Hugo Navarro Silva |
Um fato que está merecer a atenção dos historiadores locais, que
atualmente são muitos, é a Sabinada.
O presidente escolhido para governar o Estado Livre da Bahia, instituído
pela revolução separatista e republicana que eclodiu em Salvador, em 1837 e
passou à história com o nome de Sabinada era feirense, João Carneiro da Silva
Rego, que na ocasião se encontrava ausente, em viagem pelo exterior.
O movimento armado contou com o apoio da Câmara, do povo e da tropa da
Capital da Província. A Câmara, reunida em sessão, lançou as bases da nova
república, em sete artigos, proclamando no primeiro: “A Província da Bahia fica
inteira e perfeitamente desligada do governo denominado central, do Rio de
Janeiro, e considerada Estado livre e independente pela maneira como for
confeccionado o Pacto Fundamental que organizar a Assembléia Constituinte, que
deverá ser desde já convocada, precedida de eleição de eleitores na capital e
ao mesmo tempo proceder-se-á, por toda a Província, a eleição de eleitores que
elegerão a nova Assembléia para desenvolver as bases apresentadas pela
primeira. O número de deputados será de trinta e seis, conforme a declaração
feita”.
A Sabinada recebeu tal nome porque um dos seus principais chefes era o
Dr. Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira. Seus adeptos eram chamados de
“raposas”.
O Dr. Sabino teve vida atribulada. No dia 7 de novembro de 1833 foi
agredido pelo Alferes José Joaquim Ribeiro Moreira, na Praça do Palácio, quando
se dirigia à Faculdade de Medicina onde lecionava. Foi chicoteado pelo agressor
e o matou com um instrumento cirúrgico que levava na sua maleta de médico.
Preso, foi condenado pelo Tribunal do Júri, de Salvador, em 14 de junho
de 1834, a doze anos de prisão com trabalhos forçados.
Apelou da sentença. Submetido a outro julgamento, conseguiu a absolvição.
O Estado Livre da Bahia a princípio foi dirigido pelo vice-presidente
Honorato Paim, que tinha, por Comandante de Armas, Sérgio Veloso.
As forças revolucionárias, batidas em Salvador por tropas do governo imperial,
os “perus” como eram conhecidas, após duros e sangrentos combates, refluíram
para o interior, para o Recôncavo, e instalaram governo na Cachoeira, onde
novas batalhas foram travadas. A cidade ficou quase destruída pelo canhoneio e
pelos incêndios que se alastraram por todos os cantos.
Derrotados no Recôncavo, os soldados da Sabinada abrigaram-se em Feira de
Santana, onde contavam com a ajuda de inúmeros adeptos. Os últimos combates
foram travados em São José das Itapororocas, Humildes e São Gonçalo dos Campos.
O movimento terminou com a dispersão das forças revolucionárias por falta de
suporte bélico.
Hugo Navarro da
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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