estourar em ruas e estradas. As dívidas decorrentes das mazelas de hoje, é sabido, o povo tem que pagar, mais dia, menos dia, como a da inflação reprimida, que não se sabe a quantas vai a esta altura dos acontecimentos e as decorrentes do consumismo que o governo tem estimulado, forjando abundância que resulta em onus às vezes insuportável mas implica, sempre, em aumento da arrecadação tributária. 
Quando foi dito a Sancho Pança, governador da Ilha da Barataria, assim chamada pela facilidade com que Sancho  alcançou o governo, que “se aos ouvidos dos príncipes chegasse a verdade nua, sem as vestes da lisonja, outros séculos correriam”, repetia-se, na ironia de Cervantes, o que estava consolidado no entendimento do povo muitos séculos antes da televisão.
Na política os modernos meios de comunicação ampliam a ação dos mitomaníacos e  o que é falso às vezes passa por verdadeiro com prejuízo para a solução das reais dificuldades do  povo. Uma delas é a da segurança jurídica, essencial para o desenvolvimento e manutenção da vida em sociedade. E segurança jurídica, que decorre das leis e de Judiciário atuante e respeitado, é o que mantém a coesão social, oferecendo garantias ao vasto mundo dos negócios e da economia, a certeza dos direitos de cada um até contra a ação muitas vezes  desalmada,  desumana,  pantagruélica e insensível do Estado, o leviatã,  que sempre cresce em poder e voracidade.
Não há carência de normas jurídicas. O Brasil é fervente e generosa fábrica de leis, tão grande que impossível, hoje, seria reunir todas em um só repertório. Mais de metade delas poderia ser jogada na lata do lixo, que falta não faria a ninguém. O povo sente é a necessidade de Judiciário respeitado, presente na vida dos cidadãos, a resolver, pronta e sabiamente, os conflitos de interesses que surgem no seio da sociedade. O Judiciário, entretanto, vem desaparecendo, minguando em importância e decaindo no respeito da comunidade. Tempo houve em que ditado popular mandava evitar embelecos com homens que usam saias: padres e juízes. Tudo mudou. Culpa cabe, em grande parte, a quem faz as leis deste país, muitas vezes movidos por interesses de ordem pessoal e fomes insaciáveis. Agora mesmo o Congresso vota o novo Código de Processo Civil, que andou servindo de trampolim para falsas eficiências mas ninguém cuidou de inserir, no Projeto, dispositivos e  mecanismos que cuidem do rápido andamento dos processos, na tentativa de afastar, da vida dos brasileiros, algo que anda a criar dificuldades para todos e desconfiança, cada vez crescente, na utilidade e seriedade do poder judiciário.

Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida.
 



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