Símbolos do Santanópolis

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

terça-feira, 21 de setembro de 2021

AMORIM, NASCEU SEM NINGUEM VER E MORREU SEM NINGUEM VER*

Lélia V. F. Oliveira
Santanopolitana
 LÉLIA VITOR FERNANDES OLIVEIRA - Perfil
 

     Joselito Falcão Amorim, apesar do título, teve uma vida notável como diz a publicação que estamos tirando o trecho abaixo: “UMA LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA”.             Propiciou dois livros, um romance  do escritor Jailton Batista e esta biografia de autoria da historiadora Lélia Fernandes, também postagem no blog: "Amorim um sobrevivente" .

    Do livro de Lélia Vitor F. Oliveira:

Livro da historiadora Lélia Vitor
Fernandes Oliveira 
    "O surgimento dessa criança provocou um grande alvoroço na cidade. Grande escândalo, fazendo com que dias depois Deolinda Marques Falcão fosse levada para o Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, em Salvador, de onde só saiu para o túmulo, em 1933. Dizem que foi uma das maiores concentrações na estação da Ferrovia Leste Brasileiro, que se localizava no fundo da Catedral Matriz, pois uma multidão de curiosos queria ver o seu embarque.

Durante o período em que Deolinda permaneceu no convento, D. Esméria, levou a criança por duas oportunidades, para que ela o conhecesse, mas ela se recusou a recebê-lo. Por outro lado, a família Falcão, por sua vez, com a sua vaidade e orgulho, sentiu-se ofendida, daí se omitir a dar qualquer apoio à criança. Basta dizer que com a morte de sua avó materna, Severiana Marques Falcão, em 1949, sequer Joselito, com 30 anos, foi incluído no inventário, ocorrência esta que não reivindicou."

    A única lembrança que Joselito Amorim guarda da sua “mãe do ventre” foi esta carta, que ela endereçou à sua mãe adotiva:

Bahia, 28 de Setembro de 1920

Amiguinha Esméria

Abraço-te carinhosamente desejando que esta te encontre com saúde bem assim a todos que te são caros.

A tua missiva veio trazer-me o consolo de que não me esqueces e será sempre a mesma, também não te esqueço, jamais poderei deixar de ser grata diante dos inúmeros favores recebido da tua pessoa. Como vai Amorim? Os teus pequenos?

Amalia disse-me que ias mandar o retrato do teu Joselito, porque não algum mandastes? Queria ver se é realmente engraçado como dizes.

Esmeria, quando pretendes dar um passeio aqui? Só assim poderás nos ver-me, pois é uma cousa bem difícil eu sahir daqui, só mesmo se N. S. achar que é bom, pois nada sei, peço a Elle que faça o que for melhor, que me dê resignação com a Sua vontade, o mundo nos engana tanto e depois achamos consolo nos abandona para sempre; só nElle e remédio para os nossos males; não fico triste ao contrario chego-me mais para N. S. Adalberto passou quinze dias aqui não veio me ver, veja se não tenho razão de sobra para entristecer-me, enfim a vida é sempre assim.

Que saudade sinto dos meus! Que falta da minha carinhosa mãezinha! Quanto mais dias passão mais falta cila me faz, principalmente nos momentos que me vejo em alguma dificuldade, poi não ignoras que em toda parte temos momentos difíceis e nestes surgem recordações dos dias em que juntos dos nossos, considerava-me inteiramente feliz.

Madre Maria da
 Conceição

Estou bem-disposta com minha vida, acostumada, contudo, prompta a fazer o que foi mandado por minhas Superioras, pois não tenhjo gosto espero pela vontade de N. S. faças o que Elle quer.

Recomendações aos conhecidos, lembranças a Amorim, abrace os pequenos e a ti um saudoso abraço de tua prima e amiga e comadre.

Diú"

*Nota do Blog: O Avô de Amorim, Manoel Falcão, indignado com a gravidez da filha, Deolinda, colocou-a em “cárcere privado” (hoje crime). Nascida a criança, foi entregue à lavadeira/parteira para que desse um fim. Cento e um ano depois, morreu de covid-19, sendo enterrado sem velório e enterro solene, só com a funerária.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Filme do Santanopolis dos anos 60