O deputado Colbert Martins, em recente entrevista
radiofônica, revelou fato de que já se desconfiava a respeito do campo de pouso
de Feira, apelidado pomposamente de aeroporto na linguagem oficial: Não há
serviço de rádio naquele próprio reinaugurado, solenemente, às vésperas das
eleições de outubro, com grandes festas, bandeira, hino e discursos, apenas
para efeitos eleitorais e engodo dos otários. Ora, qualquer leigo sabe que
aeroporto sem rádio, sem radar, sem sistema de iluminação para pouso noturno ou em condições meteorológicas
desfavoráveis é mais do que campo de pouso para tapeação eleitoral. É anúncio
de tragédia. É o cúmulo da irresponsabilidade em busca de conquista de poder e
satisfação de vaidades ainda que vidas
humanas sejam colocadas em risco.
Fatos como o do aeroporto de Feira de Santana, que contaria até
com empresa operando linha aérea regular,
conforme a propaganda pré-eleitoral, e
outros que a imprensa tem ultimamente noticiado denunciando o maior
esquema de corrupção do mundo, do qual ninguém no governo brasileiro tinha a
menor ideia, alegando ignorância incompatível com as responsabilidades de quem
governa, na verdade explicam a
inquietação, as demonstrações violentas do povo diante da situação de
calamidade que se vai alastrando pelo país inteiro, não restando mais sítio ou
recanto que se possa proclamar livre da
violência, da ação de criminosos que a todos ameaçam, agora, com a ajuda de
urnas eleitorais de inviolabilidade duvidosa e de gigantesca compra de votos.
No começo as manifestações criaram confusão no porque
tisnadas de atos de vandalismo e defurtos com a destruição de bens públicos e o
arrombamento de casas comerciais. As manifestações,
passadas aquelas marcadas pela violência extrema, mascaradas de protestos
contra o preço das tarifas do transporte coletivo e contra os gastos com os estádios da famígera “Copa do Mundo”,
para surpresa de muitos continuaram a ocorrer esporadicamente em várias partes
do território nacional, caracterizando-se pela queima de ônibus, veículos que
na mente do povo passaram a representar
o poder público.
Boa parte da população assiste, agora, embasbacada e
revoltada aos desdobramentos da operação “lava a jato” em que as vísceras do país
são expostas sem rebuços e sem enganos, mostrando algumas “operações” das que estão
conduzindo o país ao caminho de ingovernabilidade, superando, em muito, o
gigantesco e vergonhoso episódio do “mensalão”,
que no balanço final terminou com a vitória dos políticos envolvidos na
roubalheira mas ligados ao governo, livres depois e
cumprir poucos meses de prisão, para gozar da fortuna.
Agora, manifestações populares como a que ocorreu em São
Paulo no dia 15, assumem a sua verdadeira direção, que de início não se mostrou
inteiramente, a de revolta contra o
governo federal, que está levando o país ao caos. A desordem, a insegurança, a
falta de confiança em órgãos governamentais crescem de tal forma, que a
situação do país, hoje, é muito pior e mais preocupante do que a que precedeu o
movimento de 1964, que ao contrário do que se propala não foi ato de
prepotência nem de busca insensata do poder. Foi movimento necessário,
reiteradamente pedido nas ruas pelo povo, alarmado, amedrontado com a
insegurança e a baderna que se estabeleceram no país. A situação, agora, é mil
vezes pior. A inflação mostra a cara, a produção descamba, o desemprego, um dos
últimos sintomas da falência, começa a se manifestar. A baderna é generalizada e o povo vê-se
acossado de incertezas que vão além de todos os limites da tolerância.
Hugo Navarro da
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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