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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quarta-feira, 17 de abril de 2013

PATROCÍNIO – POETA

Hugo Navarro Silva


José do Patrocínio, o maior orador do movimento abolicionista, também foi republicano, escritor, jornalista, farmacêutico e poeta. Filho de padre (dizem que filhos de padre são bafejados pela sorte), teria idealizado a “guarda negra” para defender D. Pedro II.

Participou da redação da “Gazeta Métrica”, que circulou no Rio do Janeiro em 1877. Todas as matérias da “Gazeta” eram escritas em verso. Até os anúncios e as notas policiais:

São atribuídos a Patrocínio os seguintes:

“Devoto da gentil capoeiragem,

O preto Fabiano

Fez, ontem, piedoso, uma romagem,

Ao ventre do parceiro Caetano.

Houve grande algazarra

Do povo que gritava: agarra! Agarra!

Mas não se viu a sombra de um urbano.”

Comentando a grave Questão dos Bispos, que chegou a ameaçar a segurança do Império:

“Aviso – leiloeiro celebrado,

Por ordem do Sr. D. Frei Vital,

Fez leilão do bom senso universal,

De que não usa o ínclito prelado.”

A “Gazeta do Rio” de cuja redação participava o abolicionista Patrocínio, em 1901 publicou a seguinte notícia policial:

“Eram três da madrugada,

Quando os bonecos de engonço Zé Maria e João Afonso

Queriam rolo, talvez,

Com todos os transeuntes

Da Rua da Carioca.

Vem a guarda e os dois reboca,

Para o meio do xadrez”.

Escritor, Patrocínio sensibilizou-se com o drama de Mota Coqueiro, enforcado pelo crime de assassinato em erro judiciário de enorme repercussão, e escreveu livro em sua defesa, embora póstuma. Recebeu o troco de suas maldades, quando a imprensa estampou:

“Pobre do Mota Coqueiro.

Pobre do triste coitado.

Depois de preso e julgado

E à morte condenado...

Ser vendido e a bom dinheiro!

Ai, pobre dele, coitado,

Pobre do Mota Coqueiro.

Triste foi o tirocínio,

Da vida do desgraçado...

Mas, depois de sepultado,

Vir às mãos do Patrocínio,

É ser mal predestinado!

Então, escrito e escarrado,

Impresso, morto e enforcado,

Sofre o golpe derradeiro:

Vai pras lojas ser vendido,

E vendido a bom dinheiro...

Pobre do Mota Coqueiro,

Coitado dele, coitado!

Depois de morto, comprado!”

O diretor da “Gazeta do Rio”, Ferreira de Araújo, não foi poupado:

“Talento forte e robusto,

Jornalista consumado,

Tem um crime: é sustentar,

Tanto burro malcriado”.

Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida


 

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