MOACIR COSTA CERQUEIRA
Santanopolitano, membro da Academia Feirense de Letras.
Este fato, ocorreu mais ou menos entre 1951/1953(não
houve precisão da fonte) foi testemunhado por muita gente e a informação era de
que abalou a população desta cidade e foi assunto predominante na Imprensa
falada e escrita. Caso de família, ganhou notoriedade quando um rapaz, já
maduro, passou a dever a honra de uma jovem com quem namorava há longo tempo e
manifestava constantes promessas de casamento, o que não aconteceu porque o
rapaz praticou o ato de desonra e resolveu desaparecer deixando profunda
decepção para a moça e sua família. Pai, irmãos e tios juraram vingança em
qualquer tempo.
-
Chegou a hora de você acertar contas com a nossa família, “cabra safado”.
Desnorteado diante dos parentes da moça, ali
irritados e ameaçadores, Maneca quis saber o que queriam que fizesse.
-
Vamos leva-lo à delegacia onde tem uma queixa registrada e mandado de prisão
para você.
-
Está bem – aquiesceu o acusado já bastante nervoso e assustado. Saíram em
direção à praça, ele na frente e quando atravessaram com destino à rua da
delegacia, o sujeito deu uma guinada para o lado e saiu em desabalada carreira
debandando em retorno na direção do antigo prédio na esquina da praça João
Pedreira com a avenida Senhor dos Passos. Subiu a escada do prédio em largas
passadas, alcançando o primeiro andar, entrou na sala à esquerda que era
escritório de um advogado seu amigo.
Ao
se desvencilhar e sair correndo, ouviu-se do grupo que o conduzia gritos de:
-
Pega ele aí, pega, pega.
Havia
a movimentação de muitas pessoas na rua e logo se ouviu também gritos de:
-
Pega ladrão, pega ladrão, pega.
Isto
contribuiu para ajuntar muita gente, muitos curiosos querendo saber o que
estava ocorrendo. Mas o grupo que o conduzia na rua, após sua fuga, chegou em
seguida e invadiu o escritório em busca do fujão. Houve confusão, insultos e o
advogado tentava controlar a situação propondo que todos se acalmassem.
O
grupo de familiares não se conformava e buscava explicar para o advogado que
estavam conduzindo o sujeito à delegacia onde havia queixa registrada e um
mandado de prisão esclarecendo sobre os motivos daquela ação.
Os
ânimos permaneceram exaltados. O prédio antigo dispunha de portas com
parapeitos de grade de ferro à altura da cintura.
A
confusão generalizou-se com empurrões, socos e xingamentos. Ocorreu, contudo, o
inesperado; o rapaz despencou da porta/janela, de considerável altura e caiu
estatelado no passeio diante dos olhares de um aglomerado de pessoas ávidas
pelo desfecho do rumoroso caso.
Meia
hora depois chegou a Polícia questionando sobre o ocorrido. O pai e irmãos da
moça, com apoio de amigos, falavam para o Delegado que conduziam o rapaz para a
delegacia onde há queixa e mandado de prisão, quando ele fugiu em desabalada
carreira e chegou até o escritório do advogado e não resistindo à pressão
atirou-se lá de cima.
Um policial aproximou-se e informou
ao Delegado que a “vítima” ainda dava sinais de vida, tendo sido orientado que
chamasse uma ambulância. O Delegado então intimou o pai e os irmãos da moça
para comparecerem à delegacia afim de formalizar seus depoimentos inclusive
porque corria rumores de que o rapaz havia sido empurrado para baixo. Queria
ouvir testemunhas. Maneca foi levado para o hospital. Nos dias seguintes ao
fato, as informações eram desencontradas; diziam que havia morrido, mas
falava-se também que quatro dias depois de internado levantou-se e sorrateiramente
saiu do hospital e fugiu mais uma vez sem deixar rastro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário