Agora as contendas vão ferver, Aluizio Resende voltou ao ataque, só que encontrou um adversário, tão ou mais raivoso, Werdeval Pitanga. A briga vai esquentar, nos próximos capítulos. (N.B.)
ONDAS
Foi uma coisa deveras interessante, irrisória,
impagavel e ao mesmo tempo ridícula, a ironica e lisonjeira apresentação
literaria que o sr. Werdeval Pitanga fez ao povo feirense, de um seu amado
patrício e colega no oficio de rabiscar atrofiando a língua, na sua ultima e
excelente croniqueta, publicada neste periodico
E’ necessário que se seja muito inconsciente, muito
néscio, muito leigo em matéria de literatura, para dizer que o autor de
semelhante tolice, é um futuro vulto nas letras nacionaes.
Só mesmo um Werdeval poderia encontrar na produção do
sr. José Ribeiro Falcão, o mesmo ritmo de linguagem que existe nas obras de
Almeida Garrett, o vernáculo que há nos "Elogios Académicos" de Latino, e a
sonoridade dos contos de Coelho Netto.
A diferença que há de Almeida Garrett para o sr. Josè
Falcão, é que o primeiro pinta sugestivarneníe com as cores delicadas da sua
palhêta de oiro fino, e o segundo, se não conhece ainda a combinação de cores
empregadas num esboço de paisagem simples, muito pior o manejo do pincel em tela
fina.
No famoso vernaculista, autor das “Viagens na Minha
Terra,” “Adosinha,” “D. Branca” e “Arco de San’Anna” há completo enlevo de
ritmo, verdadeiro contraste do sr. José Ribeiro Falcão, que prima pela dissonância.
Em Latino, há correção, pureza de linguagem, pujança
de forma, e no “Idílios” do moço que teve a honra de merecer um elogio do sr.
Werdeval Pitanga, há somente incorreções sobre incorreções, defeitos sobre
defeitos, e creio que ele mesmo desconhece por completo, a significação
técnica, da palavra estilo em literatura.
Dizer-se que esse moço escreve com a mesma
maviosidade e encanto de Coelho Netto, é
ser ignorante a toda prova.
A prosa burilada de Coelho Netto é uma flauta
melodiosa e divina, tangida no silencio de uma noite cheia de luar e de
saudades, de encanto e de perfumes... emquanto que a do sr. José Ribeiro Falcão
é um bombo velho a bater, a bater desesperadamente.
Não há quem leia o primoroso autor do “Jardim das
Oliveiras” e “Agua de Juventa,” que logo se não recorde da frase luminosa e
sugestiva, com que o imcomparavel Eça de Queiroz classificou a forma
insinuante do seu original Fradique Mendes: “a prosa de VEcia. é um mármore
com estremecimentos humanos.”
O sr. Werdeval nunca leu Garrett e nem Latino Coelho;
e além disso, escreveu primeiro o elogio do sr. José Ribeiro Falcão, para
depois ler o seu esplendido trabalho: Idílios do
Por do Sol.
Antes porém de terminar a minha ligeira censura
literaria, quero amigavelmemte apresentar a ambos um conselho; leiam com mais
prazer e anciedade, tratem da lingua com mais interesse, para não errarem tanto
em tão poucas linhas.
Aluizio
REZENDE
Notas do Blog: 1) os erros por acaso encontrados, são do português da época ou da tipografia. Na sequencia da série, notaremos a briga de acusação de erros da língua.
2) este texto é um Facsimile do jornal "A FLÔR" edção nº21 de 04 de setembro de 1921. pag. 1
2) este texto é um Facsimile do jornal "A FLÔR" edção nº21 de 04 de setembro de 1921. pag. 1
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