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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A POLÍTICA E A DIDÁTICA

Hugo Navarro Silva

A luta eleitoral passou. Eleitos, prefeitos e vereadores aguardam apenas o dia da posse para o início de novas atividades, ouvindo bater à porta a campanha de 2.014, o que coloca muita gente em palpos de aranha na tomada de posicionamentos dos quais se podem arrepender com o acirramento da luta partidária.
 Os eleitos, muitos deles leigos nos complexos meandros da coisa pública, sempre pejados de armadilhas criadas pelas virtudes e defeitos dos filhos de Adão, como a vaidade e a roubalheira, que podem alcançar extremos, estão a ponto de  deparar  duas enormes tarefas e  dificuldades não pequenas, a de exercer bem, de forma convincente e útil, o mandato popular, e enfrentar, até por força das obrigações da política, nova e vasta luta eleitoral, que envolve enorme gama de interesses  que vão da eleição para o Congresso e  de governadores à escolha do presidente da República. É tarefa de doido, de que muitos se safam e em que outros soçobram  nos tempestuosos mares das desditas  e destemperos humanos.
A luta eleitoral, repetida de dois em dois anos, mas sempre importante para o futuro do povo e da velha pátria estremecida, não deixando tempo para o eleito cuidar das obrigações ditadas pelo mandato, já foi vista como entrave para governantes e legisladores, permanentemente envolvidos nas manobras e malandragens partidárias.
É verdade que nestes trópicos inventamos pouca coisa e, muito menos, sistemas políticos, seara onde tudo é importado e aviltado. Já houve até quem afirmasse que o mecanismo constitucional, base, pelo menos teoricamente, da maioria dos regimes, funciona nas zonas temperadas. Onde a temperatura costuma ultrapassar os trinta graus centígrados, “as constituições se fundem e estalam”. E isto foi dito a respeito da Espanha!
Ruy Barbosa, tão indispensável para quem trata de política quanto a Bíblia para o crente, disse, em conferência, que “os governos podem ser transviados aos mais ruinosos erros pelas paixões que os desvairam, ou pelas facções que os exploram”. Evidente, neste passo o mestre mostrou-se extremamente sovina ao apontar os males que podem minar as bases de governo, que sempre foram muitos e hoje se multiplicam de forma quase infinita, os de dentro e os de fora.
O correto entendimento do que significa democracia não chega a todos. O exemplo da monarquia, a começar de D. João VI com sua corte a tomar o que bem entendia, no Rio de Janeiro, em 1808, sem protestos, seguido de imperadores, temido um e venerado o último pelo seu aspecto bondoso e hábitos moderados, fama de democrata, péssimos versos e aura de sábio, a tudo resolver, criaram sociedade em que se bajulava governo  desde a busca de paróquia rendosa para o filho padre à conquista de cadeira no parlamento. No mínimo, emprego de amanuense em ministério, muitas vezes condição imprescindível na conquista de matrimônio com a filha de qualquer sebento vendeiro português.  A isto seguiram-se amplas temporadas de regimes de exceção, ditadura pura e simples ou prolongado “estado de sítio”, que incutiram, com outros e variados motivos, inclusive a pletora de constituições atiradas ao lixo da História,  no brasileiro em geral, a ideia de que democracia é apenas uma palavra, não muda coisa alguma,  e  tudo  se resume ao desejo do poder, à audácia de alguns e à ambição  de cada um.
As eleições, de dois em dois anos, embora estabelecidas sem esta intenção, entretanto, têm salutar efeito didático sobre o povo sempre sofredor. Estão incutindo, pela repetição, no sentimento popular, o verdadeiro entendimento de democracia, o de que  o interesse público está acima de partidos e de conquistas  pessoais.
 
Hugo Navarro Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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