Símbolos do Santanópolis

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 15 de maio de 2020

TÓPOS E KRONOS II

RONALDO SENNA - Antropólogo, escritor, professor aposentado: Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e Universidade Federal da Bahia (UFBA). Universidade Católica de Salvador (UCSAL).




Por mais que pareça fatal
O que o futuro nos espera,
A dúvida surge, afinal,
No centro da nossa tela.
Vendo se assemelhar no horizonte
O que sugere fenômenos parecidos,
Pensamos brotar, da mesma fonte,
A construção dos mesmos tecidos.
Mas a realidade se revela
Como tintas de aquarela
Em seu próprio caminhar.

De forma brusca ou sincera
Ela própria se acautela
Quando quer se manifestar.

PRISMAS DA SILHUETAS DO SOCIAL

A sociedade constrói os seus próprios mecanismos de funcionamento, complexidades, cortes, quebras de referências e traumas. É o homem vivendo e vivenciando as suas histórias e por elas sendo construído, direcionado, ressignificado e, como consequência, plantando e colhendo determinações.
O mito dá sentido à existência do mundo, do homem e do homem no mundo. O ritual consolida o projeto da vida humana sendo vivida, aqui e agora. Os códigos organizam e administram os dois e, da interação dessa trialidade, nascem as faces mais visíveis dos sentimentos.
Os estudiosos do social sabem que inexistem - porque inteiramente impossível de acontecer -, tanto uma cultura que não se assente sobre mitos, como uma sociedade em que não haja rituais. Os dois constroem e desconstroem as noções de tempo, espaço, ordem, desordem e tudo mais que for necessário para evitar o caos.
Com a modernização dos transportes e consequente aumento da velocidade, o espaço se contrai ou se dilata, dependendo da observação daquele que o usa. O termo longínquo, por exemplo, está em franco desuso, enquanto perto e longe depende, sempre, da continuidade ou descontinuidade das visitas a locais determinados.
A sensação do tempo que passa é mais rápida ou vagarosa, a depender do prazer ou da dor que um determinado evento existencialmente proporcione. O prazer comprime o tempo, a dor o dilata. O prazer alarga o espaço, a dor o reduz. Necessitamos inventar vários tipos de passado, contraditórias formas de presente, incongruentes projeções de futuro. Ou fazemos tudo isso ou não conseguiremos administrar o nosso espaço, grande demais para o nosso corpo, muito pequeno para os nossos sonhos.
Essas reflexões, até agora elaboradas, nos fazem ver que o homem é um construtor. Construtor da vida e da morte. Como a vida se faz por etapa, por etapa se fará também a sua história. E o passado reinventado na tentativa incessante da eterna busca das origens. Essa reorientação coloca o presente no reino da luz e o passado no mundo das trevas.
Os deuses do passado são os demónios da presente. Assim, podemos colocar um duplo processo na ação humana, que seria o resgate da cultura posta e no retrabalhar constante em sua prática religiosa, o que se confunde com o próprio sentido da existência: o seu património de significados - a reinvenção de uma nova continuidade cultural.
O sentido da coerência, o desejo da conservação, a elaboração das sequências e quaisquer outros elementos de cultura presentes na construção do tempo significam, sempre, viver um determinado legado, ou seja, um estipulado perfil do espaço que perpassa de uma face do tempo para outra.



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