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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

ANISTIA SALVADORA

Hugo Navarro Silva

O que no começo apenas eram sussurros sem origem determinada, boatos desses que surgem não se sabe de onde, nem porquê, notícias de que os protagonistas do mensalão  seriam salvos da cadeia aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo com a manobra de anistia, que poderia, em benefício da quadrilha, ser decretada  pela União, vêm ganhando corpo no noticiário, que não tem explicado, até agora, entretanto, se a iniciativa da anistia partiria da presidência da República ou do Congresso Nacional.
Anistia, que significa esquecimento do passado, é coisa velha no mundo. Teria sido usada por antigos gregos, desde os tempos de Solon, e pelos romanos para lançar olvido sobre certos crimes, extinguir processos e evitar condenações.
Historiadores contam que Tharasybulo, após expulsar os Trinta Tiranos, pediu ao povo que esquecesse o passado e evitasse atos de vingança. Em Roma, Bruto e Valério concederam anistia a todos os que apoiaram o rei Tarquínio. E os assassinos de Júlio César foram anistiados pelo Senado Romano quando Cícero invocou o exemplo de Tharasybulo.  Havia a “intercessio”, que livrava o criminoso mas não a obrigação de indenizar, a Lex Oblivionis e a “abolitio criminis”. Tornou-se até hábito dos governantes festejar suas datas particulares com a soltura de presos e o perdão de multas do fisco.
O hábito estendeu-se por toda a Idade Média com a outorga das chamadas Cartas de Remissio ou Cartas de Abolição, de que é exemplo a concedida aos considerados hereges, para tentar por fim às lutas religiosas doo século XVI.
Todos os tipos de perdão oficial, na Europa, passaram, posteriormente, a receber o nome de amnesteia, depois da Revolução Francesa concedidos pelo legislativo. O poder de anistiar foi reivindicado por Napoleão Bonaparte e Luiz XVIII, mas devolvido aos legisladores, pela República, que beneficiou, com a medida, todos os envolvidos no famoso Caso Dreyfus.
Nos Estados Unidos muitos dos envolvidos na Guerra de Secessão foram anistiados pelos presidentes Lincoln e Johnson.
No Brasil Império a anistia foi concedida em várias oportunidades em favor de participantes de rebeliões ocorridas em  diversas províncias e se estendeu à prática republicana como aconteceu com os envolvidos na Revolta da Armada e mais recentemente a todos os que participaram da luta revolucionária provocada pelo movimento militar de 1964.
É sempre recurso usado, hodiernamente, no interesse público, quando necessário pacificar a Nação e restabelecer a paz social. Não é algo que se faça por bondade ou caridade, seja a anistia absoluta ou relativa. Não é providência protecionista e, muito menos, partidária.
Tirantes os casos de anistia fiscal, o perdão sempre atinge os acusados de crimes políticos. É da essência do instituto.
Advertem modernos doutrinadores que anistia, medida extraordinária, não significa indulto e, muito menos, perdão. Tem o sentido de esquecimento de delitos praticados contra o Estado, os chamados crimes políticos, aqueles que se dirigem contra a estrutura  do Estado.
Afirmar que os delitos em virtude dos quais foram condenados os acusados do mensalão não passam de crimes políticos é querer zombar da opinião pública brasileira. É desejar que o povo vá novamente às ruas “bater panelas” e pedir a mudança de governo. É desejar o caos e a reedição da baderna.
Não acreditamos que o governo tome tal iniciativa, profundamente imoral, nem que parlamentares sejam capazes de defender semelhante ideia na defesa de criminosos comuns, que praticaram crimes comuns, pelos quais devem ser punidos.
Caso contrário melhor seria por uma placa no Brasil: “Pensão Familiar. Alugam-se quartos”.

Hugo Navarro Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
 
Hugo Navarro Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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