Joselito Falcão Amorim |
Em sete de setembro de mil
oitocentos e vinte e dois, o Príncipe Regente D. Pedro, ao retornar de uma
viagem a Santos, já às margens do Ipiranga, em São Paulo, recebe mensageiro com
carta urgente de Portugal, exigindo seu retorno imediato à Corte, que já havia
solicitado e não obedecido. D. Pedro, num gesto de revolta, pois suas ordens
não mais estavam sendo acatadas por algumas províncias, levadas não sabemos, se
pelo coração, pelas riquezas que vislumbrava no Brasil ou por amor, declara de
imediato o Brasil desligado de Portugal, ocorrendo assim, às margens do
Ipiranga, o grito da Independência. INDEPENDÊNCIA OU MORTE – tão bem retratado
naquele magnífico quadro de Pedro Américo.
Separado assim, Brasil de
Portugal, nem todas as províncias acataram; houve resistência na Bahia,
Maranhão, Piauí, Grão-Pará e Cisplatina, sendo que a maior delas ocorreu na
Bahia, com longa duração, grandes lutas e derramamento de sangue. Convém lembrar
o 18 de fevereiro de 1822, com a troca de comando do Forte de São Pedro, quando
o comandante brasileiro foi substituído pelo General português Madeira de Melo,
o que ocasionou revolta e luta, dando lugar ao episódio heróico da sóror Joana
Angélica, abadessa do Convento da Lapa. Devem ser ressaltado ainda, o 14 de
junho em Santo Amaro e o 25 de junho em Cachoeira, fatos esses que anteciparam o
7 de Setembro. Com a Independência, os brasileiros partidários ou solidários a
D. Pedro, sentiram-se ameaçados, sendo alguns aprisionados. Muitos foram
castigados e obrigados a abandonar Salvador, refugiando-se em Cachoeira e Santo
Amaro, não só pela facilidade, como também por serem as cidades de maior porte,
à época. Em Cachoeira, eles começaram a se organizar, recrutando voluntários com
a finalidade de ocuparem Salvador, expulsando as tropas sob o comando de General
Madeira (há historiadores que afirmam que ele era Almirante). Crescia dia a dia
em Cachoeira as forças patrióticas favoráveis à independência. D. Pedro, ao
tomar conhecimento, manda à Bahia o General Labatut, com pequeno contingente
para ajudar. Labatut era um oficial francês com grande experiência em lutas,
travadas em outros países, pois a época, devido às constantes guerras, haviam
tropas que podiam ser contratadas para defender qualquer país, as forças
mercenárias.
Labatut com sua frota, em
chegando a Salvador, tenta desembarcar em Itapuã, o que não consegue pela
presença de forças do General Madeira. Desloca-se para a Praia do Forte, mas lá
também se encontravam tropas leais a Portugal, o que fez Labatut rumar para
Alagoas, onde desembarca pacificamente. Como seu efetivo era reduzido e com
pouco suprimento, ele sobe com suas tropas para Pernambuco. Refeito da viagem,
com víveres e maior efetivo, retorna por terra para a Bahia. Passa na região de
Pedrão, onde recebe a adesão, não só de soldados, como de vaqueiros, o que deu
lugar a formar o pelotão denominado “OS ENCOURADOS DE PEDRÂO”. Dando
continuidade a sua marcha chega a Feira de Santana onde instala o seu Quartel
General, dizem que em Pojuca um riacho existente nas proximidades do distrito de
Fortaleza, hoje Jaiba. Não se tem certeza do local exato em que o General
instalou o seu comando, tarefa para os historiadores e pesquisadores. No
entanto, quanto a sua estada em Feira de Santana não há duvida, pois existe
registro documental e correspondência do Quartel General de Feira dirigida ao
Comando das forças patrióticas instalado em Cachoeira, segundo relata o
Professor Pedro Tomaz Pedreira, membro do Instituto Geográfico e Histórico da
Bahia, em seu livro “Município de Feira de Santana (Das Origens às
Instalações)”. O oficio remetido ao Comando tem o seguinte teor:
“IImos. e Exmos. Srs. - Sendo
repetidos os ataques do inimigo nos pontos de Pirajá e Cabrito, e por
conseqüência mui grande o consumo de pólvora nos ditos pontos, Vs. Exas. farão
remeter para ali, com maior brevidade possível, 100 barris de pólvora, da que
existe nessa Vila, para ser entregue ao Tenente-Coronel Comandante daquela
força, Joaquim Pires de Carvalho e
Albuquerque.
Deus guarde a Vs. Exas. - Quartel-general de Feira de Sant`Ana, 28 de Outubro
de 1822. (a) LABATUT, General.”
Joselito
Falcão de Amorim
Ex-Professor – Ex-Prefeito - Ex-Combatente
E
Soldado de minha Terra
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