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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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segunda-feira, 28 de março de 2022

A HISTÓRIA DO NOIVO FUJÃO


 MOACIR COSTA CERQUEIRA

Santanopolitano, membro da Academia Feirense de Letras.


Este fato, ocorreu mais ou menos entre 1951/1953(não houve precisão da fonte) foi testemunhado por muita gente e a informação era de que abalou a população desta cidade e foi assunto predominante na Imprensa falada e escrita. Caso de família, ganhou notoriedade quando um rapaz, já maduro, passou a dever a honra de uma jovem com quem namorava há longo tempo e manifestava constantes promessas de casamento, o que não aconteceu porque o rapaz praticou o ato de desonra e resolveu desaparecer deixando profunda decepção para a moça e sua família. Pai, irmãos e tios juraram vingança em qualquer tempo.

     Passado o período suficiente para que nascesse a criança, um amigo da família foi ao local de trabalho do irmão mais velho da ex-donzela, chamando-o à parte, passou-lhe a informação de que vira o “sujeito” no bar da rua lateral do Mercado Municipal. Pedro, o irmão mais velho, solicitou ao patrão dispensa para ir resolver uma emergência familiar. Pediu ao portador da informação para chamar seu pai e os dois irmãos. A eles juntaram-se dois amigos e dirigiram-se resolutos ao bar onde encontraram o cara tomando pinga e conversando com os demais presentes. Quando o grupo chegou, o mais velho dos irmãos, dirigindo-se ao fujão, que se chamava Maneca, foi logo, em voz alta, dizendo:

              - Chegou a hora de você acertar contas com a nossa família, “cabra safado”.

Desnorteado diante dos parentes da moça, ali irritados e ameaçadores, Maneca quis saber o que queriam que fizesse.

              - Vamos leva-lo à delegacia onde tem uma queixa registrada e mandado de prisão para você.

              - Está bem – aquiesceu o acusado já bastante nervoso e assustado. Saíram em direção à praça, ele na frente e quando atravessaram com destino à rua da delegacia, o sujeito deu uma guinada para o lado e saiu em desabalada carreira debandando em retorno na direção do antigo prédio na esquina da praça João Pedreira com a avenida Senhor dos Passos. Subiu a escada do prédio em largas passadas, alcançando o primeiro andar, entrou na sala à esquerda que era escritório de um advogado seu amigo.

              Ao se desvencilhar e sair correndo, ouviu-se do grupo que o conduzia gritos de:

              - Pega ele aí, pega, pega.

              Havia a movimentação de muitas pessoas na rua e logo se ouviu também gritos de:

              - Pega ladrão, pega ladrão, pega.

              Isto contribuiu para ajuntar muita gente, muitos curiosos querendo saber o que estava ocorrendo. Mas o grupo que o conduzia na rua, após sua fuga, chegou em seguida e invadiu o escritório em busca do fujão. Houve confusão, insultos e o advogado tentava controlar a situação propondo que todos se acalmassem.

              O grupo de familiares não se conformava e buscava explicar para o advogado que estavam conduzindo o sujeito à delegacia onde havia queixa registrada e um mandado de prisão esclarecendo sobre os motivos daquela ação.

              Os ânimos permaneceram exaltados. O prédio antigo dispunha de portas com parapeitos de grade de ferro à altura da cintura.

              A confusão generalizou-se com empurrões, socos e xingamentos. Ocorreu, contudo, o inesperado; o rapaz despencou da porta/janela, de considerável altura e caiu estatelado no passeio diante dos olhares de um aglomerado de pessoas ávidas pelo desfecho do rumoroso caso.  

              Meia hora depois chegou a Polícia questionando sobre o ocorrido. O pai e irmãos da moça, com apoio de amigos, falavam para o Delegado que conduziam o rapaz para a delegacia onde há queixa e mandado de prisão, quando ele fugiu em desabalada carreira e chegou até o escritório do advogado e não resistindo à pressão atirou-se lá de cima.

            Um policial aproximou-se e informou ao Delegado que a “vítima” ainda dava sinais de vida, tendo sido orientado que chamasse uma ambulância. O Delegado então intimou o pai e os irmãos da moça para comparecerem à delegacia afim de formalizar seus depoimentos inclusive porque corria rumores de que o rapaz havia sido empurrado para baixo. Queria ouvir testemunhas. Maneca foi levado para o hospital. Nos dias seguintes ao fato, as informações eram desencontradas; diziam que havia morrido, mas falava-se também que quatro dias depois de internado levantou-se e sorrateiramente saiu do hospital e fugiu mais uma vez sem deixar rastro.   



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