Evandro Oliveira |
Vi uma cena, no jornal da TV,
impressionante (já se disse que uma imagem vale por mil palavras), a visita do
Presidente americano Bush ao Papa João Paulo II. O Presidente sentado, erecto,
forte, com vitalidade, moço, saudável, junto a um religioso tremendo,
balbuciante quase inaudível, corpo arquejado, velho, em suma o encontro de um
jovem e um ancião, fisicamente. Mas, se contrapusermos as mentes ou alma como
querem alguns veremos que a decrepitude está no Presidente moço fisicamente,
ignorante, porque não conhece a história milenar dos povos da Mesopotâmia, sua
religião seus costumes, a forma de ver o mundo. Vaidoso por se achar
auto-suficiente, não ouvindo conselhos do mundo cultural, infantil uma das suas
motivações foi colocar-se no velho oeste e achar que poderia vingar o pai,
basta dizer que guarda o revólver de Sadam como troféu de caça, mostrando-o aos
íntimos que visitam a Casa Branca (vermelha de vergonha com o seu hóspede),
mentiroso inventou argumentos que sabia serem falsos, falsário pelo mesmo
motivo, falsificando os ditos documentos, ganancioso por ir atrás das reservas
de petróleo atividade econômica à qual sempre esteve familiarizado juntamente
com sua gangue da qual faz parte seu Vice, e por isto entrou no seu “inferno
astral” chamado IRAQUE. Do outro lado, Carol Woitila com sua mente jovem, forte
personalidade a qual os vaticanólogos não conseguiram dominar, uma humildade
cristã, um ser maior, de uma lucidez impressionante, com visão que extrapola o
comum dos nossos dirigentes. O Papa João Paulo II foi escolhido depois de um
choque entre os que advogavam a continuidade de um papa italiano com o
pensamento da política ditada pelos Cardeais do Vaticano, este confronto já
tinha surgido com a morte de João XXIII, do impasse criado a escolha recaiu
sobre João Paulo I, provavelmente um papado breve dado seu estado de saúde.
Quando este morreu não houve tempo para grandes trabalhos políticos,
persistindo o impasse anterior. Na primeira votação Woitila teve um voto e
depois de três escrutínios, os dois lados inicialmente antagônicos, recuaram e
escolheram Carol Woitila. Não era italiano, mas homem de confiança de Pio XII,
conservador e defensor do pensamento político centralizador do grupo dirigente
do Vaticano.
Li uma biografia do Papa logo quando foi escolhido, e,
como educador acredito que a formação do indivíduo prevalece em suas decisões
futuras. Carol foi criado entre colegas judeus na Polônia, viu vários amigos
serem vitimados no holocausto nazista, daí seu pedido de desculpa ao povo
judeu, pela descriminação feita pela Igreja Católica em toda sua história,
contra inclusive seus assessores no Vaticano; recebeu o maior hierarca da
Igreja Ortodoxa, tudo isto foi dito que faria nesta biografia, ele está
obrigando o corpo a sustentá-lo para poder cumprir o que acha ser sua missão
divina. Conseguiu libertar sua Polônia do domínio Soviético, reconheceu (apesar
de 600 anos depois) em nome da igreja o erro da condenação de Galileu. E agora,
redimindo o absurdo feito pelo Papa Urbano II, o criador e incentivador das
cruzadas, por sinal por motivação idêntica a de Bush, política interna, os
príncipes católicos de então andavam guerreando entre si, colocando em perigo a
supremacia da Igreja drenando economicamente a região. Urbano II usou os mesmos
falsos argumentos que os orientais colocavam em perigo a religião cristã na
cidade de Cristo. Bush está politicamente mil anos atrasado na sua estratégia
de argumentação, desmoralizado em seu próprio país, querendo jogar a culpa em seus
servidores, na tentativa de escapar da fogueira eleitoral. João Paulo II foi o
primeiro a se posicionar contra as intenções da gangue dirigente americana, e
nesta visita ao Vaticano constatamos a jovialidade imbecil de Bush
contrastando com a sapiência do ancião Carol Wotila.Este texto foi escrito para o jornal "NoiteDia", em 2004. Vale pela consequencia histórica. Acabou URSS, e os EUA se encalacrou no Iraque.
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