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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 14 de junho de 2013

O BOTICÁRIO

Hugo Navarro Silva


Feira de Santana é terra de boticários famosos, que incorporaram o espírito de pioneirismo de nossa gente e contribuíram para o progresso deste pedaço de terra que se divide entre o sertão e o  recôncavo. Bafejada, hoje, pelos ares da modernidade, Feira talvez dificilmente  possa avaliar o que significou manter negócio de farmácia, ou qualquer outro, nos tempos em que ainda lutávamos contra a ignorância e o atraso generalizados, em que saúde pública só aparecia na época das grandes epidemias, médicos eram poucos,  labutando contra crendices populares, mezinhas e curandeiros. Hospital somente havia o da Santa Casa de Misericórdia, que sobrevivia às custas de subvenções, esmolas e serviços gratuitos de médicos e freiras   que faziam o trabalho da enfermagem.
Boticário vem de botica, vaso de barro vidrado ou de vidro, peça básica para a conservação de drogas, cheiros, unguentos, xaropes e beberagens salutíferas. O boticário, em certa época, era havido por cozinheiro dos médicos, porque cozia e temperava o que lhes era indicado nas receitas, o que desapareceu com a furiosa industrialização dos remédios e o surgimento dos grandes laboratórios internacionais, que acabaram com as farmácias de manipulação e passaram a vender remédios prontos e  acabados, geralmente de embalagem atraente como se fossem produtos de perfumaria.
Farmácias, nesta cidade, alcançaram enorme prestígio como a “Santana”, na esquina do Parque Bernardino Bahia, e a “Agrário”, na Praça João Pedreira.
O mais famoso boticário desta cidade foi João Barbosa de Carvalho, que chegou a ser prefeito do Município e conquistou certa aura de curandeiro e de santo que nunca errava.
João Barbosa saiu de Bonfim de Feira, onde tinha farmácia, para se estabelecer nesta cidade com o “Laboratório e Farmácia Agrário”. Trouxe vasta gama de formulas medicinais, que transformava em produtos de enorme aceitação e fama imbatível em toda a região sertaneja, como “A Saúde dos Meninos”, infalível contra verminose intestinal e o ”Zebuzol”, para animais, nome transformado em “Zebozó”, que serviu de apelido, desses que substituem o nome até à morte, de alguns viventes humanos.
Poucos os meninos dos tempos de João Barbosa que não foram obrigados a beber, pelo menos uma vez por ano, com suco de laranja, forçados a “resguardo”, trancados em quarto escuro, protegidos do vento, “A Saúde das Crianças”, com resultados infalíveis e salutares.
João Barbosa fabricava e vendia remédios para quase tudo e sua fama de farmacêutico conquistou de tal forma a confiança do povo, que havia pessoas que não se submetiam a tratamentos e não tomavam remédios, ainda que receitados por médicos, sem ouvir a opinião do mago da “Farmácia Agrário”, que desbravou terreno para o atual desempenho do comércio farmacêutico desta cidade, onde as farmácias  disputam espaço com os botequins e ninguém sabe quais os mais atraentes.
Feira, no começo da onda de crescimento que a projetou no cenário nacional, recebeu outro boticário que a haveria de conquistar. Não mais como manipulador de drogas, mas como grande empresário do ramo dos medicamentos, Onildo Silva, recentemente falecido, transformou-se, também, em mago do ramo da saúde, orientando, aconselhando, facilitando a aquisição de remédios aos mais pobres. Construiu um império hoje com mais de vinte lojas espalhadas na cidade, que é resultado de lutadores que enfrentaram e venceram dificuldades. Têm sido, eles, fatores de crescimento e de progresso de Município que agora descobre inimigos que o querem retalhar.

Um comentário:

  1. Outro Farmacêutico (boticário), também recentemente falecido foi Jônatas Teles de Carvalho, da Farmácia Meireles.

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