Hugo Navarro Silva |
Despertou curiosidade e não deixou de provocar risos por seu
aspecto de piada, a nota publicada, até com certo destaque, no início da
semana, de que o Tribunal de Justiça do Estado passará doravante a fazer
considerável economia em seus gastos mensais, adotando salutar sistema de
tomada de preços para a compra de frutas que são consumidas em suas sessões (segundo a
nota). A quantia a ser poupada,
respeitável, não é coisa de quitanda de esquina. É dinheiro capaz de superar
crises, das muitas que andam a rondar ou a anular hospitais públicos e
despensas de toda ordem por este vasto e supostamente rico Estado da Bahia.
Deus ajude que o Tribunal de Justiça do Estado possa adotar
outras medidas salvadoras como fez com as suas frutas, de referência a
problemas outros, que lhe são pertinentes, como o do preenchimento de vagas de
juízes no abandonado interior baiano, solução mais rápida para as questões de
sua competência e interferência junto ao pouco interessado e muito menos
competente Legislativo brasileiro que possa ajudar na simplificação do sistema judiciário vigente, para torna-lo mais útil e de aplicação
mais rápida e eficaz.
A notícia, por certo auspiciosa, veio a lume poucos dias
depois da candidata ao Senado, a ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça,
Eliana Calmon, haver divulgado, com certa dose de espanto e surpresa, lista de
custos para a disputa dos diversos cargos colocados à disposição do povo nas
próximas eleições em leque que vai de deputado estadual a presidente da
República, demonstração de que as eleições acompanham as conquistas e transformações
dos novos tempos de altos custos para todas as coisas, inclusive as inúteis ou
as que provocam dificuldades como, por exemplo, cartazes, bandeirolas e
cavaletes da propaganda eleitoral que podem causar acidentes de trânsito.
A candidata ao Senado, pouco antes de deixar a magistratura
tomou posições, inclusive algumas referentes à Justiça da Bahia, que a muitos
alimentaram a ilusão de que alguma coisa se estava fazendo em favor de ramo de
poder que é essencial à manutenção de país onde haja respeito aos direitos do
cidadão, efetivo combate à corrupção, sistema de justiça rápido e efetivo (não
de fancaria), que possa levar a todos segurança para trabalhar, prosperar e
viver em paz e não dentro de organização social em que ninguém sabe,
exatamente, onde começa e onde acaba o
banditismo com toda a sua coorte de crimes, inclusive do pior de todos, o de
homicídio, que hoje parece fazer parte dos negócios e dos interesses econômicos
de muita gente. A ação corajosa da ministra desapareceu, tragada pela política,
em menos tempo do que se esperava. E tudo retornou ao que era. Outro membro do
Judiciário, que alimentou grandes ilusões a respeito do futuro deste país,
enfrentando com invulgar destemor os donos do poder, no Supremo Tribunal
Federal, dando a muitos de impressão de que outros ares poderiam soprar, em
futuro próximo, sobre o povo brasileiro, foi Joaquim Barbosa. Mas tudo não
passou de mera ilusão passageira como dizia canção de outras eras. Ninguém sabe, com certeza, o que levou o
Ministro Joaquim a deixar o Supremo
antes do tempo, se pressões insuportáveis ou concretas ameaças de danos sem remédio. Os métodos
adotados são os mesmos, quer na velha Chicago dos tempos de Al Capone, quer nos
dias atuais em qualquer lugar onde se instalou a impunidade inclusive por
inércia do Judiciário.
Na Bahia o problema das frutas foi resolvido. Restam
centenas de outros, gravíssimos, por certo menos importantes para alguns. Para
a maioria, entretanto, são essenciais.
Hugo Navarro da
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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