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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A NOVA PRAGA BRASILEIRA

Hugo Navarro da Silva


“Justiça do Camisão que tome conta” já foi terrível praga no sertão da Bahia, não sabemos o motivo exato, se  a Justiça do atual município de Ipirá era implacável com os transgressores da lei, ou se as questões ali  nunca encontravam solução, atormentando as partes pelo resto da vida, mas o vaticínio era temido, assustando mais do que “praga de urubu”, que por algum metafórico artifício  da linguagem sertaneja camuflava outra expressão, a temida “praga de padre”, considerada mais perigosa do que “praga de mãe”, capaz de grandes estragos.
A praga, rogo às divindades para impor desgraças ao próximo, por qualquer motivo sério, pedido de punição que a religiosidade introduziu nos hábitos do povo, é coisa que vem da antiguidade. A pior, a mais eficaz, era a que se rogava na missa, no momento  da elevação da hóstia ou em certas horas mortas.
Praga, explica o Bluteau, deriva de palavra grega que tem o sentido de chaga, desgraça que se deseja “a pessoas, reinos e monarquias”. Os romanos a conheceram e lhe davam enorme importância ao invocar, contra os inimigos, a ira dos deuses.
Pragas estão na Bíblia, no Êxodo, o que leva a crer no seu uso pelos antigos hebreus. Moisés, irritado com o faraó e querendo a libertação dos hebreus, lançou tremendas pragas contra o Egito, todas decretadas por Iahweh, a começar pela praga dos gafanhotos, que talou as plantações, não poupou sequer a grama, e terminou com a morte de todos os primogênitos. Os hebreus, libertados e eufóricos, despojaram os egípcios de todos os bens de valor, ouro, prata e gado, em episódio que a Bíblia chama de espoliação, mas demonstra que o roubo pode ter inspiração divina.
No mundo moderno a praga associou-se ao baixo espiritismo como ferramenta de adivinhos, parte da magia, e ampliou seu elenco de malefícios, chegando aos enguiços, que atrapalham a vida da pessoa, bloqueando qualquer possibilidade de progresso; aos quebrantos, que provocam desânimo e acabam com o sujeito e às infestações, em que forças espirituais negativas, os “espíritos de porco”, tomam conta da vítima, pode ser pessoa, lar ou comércio,  que infestados de maus espíritos  marcham rapidamente para a ruina que  conseguem evitar com algumas manobras e despesas, nem sempre pequenas, em que se incluem rezas, velas e outras exigências rituais. Nestes casos, entretanto, a praga migra para o terreno da feitiçaria e da adivinhação de que, aliás, muita gente vive, às vezes  aparecendo no noticiário policial com golpes capazes de fazer inveja aos mestres do vigarismo nacional e estrangeiro.
A praga tornou-se, no decorrer dos tempos e das mudanças, costume arraigado no seio da sociedade.  Vai sofrendo transformações mas conserva  linhas originais, sempre  motivada pelo desejo de vingança e de represália, variando de forma, apenas, conforme   o grau de aprovação moral do grupo social em que se manifesta.  Pode, entretanto, assumir feição de crítica ou reprovação quando o povo não encontra meios de se manifestar livremente.
Ora, o governo, em seu vasto esquema de tapeações, de que sobrevive,   criou programa para dar mais médicos ao país, em cujo miolo está a importação de três mil esculápios cubanos, muitos dos quais já se encontram em atividade, receitando Dipirona, demonstração de que ou a ilha do Cuba tem fábrica de médicos e é necessários exportá-los, ninguém sabe com que missão, salvo a específica, de exercer a Medicina, ou se o governo brasileiro tem acordos sinistros e secretos com os irmãos Castro, que julga imperioso cumprir.
De uma forma ou de outra, com Dipirona ou sem ela, com festivas homenagens encomendadas ou com a reprovação e as desconfianças gerais, o povo criou nova praga que já anda circulando nas ruas: “Médico cubano que te cure!”
Afirma-se que da nova praga ninguém escapa vivo.

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