Hugo Navarro Silva |
Acaso nem sempre tem o sentido romântico do célebre samba de
Lupicínio Rodrigues, “Se acaso você chegasse”, gravado por Cyro Monteiro em
1939. A palavra também é usada
significando fortuna. Entre os antigos fazia-se distinção. A palavra acaso era
usada para o que decorria da conduta de irracionais, crianças e loucos. Fortuna,
para fatos envolvendo seres racionais, mas sempre houve pessoas dispostas a
jurar que nada ocorre sem o conhecimento, logo, com o consentimento de Deus, ou
de acordo com a harmonia do Universo, o que derruba apossibilidade do caso
fortuito e a teoria da imprevisão.Na opinião
de Machado de Assis,“o acaso é um deus e um diabo ao mesmo tempo”.
Acaso também significa sorte, destino, ventura. Sortes eram
papelotes distribuídos com quadrinhas nas antigas festas de São João, quando as
comemorações se limitavam ao âmbito doméstico. Hoje, são grandes show sem praça
pública estipendiados pelas prefeituras.
Há notícia de denuncia feita ao Santo Ofício, em 1594, por Gaspar Rodrigues,
residente no engenho de Fernão Soares, em Santo Amaro, Pernambuco, contra Jorge
Fernandes, que possuía livro de sortes, coleção de escritos encadernados na
qual, por meio do lançamento de dados, chegava-se a determinada página e a
vaticínios. Não sabemos se o denunciado
sofreu a pena da fogueira. Sortes, espécie de adivinhação, já havia na
antiguidade, por meio de dados cujas faces tinham números ou palavras que conduziam
a tabelas com explicações.
Sobre sorte contam que Bernard Shaw, famoso no mundo inteiro
e grande gozador, disse a um ciclista que o atropelou sem grandes consequências:
“Você teve má sorte. Poderia levar seu nome à posteridade”, e que Napoleão
Bonaparte, na campanha do Egito, conseguiu furar intenso bloqueio da esquadra
inglesa e fazer seus navios chegar a Alexandria. Ao saber do sucesso o
almirante Nelson, comandante das forças inglesas, teria exclamado, furioso: “O endemoniado
tem a sorte do demônio”.
Na Mitologia grega a sorte de deuses e homens era determinado
pelas Moiras, na poesia descritas como terríveis fiandeiras, solteiras,
soturnas, temidas, de dentes e unhas enormes, que limitavam a vida humana e
viviam a tecer a boa ou a má sorte de todos, criando privilegiados ou
infelizes. Nas artes plásticas geralmente são mostradas como belas mulheres. Nascidas do Caos, filhas da Noite, em Roma
receberam o nome de Parcas, mas continuaram a dominar a roda da Fortuna,
limitando o poder dos deuses, inclusive o de Júpiter. As Moiras, entretanto,
tinham que dividir poderes com o Destino, filho do Caos e da Noite, divindade que
teria gerado a si própria. Seria, portanto, anterior ao próprio Caos. O Destino
é cego. Seus decretos ficam gravados em bronze e suas decisões nunca são
anuladas.
O Destino exerceu
profunda influência sobre a tragédia grega, principalmente em Sófocles, com
“Édipo Rei”, personagem que mata o pai e se casa com a mãe, ignorando a
identidade dos dois. Provoca o suicídio da mãe e ao saber da verdade arranca os
próprios olhos.
O Acaso, o Destino, a Sorte, as Parcas, em longa e
complicada elaboração resolveram dar,
aos eleitores de Marina Silva,
papel de enorme e decisiva
importância no futuro do povo brasileiro,
mais uma vez colocado em situação periclitante, para o que foi necessário fazer
surgir das brenhas do Acre a figura de Marina cujo eleitorado independente e
esclarecido poderá ajudar a livrar o país do atoleiro a que foi conduzido dando
ao povo governantes capazes de fazer as reformas
necessárias para a Nação reconquistar, dignidade, auto estima e o respeito da comunidade internacional.
Hugo Navarro da
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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