Hugo Navarro da Silva |
O fim das campanhas eleitorais deixa saudades e um certo
vazio na economia. A luta eleitoral, por mais modesta que se mostre, movimenta
inumeráveis serviços, todos a custo de bons Reais. Eleições podem ser comparadas,
guardadas as necessárias conveniências e proporções, no terreno da economia, ao
Carnaval e à Micareta, que nem de longe, entretanto, chegam perto do número e
da diversidade de trabalhos e respectivas despesas exigidas pela política.
Daí que a notícia de eleição de chapa única, simples
exigência no caminho de posse mansa e pacífica, sem luta, esforço, sem despesas
e sem movimento financeiro, cumprindo, apenas,
burocrático, chato e improdutivo dever legal, não desperta entusiasmo e não inflama o
eleitorado, em boa parte abandonado e sem ter quem lhe vá pagar anuidades,
aquelas que lhe podem dar condição de voto. Não havendo luta não há interesse,
não há dinheiro e o eleitorado pode cair,
drasticamente, de número. Afinal, este é o Brasil que todos conhecem.
Ciente de que eleição é eficiente meio de produzir emprego e
renda, além de intensa movimentação comercial, o governo provavelmente cuidará
de incluí-la, em breve, na propaganda oficial como efetiva providência em prol do progresso do povo brasileiro, que longe do conformismo, dá alentadas mostras de
que está a caminho da reação contra o domínio dos mentirosos e dos mensalões,
principalmente no nordeste, que sempre se mostrou conformado com seu abandono e
sua penúria, fazendo parte de país que nunca se preocupou, de forma eficaz, com
as dificuldades nordestinas, entre as
quais o terrível e cíclico fenômeno das secas.
O nordeste, apesar de ver sangradas, permanentemente, para o
centro-oeste, suas rendas e o fruto do trabalho de seu povo heroico, nunca desfrutou
do prestigio que merece, no seio da pátria, dizendo sempre amém aos ditames do
poder central. Nunca soube, ao menos,
tirar proveito de suas desgraças, porque nunca teve voz firme e forte na defesa
de seus interesses e felicidade de seu povo sofrido. Jamais se valeu das
próprias fraquezas para crescer, como ocorreu nos Estados Unidos da América,
que após a arrasadora Guerra de Cessação ressurgiu como país mais forte e mais
unido, fato que se repetiu em dimensões incalculáveis após a “quebra” de 1929 e
a guerra de 39 a 45, em que a república
norte-americana sacrificou, em benefício do mundo e da liberdade, o seu capital
mais caro e mais importante, a sua juventude, mas ressurgiu, ainda lutando
contra os efeitos da crise econômica que abalou o mundo, como importante
potência militar e econômica, superando nações antes havidas por fortes, como a
França, que a guerra liquidou quando a França fez aliança com Hitler e até
judeus ajudou a levar aos campos de concentração.
No sempre conformado nordeste brasileiro, a luta contra os
efeitos da seca, sempre motivo de grandes e demoradas obras, todas simples
paliativos e motivos de denúncias de irregularidades, que não passaram das
manchetes dos jornais, repetiu-se, recentemente, com a badalada “transposição
do Rio São Francisco”, reprovada por muitos como inviável e inócua, e que até
agora não passa de balela, mais uma peta dos mentirosos e tapeadores, cujos
altíssimos custos, se ninguém pode calcular, não há condições de saber onde estão parando.
Nas últimas eleições, tudo indica, o nordeste dá sinais de
vida e da velha rebeldia que antes só de manifestava no cangaço. O povo nordestino começa a reagir contra os
enrolões da pátria? É o que esperamos.
Navarro
da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
Nenhum comentário:
Postar um comentário