Hugo Navarro Silva |
Cidadão recentemente falecido e famoso por suas tiradas,
indagado por balconista de loja se queria levar o veneno de ratos que andava
procurando respondeu imediatamente: Não. Eu vou trazer os ratos aqui! Era um
brincalhão.
Erasmo, o de Rotterdam, escreveu que toda definição é
perigosa, provavelmente certo de que
definições sempre correspondem a afirmações. Fato é que em alguns setores de
atividade como o da política partidária,
todo mundo foge como o diabo da cruz das afirmações principalmente se encerrem
verdades, porque verdades sempre carregam todo tipo de perigo. É atribuída a
Eça de Queiroz, a afirmativa de que
“políticos e fraldas devem ser trocadas de tempos em tempos e pelo mesmo
motivo”. A assertiva, que poderia ser
aplicada ao Brasil de hoje,sem dúvida encerra exagero e dos grandes. No Brasil, por incrível que pareça, sobrevivem
políticos sérios, honestos, dispostos a cumprir o dever e trabalhar pelo povo, mas vivem acossados, como a maioria da população, pela onda de corrupção
e de franca e desembestada roubalheira que se introduziu em setores oficiais do
país, nos últimos anos, para tentar aplacar velhas e insaciáveis fomes de quem
se apresenta como reformadores do mundo
quando na verdade são predadores do resultado do trabalho, do esforço e das esperanças de um povo.
Esses sujeitos que estão a talar a
economia nacional, a assaltar impunemente os cofres públicos e privados é que
são os verdadeiros bandidos, malfeitores e criminosos que deveriam estar na
cadeia no lugar de miseráveis que muitas
vezes cometem furtos para não morrer de fome.
Advogado de um dos
ladrões envolvidos no escândalo da Petrobrás, empresa desmoralizada por escandalosos e vergonhosos desvios de verbas,
que andam diariamente a render e a
provocar espanto em todo o país, afirmou, provavelmente para tentar minorar,
aos olhos do povo, as culpas de seu cliente, que no Brasil não se mexa numa
pedra sem propina. A afirmativa do defensor provocou manifestações de repúdio
em todo o território nacional, de gente mais preocupada em defender os poucos
homens sérios que se mantêm fora da onda de roubalheira, que comanda o país, do
que para poupar de ataques ou acobertar o triste panamá que infelizmente se
estabeleceu no Brasil.
A roubalheira é tão grande que agentes da polícia anunciam
viagem a paraísos fiscais em busca de numerário desviado da Petrobrás, com
poucas possibilidades de recuperar o montante dos furtos da mesma forma que a
investigação pode ficar longe do verdadeiro alcance das atividades dos
criminosos, porque é sabido que os crimes de corrupção guardam características
semelhantes às dos delitos de “serial
killers”: por mais completas que sejam as conclusões da investigação, por mais
confissões e delações que haja, inclusive as premiadas, os fatos nunca serão inteiramente
esclarecidos. Sempre sobrarão áreas cinzentas, destinadas ao esquecimento da
imprensa e das próprias autoridades policiais, que geralmente não estendem
seus esforços além dos estritamente
necessários a uma possível condenação do indiciado.
As conclusões da devassa da Petrobrás estão longe do
final e já se anuncia outro monumental
escândalo de desvio de verbas de importante órgão do governo federal. Por muito
menos, quase nada comparado ao paraíso da roubalheira atual, o presidente
Fernando Collor de Mello foi deposto por “impeachment” e muita gente haverá de
se lembrar da alegria com que representantes de órgão, que anda a assumir a
posição de palmatória do mundo, de braços
dados marchando para o Congresso para ajudar a crucificar Collor. Hoje, a mesma
entidade abriga os que apoiam e batem palmas para os ladrões. Sinal dos tempos?
Não. Falta de vergonha!
Hugo Navarro da
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
Nenhum comentário:
Postar um comentário