Hugo Navarro Silva |
No final dos anos 30 o baiano Dorival Caymi deixou a Bahia
para tentar a vida no Rio de Janeiro, meca de todos os que neste país desejavam
fazer carreira em atividades artísticas. Na antiga capital da República o
baiano, vencido pelas belezas e facilidades do bairro de Copacabana, compôs com
Carlos Guinle o samba/canção “Sábado em Copacabana” em que diz ser aquele louvado pedaço do Rio, “Um bom lugar
para encontrar”.
O Rio de Janeironasceu protegido da Natureza, que o encheu
de belezas nem sempre suficientemente
cantadas, só obscurecidas pelo perigoso
campo de batalha em que ultimamente aquela cidade se transformou.
Acontecimentos diversos, acidentes naturais, conquistas da
civilização, facilidades, monumentos históricono decorrer do tempo têm feito o
destaque, o renome e a fama de sítios, ruas, praças, cidades e países. Até
grandes desastres e enormes desgraças às vezes fazem a notoriedade de lugares
como aconteceu com Hiroschima e
Nagazaki.
Exemplo evidente de que até construções fazem a fama é o da
Torre Eiffel. Construída em ferro batido (o aço ainda não tinha sido inventado)
para a Exposição Internacional de
1889 em comemoração da passagem dos cem anos da Revolução
Francesa, resistiu a diversas tentativas
de desmontagem e da destinação ao ferro velho para se transformar em símbolo
não apenas de Paris, mas de própria França. Salvou-a, narra a História, a sua
extraordinária altura (mais de 300 metros), propícia à instalação de torre de rádio.
Há outros exemplos conhecidos como o da Estátua da
Liberdade, de New York, presente da França aos Estados Unidos em 1886.
Na Bahia ninguém compreenderia, atualmente, a cidade do Salvador
sem o Elevador Lacerda. Sua construção,
conforme a ousada iniciativa de Antônio Francisco de Lacerda, ligando a cidade
alta à cidade baixa, foi empreendimento pioneiro no mundo. Na época da
construção do Elevador, que para o povo era o “parafuso”, apareceu o primeiro
automóvel nas ruas da capital da Bahia.
O veículo, verdadeira geringonça, grande
e barulhento, movido a vapor, tinha
cinco rodas guarnecidas de borracha.Propriedade de Francisco Antônio Rocha,
imediatamente despertou as atenções e a verve
do povo, em cujo seio surgiu a quadra: “Havemos de ver dos dois/ O que aperta
ou afrouxa:/ De Lacerda o “parafuso”/ Ou a borracha do Rocha”.
Em Feira de Santana ainda não apareceu fato capaz de a
tornar famosa. Ultimamente surgiu a febre
chikungunya, com justo destaque na imprensa, insuficiente, entretanto,
para conduzir esta cidade às culminâncias da fama, servindo apenas para provar
a superioridade do mosquito aedes-aegypti sobre todos os animais da Criação,
inclusive os da raça humana, demonstrando extraordinária capacidade de
adaptação e de sobrevivência.
A
única fama que nos ameaça de forma persistente e contínua é a de sede nacional
do homicídio, o que levou um vereador, recentemente, a pedir, na Câmara,
providências contra quadrilhas de traficantes de drogas que andaram a promover
tiroteios na sede do Distrito que já
teve o nome de Nossa Senhora das Gameleiras, denunciando a invasão de nossa
zona rural pelo crime, presente até quando se faz festa pela diminuição do
número de homicídios, em contraste com a
notícia de que os hospitais estão cheios de vítimas de tiros, facadas e
cacetadas. Não queremos é que Feira de Santana se transforme em um bom lugar
para matar.
Hugo Navarro da
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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