Hugo Navarro da Silva |
O método não é novo. Sempre existiu. Usado de público, entretanto, com a desenvoltura como aconteceu, recentemente, nesta cidade, em programa de rádio de grande audiência, não deixa de causar espanto até aos espíritos mais prevenidos contra as maldades humanas.
O presidente da Câmara Municipal, vereador Justiniano França foi alvo de singular ataque que não foi ataque, acusação que nada teve de acusação e autoria de atitudes suspeitas sem nenhum conteúdo para desconfianças, conforme palavras do próprio veiculador de notícias que tiveram o inequívoco formato de denúncia não se sabe com que propósitos, se é que houve algum.
Do que se conseguiu entender de toda a história, a Câmara teria recolhido tributos a que não estava obrigada, pelo menos em duas oportunidades, e o Presidente, Justiniano França, constituiu escritório de advocacia de Salvador para tentar reaver o indébito, somas não desprezíveis, uma delas já recuperada e de volta aos cofres do Legislativo.
A queixa, com sintomas de lamento, que encontrou abrigo em noticiário de forte preferência popular, à primeira vista critica o Presidente da Câmara pelo fato de contratar e pagar honorários a escritório advocatício de Salvador, quando poderia, ou deveria, segundo o queixoso, contratar escritório desta cidade onde há advogados competentes e hábeis para ter sucesso perante qualquer instância ou tribunal deste país, fato a respeito do qual não há dúvidas. Chegou a aventar nomes. E fez lembrar velha historia do barbeiro, que chegando a uma cidade instalou-se com uma placa que dizia: “O melhor barbeiro do Brasil”. Tempos depois apareceu outro barbeiro, que saiu da situação de inferioridade com o slogan: “O melhor barbeiro desta rua”. E não deixa de remeter a convictos defensores da democracia que de vez em quando condenam o voto dado aos chamados candidatos de fora, achando que controlar, dirigir e limitar a vontade do eleitor é grande serviço prestado à pátria.
Toda a questão nos remete à exigibilidade de licitação para os serviços prestados ao poder público, assunto que não foi mencionado na matéria radiofônica referida, mas nela está implícito.
O país, a respeito do assunto, se tem cercado de cuidados quase neuróticos, inúteis, entretanto, no sentido de evitar roubalheiras e fraudes que todos os dias estão a enfeitar os noticiários e a dar trabalho aos Tribunais de contas.
Não é o caso, ressalte-se, da Câmara de Feira de Santana e muito menos a respeito da contratação de advogados.
O exercício da advocacia é atividade de natureza intelectual e singular, decorrente da confiança que deve existir entre contratante e contratado, e se insere nos casos de discricionariedade reconhecidos pela legislação que regula a matéria, fato proclamado pelo STJ ao julgar recurso de advogado do Rio Grande do Sul acusado de exercer a advocacia, sem licitação, em favor de Prefeitura daquele Estado.
De todo o estranho episódio uma das conclusões a que se chega é a de que mereceria insinuações, reparos, remoques e ataques o presidente da Câmara se não adotasse providências corretas na defesa do erário que está sob sua responsabilidade e controle. Agindo como agiu cumpriu o seu dever de gestor de órgão público.
Hugo Navarro da
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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