Hugo Navarro Silva |
Setores merecedores de alguma atenção mostram-se cada vez
mais preocupados com os incertos rumos por onde se vai embarafustando o país,
cujo governo encontra, sempre, motivos mais ou menos fantasmagóricos para os
gravíssimos problemas nacionais que se vão acumulando a cada dia.
Ora é a crise econômica internacional, ora é a queda ou a
subida do Dólar entre tantas outras desculpas sem sentido, mas o fato
inconteste é que a preocupação existe e tem suas razões.
Apesar da vasta, onerosa e panglossiana propaganda
governamental, de que tudo vai bem no melhor dos mundos, o brasileiro assiste à fuga dos capitais estrangeiros, em grande
parte devido à instabilidade
nacional, à idiossincrasia
governamental aos recursos que vêm de fora, mas, principalmente ao excesso de
tentativa de controle sobre os serviços públicos, velho sonho esquerdista, que
multiplica dificuldades e burocracia e aumenta, substancialmente, entraves
propícios ao crescimento da indisfarçada onda de corrupção que hoje é marca
registrada do país, tudo ampliado pela falta de investimentos nos serviços
públicos e se resume em recente documento de funcionário municipal da cidade de
São Paulo, sobre prédio que desabou, recentemente, matando e ferindo vários
trabalhadores. O funcionário escreveu, em laudo de inspeção, que a obra estava
embargada, mas continuava mediante acerto na Prefeitura. Foi demitido conforme
afirma o noticiário.
Faltou, nas manifestações populares de junho, cartazes
contra a crescente burocracia dos serviços públicos, sempre multiplicados e
lotados de funcionários, alguns dos quais somente para criar entraves à
iniciativa privada e tirar proveitos ilícitos que vão de simples garrafa de
whisky a milhões, em dinheiro, variando conforme o valor do empreendimento e a
importância do servidor. Essa praga está disseminada em todo o território
nacional. As passeatas condenavam o excesso de gastos públicos e o buraco que o
governo, com os seus trinta e nove ministérios, vai cavando para enterrar o
povo, mostrando indignação em gigantescas passeatas, que serviram, apenas, para
assustar os políticos do governo, que poucos meses depois tentaram, na Câmara
dos Deputados, salvar os condenados do mensalão, conservando o mandato do
deputado Donadoni, condenado pelo Supremo Tribunal Federal pela prática de
crime de corrupção, manobra que a
realidade demostrou ter sido mais do que
erro. Foi recado à nação brasileira de que meter a mão nos dinheiros públicos,
a roubalheira, é parte inalienável dos direitos dos eleitos. Felizmente o
Supremo andou a adotar panos quentes e a grita popular foi tão forte que a própria Câmara já se
mostra inclinada a reformular a doutrina esposada por sua maioria, a da
incondicional e livre rapacidade.
Passadas as grandes manifestações de junho, outras
apareceram com menor número de participantes, mas a despertar suspeitas e
outras preocupações. Sindicatos convocaram uma paralização geral e bandeiras de
partidos começaram a aparecer com os encapuzados a quebrar equipamentos
públicos, incendiar veículos de emissores de televisão mas, principalmente, a
destruir agências bancárias, principais alvos desses criminosos, despertando a
atenção, entretanto, o fato de que as autoridades tiveram o cuidado de proibir,
à polícia, o uso de armas, bombas de gás
e spray de pimenta, valendo salientar
que no Rio de Janeiro promotores públicos foram designados para fiscalizar a
ação dos policiais no trato com os desordeiros, que puderam agir livremente,
arrebentar tudo e furtar o que lhes aprouvesse, diante de policiais inermes e
ameaçados de processo criminal.
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