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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 25 de abril de 2014

O REPETECO DA HISTÓRIA

Hugo Navarro da Silva

O Panamá, pequeno país da América Central, quase insignificante, já teve mais fama e notoriedade do que escritor comunista principalmente se recém falecido.

Colônia espanhola, o Panamá proclamou independência dois anos depois do Brasil, mas teve que fazer parte da Colômbia, pressionado por Simon Bolivar. Alguns anos depois tentou, novamente, a independência, que reconquistou durante pouco mais de um ano, voltando a ingressar na soberania colombiana na condição de departamento, quando grandes Iinteresses econômicos levaram empresários norte americanos a construir, no istmo, famosa ferrovia ligando a Colômbia à Califórnia, garantindo livre trânsito às mercadorias e cidadãos da república do norte. Na época o olho do mundo cresceu sobre o Panamá. O comércio entre ocidente e oriente era dificultado e onerado por longas viagens marítimas,  cheias de tribulações, ampliando  custos e perigos na passagem do tormentoso Cabo Horn ou na travessia do Estreito de Magalhães. Foi quando surgiu a ideia de construir passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico, no Panamá. Encurtaria as viagens que passariam a ser feitas com economia de tempo em mares mais tranquilos e seguros.

A França tomou a frente da empreitada. Era a maior potência do universo. Famosa na literatura e nas artes, tinha exército julgado invencível, o maior do mundo, sustentado por gigantesca indústria e generais cheios de pose. Sua fama caiu e se desfez, no inicio dos anos quarenta, quando a Alemanha, em menos de quinze dias, a transformou em país satélite do nazismo e Hitler dançou algo como o lepo-lepo à sombra da Torre Eiffel. A desmoralização foi total e definitiva.

 No século XIX havia na França um sujeito impressionante, formidável, Ferdinand de Lesseps. Diplomata, arquiteto, carregado de medalhas e honrarias, assumiu a direção de gigantesca empresa criada para realizar a ligação entre o Atlântico e o Pacífico, da qual vendeu milhares de ações. Experiência tinha, porque liderou a abertura do Canal de Suez, unindo o Mediterrâneo ao Mar Vermelho, antigo sonho de Napoleão. Promoveu congresso internacional, em Paris, para traçar planos destinados ao empreendimento e discutir a rota do novo canal, sucesso que elevou o Panamá às culminâncias dos noticiários internacionais. Havia muito dinheiro no empreendimento e perspectivas de lucros fabulosos. Os trabalhos, levados à força de picaretas, depois de oito anos de esforços e gastos quilométricos, não andavam. Resultaram em estrondosa quebra. Lesseps e um filho, Charles, acusados de gestão ruinosa, foram condenados às penas de multa e cadeia. O pai livrou-se da prisão. O filho passou um ano atrás das grades. Para a companhia francesa havia, atrapalhando os trabalhos, o Monte Culebra, a diferença de nível entre os dois oceanos e a febre amarela, que matou milhares de trabalhadores. Os norte americanos  intervieram na construção do Canal  em 1904, depois que o Panamá desligou-se, definitivamente, da Colômbia. Desmontaram o Culebra, que transformaram em lago, o Gatúm, usaram escavadeiras mecânicas, instalaram ferrovias para o transporte de equipamento e pessoal, realizando a retirada do material escavado, encheram a zona de trabalho de inseticida, os alojamentos de telas protetoras e criaram sistema de eclusas para compensar o desnível entre os dois oceanos.  Inauguraram, em 1914, o Canal do Panamá, que se mostrou de fundamental importância para o comércio mundial e na guerra contra os japoneses.

Panamá assumiu, durante muito tempo, o sentido de roubalheira e desordem. Será que a história se repete e teremos, em breve, na linguagem do povo, o substantivo petrobrás como sinônimo de ladroagem, fraude e baderna?
 

Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

 



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