Lélia V. F. Oliveira Santanopolitana |
Joselito Falcão Amorim, apesar do título, teve uma vida notável como diz a publicação que estamos tirando o trecho abaixo: “UMA LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA”. Propiciou dois livros, um romance do escritor Jailton Batista e esta biografia de autoria da historiadora Lélia Fernandes, também postagem no blog: "Amorim um sobrevivente" .
Do livro de Lélia Vitor F. Oliveira:
Livro da historiadora Lélia Vitor Fernandes Oliveira |
Durante o período em que Deolinda permaneceu no convento, D.
Esméria, levou a criança por duas oportunidades, para que ela o conhecesse, mas
ela se recusou a recebê-lo. Por outro lado, a família Falcão, por sua vez, com
a sua vaidade e orgulho, sentiu-se ofendida, daí se omitir a dar qualquer apoio
à criança. Basta dizer que com a morte de sua avó materna, Severiana Marques
Falcão, em 1949, sequer Joselito, com 30 anos, foi incluído no inventário,
ocorrência esta que não reivindicou."
A única lembrança que Joselito Amorim guarda da sua “mãe do ventre” foi esta carta, que ela endereçou à sua mãe adotiva:
“Bahia, 28 de
Setembro de 1920
Amiguinha Esméria
Abraço-te
carinhosamente desejando que esta te encontre com saúde bem assim a todos que
te são caros.
A tua missiva
veio trazer-me o consolo de que não me esqueces e será sempre a mesma, também
não te esqueço, jamais poderei deixar de ser grata diante dos inúmeros favores
recebido da tua pessoa. Como vai Amorim? Os teus pequenos?
Amalia disse-me
que ias mandar o retrato do teu Joselito, porque não algum
mandastes? Queria ver se é realmente engraçado como dizes.
Esmeria, quando
pretendes dar um passeio aqui? Só assim poderás nos ver-me, pois é uma cousa
bem difícil eu sahir daqui, só mesmo se N. S. achar que é bom, pois nada sei,
peço a Elle que faça o que for melhor, que me dê resignação com a Sua vontade,
o mundo nos engana tanto e depois achamos consolo nos abandona para sempre; só
nElle e remédio para os nossos males; não fico triste ao contrario chego-me
mais para N. S. Adalberto passou quinze dias aqui não veio me ver, veja se não
tenho razão de sobra para entristecer-me, enfim a vida é sempre assim.
Que saudade sinto
dos meus! Que falta da minha carinhosa mãezinha! Quanto mais dias passão mais
falta cila me faz, principalmente nos momentos que me vejo em alguma dificuldade, poi não
ignoras que em toda parte temos momentos difíceis e nestes surgem recordações
dos dias em que juntos dos nossos, considerava-me inteiramente feliz.Madre Maria da
Conceição
Estou bem-disposta com minha
vida, acostumada, contudo, prompta a fazer o que foi mandado por minhas Superioras,
pois não tenhjo gosto espero pela vontade de N. S. faças o que Elle quer.
Recomendações aos conhecidos,
lembranças a Amorim, abrace os pequenos e a ti um saudoso abraço de tua prima
e amiga e comadre.
Diú"
*Nota do Blog: O Avô de Amorim, Manoel Falcão, indignado com a gravidez da filha, Deolinda, colocou-a em “cárcere privado” (hoje crime). Nascida a criança, foi entregue à lavadeira/parteira para que desse um fim. Cento e um ano depois, morreu de covid-19, sendo enterrado sem velório e enterro solene, só com a funerária.
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