Evandro J.S. Oliveira |
Toda minha infância e parte da
juventude, passei férias de fim de ano com meus avós,
em Itaberaba e na fazenda “Cágados”,
era uma delícia. A casa grande fica na praça da matriz, junto a ela meus avós
tinham uma carreira de casinhas, três delas davam o fundo para o quintal da casa
grande, estas destinavam-se aos netos quando de férias de fim de ano, só podíamos
dormir nas casas anexas quando completavamos 12 anos, era o máximo, valia o
sacrifício da viagem.As Marinetes da Empresa de Izaltino |
A viagem para Itaberaba: A marinete (antigo ônibus), foto ao lado, que fazia a linha Salvador
– Rui Barbosa, era um veículo de gente andar
dentro, na década de 40 não tinha nenhum conforto, mas já era um
grande avanço, vale a pena descrever esta evolução.
Ponte Rio Branco na estrada que ligava Feira de Santana ao Sertão |
Nesta época não tinha linha de marinetes para todas as cidades do interior, o transporte
era de caminhão, pau de arara[1]
para grandes eventos ou migrações para outros estados. No dia a dia
era viajando em cima da carga do caminhão ou pagando um preço mais caro na boleia (cabine do caminhão). O nordestino, povo criativo,
vendo que o negócio de vender passagem na boleia era bem
rentável, inventaram a cabine paraibana[2].
A marinete saia de Salvador às sete horas, passava em Feira nove e meia para
dez horas, quando não atrasava. Como era início das férias já chegava em Feira
lotada e na maioria das vezes sobrava o intermediário,
tábua no corredor da marinete entre os dois bancos. O veículo era um chassi de
caminhão com uma carroceria de madeira em cima de uma fobica[3].
Na década de 50 já tinha ônibus na linha de P.F.V. (Pedro Falcão
Vieira).
Foto antiga da "Baixa do Sapateiro", Salvador lado direito traseira de uma marinete. |
No outro dia os mais velhos
ficavam em casa se recuperando desta trajetória.
[1] Pau de arara, várias tábuas de um lado a
outro da carroceria para os passageiros sentarem.
[2] Carroceria Paraibana, cabine de madeira da largura da carroceria, sentavam o motorista e mais cinco passageiros,
depois evoluiu para a cabine dupla, cabendo o motorista e onze passageiros.
[3]
A origem do nome fobica, vem do automóvel Ford de 1929, inicialmente forbica.
Passou a significar fobica todo carro antigo, independente da marca, modelo ou ano.
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