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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 30 de agosto de 2019

HOMENAGEM AO CENTENÁRIO DE AMORIM, 04.09.2019

Evandro J.S. Oliveira
AMORIM, UM SOBREVIVENTE

Em novembro de 2011, postei no Blog do Colégio Santanópolis[1], a fala mais espetacular que já tinha ouvido, acho até muito difícil alguém proferir relato tão formidável. Necessário já ter 92 anos, memória excepcional, capacidade de relato, coragem para contar sua vida, que por si só é novelesca.
Joselito Falcão Amorim
O evento que possibilitou Amorim fazer esta dissertação, foi a outorga da “Comenda Maria Quitéria”, pela Casa da Cidadania. Baseado no vídeo e em conversas com o autor tento reproduzir sua trajetória.
Manoel Ribeiro Falcão, patriarca de uma das famílias mais abastadas no início do século vinte, casou três filhas; Áurea Marques Falcão com o Sr. Pedro Carvalho, família tradicional de nossa terra; Alzira Marques Falcão com Adalberto Pereira, um dos maiores fazendeiros da região; Leolinda Marques Falcão, com Sr. Arsênio Oliveira, mais conhecido por ter sido o pai do maior pintor já nascido em Feira de Santana, Raimundo Oliveira.
Diolinda Marques Falcão
No covento
Sr. Manoel Falcão teve uma quarta filha, Diolinda Marques Falcão, a mais nova, era solteira. O grande escândalo da época foi que ela apareceu grávida. Naquele tempo, pecado imperdoável. “Mancha que contaminava toda a família” para uma família da elite, uma desgraça.
Sr. Manoel Falcão, homem duro, não perdoou a filha, não aceitou o neto, entregando-o à parteira, sem querer saber o destino. A parteira que era também lavadeira, tinha ido levar a roupa lavada, quando se deparou com uma jovem em processo de parto. Após ter nascido um menino homem, entregaram a criança a parteira para que fosse levada.
A parteira/lavadeira[2], sabendo que um casal: Sr. Manoel Bispo Amorim e Senhora Esmeria Boaventura Amorim queria adotar uma criança se dispôs a entregá-lo a eles, os quais receberam o rebento com alegria, imediatamente colocaram o nome de JOSELITO FALCÃO AMORIM.
Lado esquerdo da Igreja  da Matriz,
ainda  sem a torre,
estação ferroviária, na época
A mãe biológica foi despachada, para o Convento da Lapa. Contam, os mais velhos, que quando do bota fora dela na Estação do Trem, que ficava na praça da Matriz, compareceu metade da população de Feira de Santana.
Amorim só desconfiou desta história quando já com 11 para 12 anos, em um local onde hoje é o Hospital D. Pedro, era um terreno que servia de brincadeiras, futebol... parou um carro com um garoto dirigindo, era uma novidade, primeiro automóvel não era comum, segundo dirigido por um garoto que gritou para ele, hei primo! Era Nilton Falcão.
Em casa perguntou aos pais, o que significava a fala de Nilton, estes contaram parte da sua história. Aí foi entendendo o apreço especial do Sr. Adalberto Pereira, não era só seu padrinho, também era seu tio. Dos seus ascendentes, ficou ligado a ele até final da sua vida.
A mãe adotiva, D. Esmeria, levou Amorim, ainda criança, duas vezes ao convento para Diolinda vê-lo. Como era proibido, a Freira o viu por traz de uma tela de madeira. Mas Amorim não a viu.
Diolinda faleceu no Convento da Lapa.
Em 1924 faleceu Sr. Manoel Falcão, grande comerciante, vendia entre outras coisas, fumo e couro para o exterior. Era empregado especial o sobrinho João Marinho Falcão, sendo promovido pela viúva a gerente do Empório.
Posteriormente, João Marinho, já como proprietário da empresa, juntou-se ao Sr. Hermínio Santos e Sr. Arsênio Oliveira adquirindo a filial de Ramos & Cia, na rua de Aurora, criaram a casa Marinho, Santos @ Cia Ltda.
Amorim estudou sempre no Santanópolis. Depois dos quatro anos do curso ginasial mais um ano no curso de Bacharel em Ciências e Letras, tempos depois no Curso Comercial, hoje Técnico em Contabilidade.
Terminado o curso de Bacharel em Ciências e Letras, para continuar os estudos no 2º Grau, teve uma promessa de bolsa para Salvador, pediu transferência, mas houve imprevisto não conseguindo o intento, o que mudou seu destino.
Foi ser balconista em Marinho, Santos @ Cia Ltda.
Já tinha pago a transferência, resolveu pegar a documentação. Naquela época o Ginásio tinha acabado de ficar sem professor de Matemática, então meu pai, Áureo Filho, diretor do Ginásio, viu o seu currículo, vendo que suas notas em Matemática eram excelentes, perguntou-lhe para onde ele iria: respondeu decepcionado, por não ter alcançado sua intenção, iria ser cacheiro na casa comercial de João Marinho. Áureo falou, “não vai não, procure Catuca, Edelvira d’Oliveira, minha irmã”, fundadora, professora de Português e também Diretora do Ginásio.
Amorim ocupou todos os cargos possíveis no Santanópolis, Professor; Diretor do Internato; Inspetor do MEC para o Ensino Comercial; Diretor do Curso Noturno.
Orgulhosamente ostenta ter servido em todas as áreas no serviço público: Exército, foi convocado no tempo da Segunda Guerra Mundial; no Legislativo, vereador de Feira de Santana; no Executivo, Prefeito da mesma cidade e no Judiciário, Conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia.
No final da vida de seu padrinho e tio Adalberto Pereira, perguntou a este se sabia quem era seu pai, Adalberto então contou que Diolinda morreu sem dizer o nome, mas a família tinha uma suspeita muito forte: todos os anos vinham alemães comprar couro e fumo no empório de Manoel Falcão, este achava que naquele tempo não existia em Feira de Santana um hotel digno para hospedar europeus, então o acomodou em sua residência, nove meses após nasceu JOSELITO FALCÃO AMORIM.
Cartão enviado a Amorim, pelo seu primo
 José da Costa Falcão, um dos
 grandes empresários, sucessor de
João Marinho Falcão
Esta história gerou um excelente romance, “O FILHO DA MADRE” com 325 páginas, escritor Jailton Batista.

Postagem concomitante à matéria do jornal "Metropolitano". 



[1] https://ginasiosantanopolis.blogspot.com/2011/11/comenda-concedida-joselito-falcao.html

[2] Amorim, adulto, já sabendo da sua história, procurou essa senhora que o trouxe ao mundo. Nunca conseguiu saber o nome, soube apenas que morava em uma invasão no “Tanque do Urubu”, onde antigamente se desfaziam dos escravos mortos, mais não sabiam para onde foi nem se estava viva.

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