Hugo Navarro da Silva |
Há uma vasta linguagem que o corpo humano pode expressar e
vasta bibliografia sobre o assunto em que se destaca “O Corpo Fala” de Pierre
Weil e Roland Tompakow. As línguas gestuais hoje se espalharam pelo mundo
inteiro, sistematizadas e legalizadas para facilitar a comunicação de certos
grupos de deficientes. Existe língua de libras supostamente universal, tentativa
de unificação semelhante à do fracassado Esperanto, criado no século XIX, na
Europa, pelo médico Zamenhof, que foi moda, neste país, com a edição de livros,
matérias em jornais e até o Hino Nacional na pretendida universalização do
entendimento humano, resultando em projeto de lei da autoria do senador
Cristovam Buarque, para introduzi-lo no curriculum do ensino médio nacional,
maluquice sem precedentes por sua flagrante inutilidade e desconchavo.
O gesto pode ser
simples, como o de sobrancelhas ou de olhos e o de fazer ruídos para aprovar,
reprovar, aceitar ou repudiar. Já existiu gesto, o do muxoxo, que parece
esquecido, para demonstrar pouco caso, desprezo, repúdio. O gesto, entretanto,
pode ser complexo, envolvendo aspectos sociais e psicológicos. Disse Giovani
Casanova, em suas “Memórias”, que para vencer em Roma o homem tinha que se
transformar em camaleão, “capaz de refletir as cores da atmosfera que o
circunda”. Foi o que fez César. Famoso e endeusado pelas guerras que lutou, à
falta de conflitos armados organizava espetáculos de combates e até batalhas em
lagos artificiais. A Roma do tempo de Casanova está replicada em muitas das
localidades do mundo moderno. Uma francesa, Aurore Dupin, tinha vocação para as
letras e grande ambição de ingressar no mundo literário. Largou o marido e instalou-se
em Paris. Queria brilhar como escritora mas descobriu que mulher, na sua época
(meados dos anos mil e oitocentos), sem dinheiro e sem marido não tinha como
vencer. Vestiu-se de homem, tomou nome masculino, o de George Sand, publicou
livros e ficou famosa fumando charutos e bebendo em público. Foi gesto largo e complexo. Mais
discreto andou Abraham Lincoln, que adotou gesto de idêntica eficácia. Lenhador
do Illinois, na presidência dos Estados Unidos nunca deixou de ser o humilde
homem do interior. Era hábil político.
A arte da política está muito mais ligada aos gestos do que
se imagina. Nascido na Roma antiga, como saudação ou homenagem e símbolo de
obediência, levantar o braço foi adotado
por Benito Mussolini, com o seu Fascismo. Era reviver antigo costume romano e ligar a lembrança dos
Césares ao novo ditador da nação italiana. Foi seguido por Hitler, que restaurou
tradicional gesto teutônico dos tempos heroicos de luta e coragem, que Wagner expressou em algumas obras
grandiosas que o ditador alemão adorava porque
se adequava a seus delírios de grandeza,
dominação e pureza da raça.
Em 1932, o escritor Plínio Salgado fundou a Ação Integralista
Brasileira, cujos membros foram apelidados de “galinhas verdes”, movimento
político imitação do Partido Fascista
italiano, cujo slogan principal era “Deus, pátria e família”. Seus membros
usavam calças brancas, camisa verde e braçadeira com a letra
grega sigma, que lembrava a suástica. Na saudação também levantavam o
braço e diziam “anauê, palavra de origem
tupi que significa “você é meu irmão”. A Ação Integralista foi dissolvida pelo
Estado Novo mas atraiu muitos adeptos entre intelectuais idiotas e idiotas de
qualquer espécie. Em 1938 tentou golpe de estado com assalto ao palácio do
Catete, no Rio de Janeiro, em um dos mais sombrios, sangrentos e vergonhosos
episódios da historia pátria.
Donos do poder recentemente foram parar na cadeia por
corrupção e outros delitos fazendo o gesto do Comunismo Internacional não
apenas como desafio ao Judiciário, mas afirmação de que o reino da roubalheira,
da baderna e da trapaça deve continuar.
Hugo Navarro da
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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