Hugo Navarro Silva |
Feira de Santana, ultimamente, volta-se, atenta, para o passado, na
tentativa de reconquistar o tempo perdido. Empenhado na dura luta pela vida,
nosso povo nunca teve lazeres e fôlego para se dedicar a pesquisas para reviver
figuras e fatos históricos que marcaram a trajetória, nem sempre tranqüila, de
município que em sua história enfrentou todo tipo de carência e que só ultimamente tem encontrado campo
para o que sempre foi tarefa eventual de poucos.
Martiniano da Silva Carneiro, que editou semanário nesta cidade, falando
à “Folha do Norte”, certa feita, deu a medida das dificuldades, ao declarou que
no seu jornal muitas vezes tinha que escrever, compor, fazer revisão, paginar,
impor e, ele próprio, imprimir, encadernar e cuidar da distribuição.
Se no passado raros pesquisadores realizaram trabalhos de inegável
utilidade para os estudiosos e pesquisadores de hoje, muito se perdeu no
torvelinho do tempo. São importantes detalhes, tão importantes quanto os
grandes feitos, que nem sempre destes é formada a trajetória das comunidades.
Fato inegável é que passamos a contar, agora, talvez por influência da
UEFS, cuja presença, aos poucos, se faz sentir na sociedade, e da inegável
evolução das condições de vida de grande parte do povo, com o empenho de
considerável número de pessoas, algumas de reconhecida competência, dedicadas à
preservação da memória do Município.
Assistimos, hoje, ao que antes era muito difícil. Vemos a restauração de templos e outros
prédios, a edição de obras literárias e de pesquisa e homenagens em que se
reaviva a lembrança de vultos
importantes de nossa história, trabalhos em que se empenham a UEFS, a
Câmara Municipal, sob a presidência do Vereador Antonio Carlos Coelho, e a
Fundação do Senhor dos Passos.
Envolvidos nesse clima, quase frenético, de labuta em busca do passado,
em que pessoas, trabalhos e fatos são resgatados do olvido a que estavam
votados, estranhamos que permaneça no esquecimento a memória do maestro Estevam
Moura.
Oriundo de Santo Estevam, o maestro dirigiu e regeu, de forma impecável,
nesta cidade, por muitos anos, a banda da “Sociedade Filarmônica 25 de Março”.
Deixou grande número de peças musicais como dobrados, marchas, valsas e
composições sacras, cujos originais não se sabe por onde andam. Professor de
Música do Colégio Santanópolis e da escola da “25 de Março”, algumas de suas
obras de vez em quando aparecem, em outras bandas, atribuídas a autores
diversos. Sua produção é vasta, valiosa e corre o risco de se perder de forma
irreparável.
Estevão Moura formou, na “25 de Março”, filarmônica que durante muitos anos foi motivo de orgulho
para o povo de Feira de Santana pela organização, gosto musical, afinação
apurada e garbo com que se apresentava
nas ruas e festas. Deixou alunos famosos, como o maestro Miro, que hoje dá o
nome a um teatro desta cidade
Pena que estejam a cair no esquecimento a memória e a importante obra de
Estevam Moura.
Hugo Navarro da
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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