Fernando Sousa Ramos, nasceu em Feira de Santana em
25 de outubro 1931, filho de Hildebrando Ramos dos Santos e Celina de Souza
Ramos.
Estudou o curso primário na Escola João Florêncio, no Colégio Santanópolis cursou os dois
primeiros anos do curso de ginasial (1944-1945), advogado; jornalista, tinha
uma coluna de crítica musical no jornal “Folha do Norte”; escritor, grande
romancista premiado.
Os dois principais livros do escritor feirense
Fernando Ramos, são os romances "Os Enforcados" e "O Lobisomem
de Feira de Santana", edições de 1970 e 2002. As duas publicações têm capa
do artista plástico Juraci Dórea (foto ao lado).
Em "O Lobisomem de Feira de Santana", o
escritor Fernando Ramos coloca o povo de Feira de Santana como protagonista do
romance, que se passa em 1945, sendo ele próprio um dos personagens, Fernando
Espírio, assim como sua irmã, Hortênsia Ramos, a Hortencinha das Tranças.
No round (capítulo) 14, está contido: "Dizem
que Fernando Espírito tem esse apelido dado pelo inquieto estudante João Macêdo
(botador de apelido), porque o pai era espírita, acomodando pessoas numa sala,
incluindo o coletor Maneca Ferreira, em sessões noturnas. O filho, com 13 anos,
nem queria saber de sessões, mediunidades, tempestuosos perturbados. (...).
Fernando recebeu o apelido de Raimundo Cordeiro, na Escola João Florêncio, do
curso primário, que dizia ser ele "o Espírito de Will Eisner, espetacular
desenho americano das histórias em quadrinhos".
Prêmio literário da Secretaria de Educação e
Cultura do Estado da Bahia, Prêmio Jorge Amado, ano 1968, "Os
Enforcados", foi editado em 1970. O escritor baiano (de Itajuípe) Adonias
Filho (1915-1990), um dos participantes da comissão julgadora, considerou (como
está na contra-capa do livro): "Este romance é de alta qualidade
literária, e há muito tempo não vejo obra de tão grande valor".
Na apresentação de "Os Enforcados", o
autor Fernando Ramos diz: "Este romance com protagonistas fictícios se
passa em Santa Brígida e localidades circunvizinhas ao Nordeste da Bahia, onde
cavalgaram Lampião e seus cangaceiros. A ação decorre de 2 de setembro a 7 de
outubro de 1966 (Santa Brígida não tinha ainda luz elétrica), obedecendo a um
tempo cronológico e a uma coincidência de fatos, na caatinga".
Ele finaliza a apresentação, afirmando: "Antes
de tudo, é um romance dramático e irreal num ambiente real".
Tem verbetes inclusos no Dicionário Aurélio. Está
registrado na "História Crítica da Literatura Brasileira: A Nova
Literatura”, do romancista piauiense Assis Brasil, Companhia Editora Americana
do Rio de Janeiro, 1970.
Em 1969, seu romance "O Demônio" recebeu
o Prêmio Jorge Amado, do Governo da Bahia. Em 1996, lançou o romance
"Uauá, Glória, Tramas e Pistoleiros", pela Editora BDA Bahia. Na
revista "Sertão", em 1955, com seleção de Olney São Paulo, teve o
conto "O Clunâmbulo de Monte Santo" publicado.
Em 1969, participou da antologia "Doze
Contistas da Bahia", com seleção e introdução de Antônio Olinto, pela
Editora Record. Em 1978, participou da antologia "Dezoito Contistas
Baianos", edição da Prefeitura da Cidade do Salvador.
Fernando Ramos também foi ator - fez um "homem
sinistro" - no primeiro filme feirense e do interior da Bahia, o
curta-metragem "Um Crime na Rua", realizado em 1955, por Olney São
Paulo. Também atuou como assistente de direção deste filme e de "Grito da
Terra", em 1964, primeiro longa-metragem de Olney São Paulo.
Fernando Ramos foi ainda um dos fundadores da
Associação Cultural Filinto Bastos, em 1956, junto com Olney, que contava que
ele "saía se escondendo (das reuniões) para comer 'passarinha' com
pimenta". Nessa época, ele chamava Olney para contar uma idéia de um
romance, "O Chamado das Longínquas Caatingas", que mais tarde virou
conto e que ele esperava virar filme. Tempo também em que se reuniam em noites
de prosas, contando sonhos e projetos, em um bar em frente do prédio da Prefeitura.
Quando o jornalista Dimas Oliveira editava o jornal
"Feira Hoje", entre 1992 e 1993, publicou capítulos do livro (ainda
inédito) "Meu Nome É Vargas", escrito em 1982 em folhetim.
No capítulo 177 (publicado no "Feira
Hoje" em 7 de fevereiro de 1993), o romancista trata sobre o Cine Santana
e faz referência aos "cinéfilos Dimas Oliveira e José Elmano
Portugal":
"(...) Relampeou que dávamos atenção a filme
de segunda, ele (José Elmano) precipitava a visão para os de primeira, para a
magia do claro-escuro: Otelo, O Gabinete do Dr. Caligari. Nada de Charlie Chan.
Gostava do filmaço moderno 2001: Uma Odisséia no Espaço, e da atmosfera irreal
da imagem conjugada com o monólogo interior: Hamlet. No entanto, Dimas
Oliveira, grande entendido, se internava no Cidadão Kane de Welles, o maior
filme, com que a montagem galopou bem".No capítulo 224 (publicado em 4 de
abril de 1993) , outra referência a Dimas Oliveira:
"A luz cega-me os olhos, me magnetiza, quando
tento decifrar palimpsesto da Idade Média, pertencente ao metteur-en-scène
Dimas Oliveira, o maior conhecedor da sintaxe do filme de arte desta cidade.
Execro luz forte, que atrai mariposas. Prefiro o abajur de luz fraca ao
escrever, como este aqui. (...)".
Quando Fernando Lysesfrank Sousa Ramos ainda morava
em Feira de Santana - estava residindo em Salvador -, tinha muito contato com
ele, em encontros no casarão da família, na então praça da Matriz, hoje praça
Monsenhor Renato de Andrade Galvão, para falar de Feira de Santana, literatura
e cinema - gostava muito ("Não sei o que seria de minha infância se não
fosse o Cine Santana. Ele foi tudo para mim. Eu não tinha para onde ir").
Fernando faleceu em falecido no dia 23 de março de
2008, com 76 anos.
Fonte: a principal parte deste perfil, foi publicado no "Blog Demais", 23 de junho de 2017, Dimas Oliveira,
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