Nocauteado pelos acontecimentos de junho, que abalaram o
Brasil, o governo, pressionado pela repentina queda de prestígio nas pesquisas
de opinião pública, inflação ameaçadora, revolta escancarada nas ruas e reticentes
atitudes dos seus acólitos, busca, estuporada e desesperadamente, remédios
adequados à crise. Acostumado, entretanto, ao poder sem limites, mandos e
desmandos, embarafustou por caminhos de brilho espaventoso mas de duvidosa
eficácia. Lançou mão de reforma política através de plebiscito, que não constou
das reivindicações populares, vista, certamente, como recurso dissuasório, com
o que jogava os problemas nas costas do estuporado Congresso Nacional e do
próprio povo ululante. A manobra não deu certo. O Congresso, que não prega
prego sem estopa, caiu fora: plebiscito, reforma política para 2.014, não são
viáveis, com o que a famosa, invencível, truculenta e amedrontadora base
governamental começou a se fragmentar, fazendo lembrar velha história, a dos
ratos que abandonam navio antes do naufrágio.
Atarantado, pegado em mentiras como aquela em que apregoa
ausência de gastos públicos nas maracutaias da Copa do Mundo, o governo criou
problemas com a classe médica. A providência inicial era a da importação de
médicos cubanos. Seriam funcionários do regime dos Castro destinados às brenhas
brasileiras mediante sistema de pagamento que não ficou perfeitamente
esclarecido. A ideia inicial evoluiu, depois, para a importação de esculápios
de qualquer nacionalidade e pela ampliação do ensino médico para oito anos,
dois dos quais de serviços obrigatórios ao SUS, como se tal idiotice pudesse
resolver os graves problemas de saúde publica do país, além de assustar
estudantes que apenas pretendem o direito de ter uma profissão honrada. A tendência
para a medicina cubana, de duvidosa eficiência, escondia tendências que a
grande mídia escamoteou, como os cartazes e faixas exibidos nas ruas contra
Lula e a presidente Dilma.
Acontecimentos que os fados atiraram sobre o povo
brasileiro, como a visita do Papa e a denuncia de espionagem americana em
território nacional, aos quais a propaganda oficial tem dado desmedida
importância, não conseguiram aliviar as iras populares. Todo mundo sabe que a
Internet é rede internacional sujeita a tecnologia que evolui diariamente e a
ninguém oferece segurança. Ladrões invadem sistemas bancários e, “rackers”,
blindadas estruturas de defesa de países no mundo inteiro. Não há segredos na
rede.
A visita do Papa Francisco, que começa a encher o Brasil de
romeiros, despertou as atenções da ABIN, que teria advertido o governo da
possibilidade de manifestações políticas durante a estada do ilustre visitante.
ABIM é a agência de espionagem do governo Brasileiro. Apesar de brincadeiras como
a do chargista, que mostrou manifestantes pedindo ao Papa abatimento de vinte
centavos no dízimo, a enxurrada de fieis que entram no Brasil, de toda parte,
supostamente trazidos pela fé, deve despertar as atenções dos serviços de
inteligência nacionais sobre o que alguns podem trazer nas malas e mochilas e
de disfarceda movimentação de gente perigosa do tipo que anda a aterrorizar o
mundo.
O fato é que desde junho as manifestações de desagrado não
abandonaram as ruas, levando o governo ao que médicos e auxiliares chamam de
estado pré-agônico, por simples incompetência, auto-suficiência exagerada,
poder disfarçadamente ditatorial e desprezo pelo reais interesses do povo.
Hugo
Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio
Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do
Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria
produzida
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