Hugo Navarro da Silva |
A cidade, após a agitação das campanhas eleitorais, voltou à
normalidade do reboliço costumeiro em busca do ganha-pão de cada dia, o que é
tarefa nem sempre fácil para a maioria do povo, sempre acossado de dificuldades
de toda ordem em cidade que cresce, cotidianamente, ampliando necessidades, que
na maioria das vezes estão muito além das possibilidades dos governantes e do
erário, fatores que a população não poucas vezes desconhece.
Velha e batida ameaça, que sempre volta para aumentar
percalços, é a do chamado “horário de
verão”, que se coloca, mais uma vez,
contra a vontade do povo, como imposição de poderes que não podem ser
contrariados. Haverá, fatalmente, tudo indica, na Bahia, o famigerado “horário
de verão”, como uma das demonstrações mais evidentes das “benéficas” ligações
políticas entre o governo do Estado e o da União, apontadas, durante a recente
luta partidária, como única saída para a consolidação do progresso da
comunidade e felicidade geral da Nação.
O argumento é velho, sebento e falso, com odor de ditadura, de que teríamos, para poder avançar e
conquistar a felicidade popular, que
realizar a proeza stalinista e nazista do
partido único e único pensamento nacional, embora, entre nós, fragmentados em
siglas diversas para tapear a opinião pública e acolher aqueles que fazem carreira política como boi
velhaco, sempre à procura de buracos na cerca, de olho em pastos do governo,
que lhes parecem verdes e ubérrimos, cheios de
grandes tetas para mamar à vontade e sem consequências.
O que se tentou passar para a população de Feira de Santana
foi o absurdo de que o governo municipal, sem estar alinhado ao do Estado da
Bahia e da União, deles politicamente dependente e incondicionalmente a eles
submisso não anda, não deslancha, não faz coisa alguma que dependa de ajuda financeira, o que
significa que até pode nadar mas não chegará à praia. Isto foi o que de
principal constou da propaganda de certo e arrogante partido, que ameaçou a
população com a figura já meio desgastada porque destituída de valores, de um
ex-presidente; com a atual presidente, que ainda não demonstrou a sua utilidade,
e com governador desacreditado principalmente perante numerosa, influente,
atuante e injustiçada parte da população. Tais figuras eram apresentadas como
verdadeiros demônios vingativos e maus a exigir obediência sem limites sob pena
de castigos bíblicos e males intermináveis, aparecendo, na melhor das hipóteses,
como as crianças norte-americanas que no dia das bruxas surgem à porta das
casas a dizer: “ou guloseimas ou
maldades”.
O resultado das urnas não poderia ser diferente do que foi,
por todos os motivos, mas não há duvida de que a ameaça de retaliação exerceu
grande influência no ânimo do eleitorado independente, que tem conhecimento das
podridões do governo, graças à imprensa livre e independente, que ainda existe
neste país, e ao povo, que não digeriu, por muito tempo, certos
exageros decorrentes dos excessos da contra-revolução, causadores do
aparecimento, na política, de tipos
humanos que de outra forma não teriam por onde encontrar espaço, e hoje mandam, mentem,
tapeiam e enganam, livremente, isto quando não se metem em elaboradas façanhas
como a que resultou em ruidoso processo,
o do mensalão, que funciona como
exorcismo para afastar os maus espíritos que estão a ameaçar a democracia
brasileira.
A respeito de muitos dos que mandam no Estado e na República, a enganar
o povo, surgidos, às vezes, não se sabe de que brenhas, pode-se formular as
perguntas feitas, não faz muito tempo, a respeito de candidato a uma prefeitura
da Bahia: Quem é? Por que? P’ra que?Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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