Dival Pitombo Santanopolitano |
Ha qualquer coisa de maravilhoso e surpreendente no surto de progresso porque vai atravessando a Feira.
Ela já não é a cidade-garôta dos bairros liricos onde violões boemios enchiam de harmonias as noites de luar na mais adoravel simplicidade provinciana.
Já no encontramos aqui, aquele cunho de cidade sertaneja que a caraterizava.
Cresce e civiliza-se.
E’ como se uma fada a tocasse com a sua varinha magica e de um momento para outro tudo o que estava parado começasse a mover-se, crescer, colorir-se de uma vitalidade nova e verdadeiramente miraculosa.
Rasgaram-se avenidas, abriram-se escolas, estradas inumeras como longas «serpentes de jaspe» levaram aos quatro ventos, a lama de uma hospitalidade que já se ia tornando tradicional E a cidade foi perdendo rapidamente tudo o que ainda lhe restava do antigo povoado de D. Ana Brandôa.
As suas longas avenidas nada têm de provinciano, os seus parques outrora sombrios e melancolicos, estao inundados de luz; e a alegria radiosa da juventude das escolas forma como que uma aureola cintilante de Vida e de Graça.
Uma verdadeira febre de construção vai possuindo a população; e os bairros novos vão surgindo numa verdadeira sinfonia de côres tecendo uma moldura rica e graciosa na paisagem.
Ha os bairros operarios onde habita modestamente a classe pobre:-casinhas enfileiradas como um longo rosario colorido. Todas manhãs, o cortejo processional da gente para o trabalho. Movimento. O bom humor sadio do povo passando nas ruas embandeiradas de roupas secando ao sol. A noitinha sob a paz das estrelas, as sere natas tradicionais num lirico ambiente de aldeia.
O bairro comercial em movimento constante reflete o dinamismo do povo. Pratico, movimentado, ele é sempre a parte que concentra toda a vida ativa da cidade.
E por fim os bairros aristocraticos. As longas avenidas senhoriais marginadas de construções elegantes onde vive gente abastada.
Mudou muito a minha Feira. Não mais cidade adolescente e romantica sonhando diante dos crespúculos maravilhosos. Não mais simplicidade encantadora de sertaneja nova e inconciente de sua beleza. Cresceu. Estudou. Encheu-se de adornos e de ciencia. Ficou mais bonita talvez. Mas o teu poeta ó minha bela terra, já não poderia hoje chamar-te de “Cidade do Silencio e da Melancolia”.
Nota do Blog: O texto está reproduzido em fac-símile, daí não atualizarmos o o português.
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