Quem espera sempre alcança. É o que diz adágio nem sempre verdadeiro. Esperar, em
nossa época de velocidade, tornou-se praga universal. A espera, às vezes irritante
e desanimadora, é tão comum que encontra defensores como os que garantem que o melhor
da festa é esperar por ela, o que não deixa de ser verdade. Espera está na origem de esperança, doença que
Machado de Assis afirmava incurável, Ruy Barbosa dizia ser o mais tenaz dos
sentimentos humanos e às vezes serve de único remédio para certos enfermos. São Paulo define a esperança como o ato de
esperar com paciência e confiança e o Pe. Vieira pregou que “A vida de quem não
espera é tempo; a vida de quem espera é eternidade.”
Tão unida é a esperança
à vida que o nosso povo resolveu liga-la a inseto verde, que foi abundante nestes pagos. Quando pousava em
alguém estava prognosticando boas novas.
Esperanças renovam-se constantemente. São alentos para as
durezas da vida. Há esperanças no ano novo, no trabalho, no casamento, no
nascimento de filho, no próximo jogo de futebol e nas promessas dos
governantes. Em tudo há dose maior ou menor de esperança como no dia de amanhã,
na próxima viagem, no remédio salvador, nos negócios e até na mesa verde. Há
até quem tenha esperanças de salvação eterna.
Na política a oposição ao governo do Estado encheu de
esperanças a maioria do povo baiano, pouco disposto a eleger o candidato do
governo, um total desconhecido, embora tenha dado a vitória ao atual
governador, também desconhecido da maioria. O povo foi levado pelas enxurradas
provocadas pelo ex-presidente Lula, que apareceu como novo pai dos pobres e
salvador da pátria. As enxurradas não
apenas elegeram gente desconhecida como ressuscitaram defuntos insepultos.
Durante muito tempo a oposição confabulou para aperfeiçoar a
sua chapa às eleições majoritárias, aumentando a curiosidade do povo no seu
desejo de ver, à frente dos destinos do Estado, novas e confiáveis figuras. A
expectativa era enorme e as esperanças muito maiores, até que foi divulgada a
esperada escolha, que em parte frustrou os anseios populares.
O nome de Paulo Souto, para governador, tranquiliza o povo,
certo de que poderá ter governo de trabalho, sensatez, mas, acima de tudo, de
lisura e honestidade. Também não há restrições à indicação de Geddel Vieira
Lima para ocupar vaga no Senado. A
desilusão intensa, absurda, inaceitável, revoltante, reside na estapafúrdia
escolha do candidato a vice-govenador, o ex-
dono de jornal, Joaci Góes, que aparece, na chapa oposicionista, como a mosca na sopa do povo e ovelha negra da oposição. A presença da mosca
é prova da falta de higiene, a parte alucinada dos que elaboraram a chapa e
mostra que o partido que a indicou, o
PSDB da Bahia, é irresponsável e mal intencionado. Será que Joaci Góes busca
apoio de outra casa civil do governo do Estado para sustentar, com o dinheiro
do povo, outras investidas condenáveis, ou se está a
cometer o grave erro de colocar o cargo
de vice-governador no rol das coisas imprestáveis e marginais?
De uma forma ou de outra, esperanças, que as havia e muitas,
estão a se desvanecer. A oposição perde força de saída e credibilidade para
enfrentar a opinião pública.
Tem razão o povo: quem anda com morcego acaba dormindo de
cabeça para baixo. Sujou.
Hugo Navarro da
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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