Hugo Navarro da Silva |
Surgiu na imprensa notícia de que figura da moda, Beyoncé,
cantora famosa que está aproveitando a crista da onda, declarou - e há sempre
ouvidos para os famosos – que as mulheres precisam de mais liberdade,
principalmente no setor da sexualidade. Difícil afirmar até que ponto há
sinceridade em tal afirmação, se é decorrente de convicções pensadas ou se a
cantora, que não é mais criança (o tempo não para apesar da cirurgia plástica) deseja,
apenas, mais publicidade para vender os seus discos e shows. Fato é que a
pretendida igualdade de direitos entre os sexos, que teve início quando
inventaram a pílula, há muito foi alcançada e ultrapassada pelo menos na
legislação vigente e na presunção de fraqueza física e moral que a parte
feminina usa, frequentemente, para comover autoridades quando há conflito de
interesses.
Até no setor da criminalidade a mulher tem levado vantagem,
ultimamente, correndo atrás do homem na tentativa de vencê-lo não apenas na
corrida para a disputa do título do campeonato do crime, como na perversidade e
torpeza das ações criminosas. Foi noticiado, recentemente, o interessante caso
da senhora que desmembrou marido e cozinhou partes do corpo do infeliz em
panela de pressão nova, para não perder o caldo que não teve tempo de saborear.
Foi surpreendida e presa, mas a notícia não provocou surpresa ou revolta,
passando quase despercebida, porque vivemos dias, diriam alguns, de transição,
em que têm mais valor e importância as fofocas políticas do que demonstrações,
às vezes claras e preocupantes, de incontroláveis mudanças ou tendências que se
infiltram no permeável tecido social nem sempre em beneficio da paz e da
tranquilidade da população.
Em todos os tempos, antes
e depois do sistema democrático da escolha de governantes e legisladores,
certamente o melhor que foi inventado desde os tempos antigos, nunca faltou
quem acreditasse em métodos radicais para eliminar adversários, usando de todos
os meios possíveis. Houve até pensadores, chefes e governantes que acreditavam
que a melhor solução era a da eliminação do oponente, segundo a lição do
pensador indiano Kautilya: “Para conquistar a vitória não se dever ter
misericórdia”. Pensamento que tem o mesmo sentido é atribuído a Napoleão
Bonaparte: “Para obter a vitória definitiva é necessário ser cruel.” A história
política do mundo está cheia de exemplos, como o de Júlio César, assassinado
por adversários, nos “idos de março” e o do general espanhol que ao receber a
extrema unção, perguntado, pelo padre, se havia perdoado os seus inimigos,
respondeu que inimigos não tinha porque todos havia matado.
A política partidária é vista por muitos como guerra. E,
como tal, o aniquilamento dos adversários é necessário, segundo o pensamento de
Klausewitz, o grande teórico das conflagrações, que se mostrava contrário à sobrevivência
de inimigos, o que necessariamente redundaria em acordos e perda de parte do
poder conquistado.
O mundo moderno execra a eliminação pura e simples de
adversários políticos. Busca-se, entretanto, a sua morte moral, o seu
descrédito, a desmoralização. Depois que o papo amarelo saiu de moda o boato
foi adotado como arma. Havia partidos, em certas localidades, que tinham
boateiros a seu serviço, pessoas infames, conhecidas pela capacidade de inventar
histórias e divulga-las com arte e poder de convencimento capazes de abalar a
credibilidade e a honorabilidade de adversários.
Essas pessoas não desapareceram. Foram abandonadas pela política mas, ao que
parece, ameaçam reaparecer nesta cidade, esquecidas, entretanto, de que nos
dias atuais, com as facilidades de informação, o feitiço sempre volta contra o
feiticeiro.
Hugo Navarro da
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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