Hugo Navarro da Silva |
O povo depara-se, mais uma vez, com oportunidade de escolher
caminho nas eleições do dia sete. Muitos são os que ainda dizem que o voto é
“uma arma”. A nós não nos agrada a surrada expressão. Arma geralmente é
instrumento para ferir, intimidar, submeter, estabelecer domínio e, muitas
vezes, provocar horrores e gerar sofrimentos como os que são impostos,
atualmente, ao povo brasileiro pelo crime, organizado ou não, atuante e
ameaçador, que desafia as medidas e providências ditas salvadoras que governos adotam,
de última hora, para tentar enganar a opinião pública.
Com o sentido de
caminho para se conquistar ou fazer alguma coisa em benefício do povo, o voto
popular, neste país nunca teve o
significado que ostenta em outras terra, em que eleições, desde as
origens, sempre se revestiram de grande seriedade. Não é da tradição brasileira
levar a sério o voto, sujeito à
submissão ou mando de poderosos, quando não às campanhas de demagogos, caudilhos, antigamente oriundos das fronteiras do sul mas, agora, surgidos até do nordeste, em campanhas
ligadas à simples venda de votos ou promessa de recompensa, do que
ainda sobrevivem, mais do que resquícios, exemplos claros, quando se prometem,
publicamente, em troca do sufrágio, bens de uso pessoal pagos com dinheiro
público. Não há mais como aceitar esses métodos, piores do que o de prometer
dentaduras aos banguelas. Se pega o hábito brevemente teríamos a promessa de
distribuição gratuita de viagra aos necessitados e a construção de motéis
públicos para a satisfação da “ferrea necessitas” dos pobres.
Algo chama a atenção dos que procuram entender pelo menos um
pouco do Brasil. O folclore nordestino, rico na abordagem de quase todos os
fatos da vida do sertanejo como a valentia, o cangaço, a beleza feminina, o
casamento, o amor, a morte, o verso e a sanfona, não fala, quase, em política e
nos seus personagens, que evita como coisa proibida e perigosa, fora dos
costumes do povo, o que é sintomático.
Felizmente, o verdadeiro sentido do voto e o real valor da
livre escolha dos governantes mudou na
mente do povo deste Município, que hoje descobriu que eleição não é como disse
um escritor, “o privilégio de votar numa
pessoa escolhida por outrem”, simplesmente as mazorcas de que falava Ruy Barbosa para definir as
eleições da República Velha. O nosso povo descobriu que eleição não é a
esperança de satisfação de interesses pessoais ou subalternos, imediatistas,
mas esperança de paz, trabalho e
progresso no futuro, o que significa
tranquilidade e ganhos para toda
a população.
Diversos caminhos se oferecem ao povo feirense às vésperas
das eleições municipais. Um deles, mirabolante, bombástico, arrimado em
carcomidas figuras da República, a prometer sem limites, concretiza a velha mania de mentir e chaga a
se apresentar como demonstração
de mitomania, “tendência patológica à fabulação”, própria da mentalidade infantil.
Não haja dúvidas, entretanto. O velho conceito de eleição
mudou. Não é “mais o dia da onça beber água” de que antigamente se falava, com
o sentido de momento para resolver conflitos e lutas.
O dia de eleição é, hoje,
para a maioria do povo de Feira de
Santana, aquele em que se pode fazer opção por quem tem condições,
porque já testado, de garantir e fazer crescer tudo de bom que Município tem conquistado, realizar
governo responsável, sensato,
respeitável, trabalhador e sério, voltado para o futuro, capaz de incrementar, dentro do possível, o
progresso desta terra sem perder de
vista as dificuldades por que passa o
mundo inteiro, abandonando as falácias, frutos do delírio de quem se afasta da realidade para tentar vitórias na vida pública com enganos, fantasias e cenários de opereta.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi
aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para
o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia
semanalmente a matéria produzida
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