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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

CONTEXTUALIZAÇÃO DO ABASTECIMENTO PÚBLICO DE ÁGUA DE FEIRA DE SANTANA


Alpiniano Reis Oliveira Filho - Engenheiro Civil, servidor aposentado da EMBASA, é membro da academia Feirense de Letras.
     



Na década de cinquenta em Feira de Santana, com o sistema tubular de abastecimento público de água inexistente, duas imagens eram frequentes na cidade: o aguadeiro que captava água em fontes naturais, lagoas ou cisternas e atendia a população mais carente comercializando água em carotes transportados em lombo de animais, sendo diferenciado entre o fornecedor de água para beber, ao preço de 800 réis por carga de quatro carotes de 20 litros (foto 3) cada e o fornecedor da água para gastos, vendida por 400 réis, a metade do preço, e os cata-ventos sobre torres metálicas treliçadas que utilizavam a energia eólica no bombeio de água de poços nas residências dos mais abastados e em alguns órgãos públicos como mostra na foto 1 e 2, o existente na sede da Prefeitura Municipal. Para abastecimento também eram utilizadas as cisternas em algumas residências com disponibilidade de área, evitando-se a proximidade das fossas.
Foto 1 - Catavento da Prefeitura
 no 2º plano. atrás do
Colégio Santanópolis - 1933 
      Conforme noticiou o Jornal Folha do Norte na edição de 26 de janeiro de 1957, aconteceu a inauguração do primeiro serviço público de abastecimento de água da cidade de Feira de Santana, transportada através da rede tubular e atendendo a população do centro da cidade por meio de ligações domiciliares. Esta opção foi viabilizada mediante a utilização de três poços perfurados no entorno da Lagoa Grande em lugar da opção de utilização do rio Paraguaçu como manancial de superfície para captação, dado a extensão e o alto custo da rede adutora além da necessidade da instalação de uma unidade para tratamento da água bruta.
Foto 2 - Catavento em frente ao
antigo mercado do fato, atual
Secretaria de Habitação,
hoje a feirinha de verduras 
Foto - 3 Jegue carregado
com quatro carotes
Somente no ano de 1957 - ainda mantendo-se o projeto inicial - foi concluída e inaugurada a obra através do Serviço Especial de Saúde Pública - SESP com projeto elaborado para início de operação no ano de 1950, atenderia uma população de 27.000 habitantes.
Obviamente que, passados sete anos, o per capta diário calculado em 150 litros para cada habitante já estava defasado, não sendo possível atender sua respectiva população com a vazão de 17,5 litros por segundo de cada equipamento de bombeio instalado nos três poços, justificando assim a perfuração de poços à medida que fosse necessário, como diz o
mencionado jornal.
Foto 4 - Reservatório da rua
Cristovão Barreto esquina com
r. Castro Alves (acervo do autor)
Um gerador energizava as motobombas dos poços as quais operavam lançando diretamente na de distribuição, ou seja, considerando toda cidade satisfatoriamente atendida, a produção excedente de água seria acumulada em dois reservatórios para compensar o consumo nos horários de pico. Trabalhando como reservação de jusante, os dois reservatórios em estrutura metálica apoiadas e de formato cilíndrico com 20 metros de altura por 12 metros de diâmetro, reservando cada um aproximadamente 2.250 metros cúbicos de água, sendo um localizado no antigo Pilão sem tampa - atual Rua Cristóvão Barreto, numa antiga área situada na esquina com a Rua Castro Alves (foto 4)  e o outro no Jardim Cruzeiro, na área onde hoje se situa uma Escola Municipal (foto 5).
Foto - 5 Reservatório do Jardim
Cruzeiro próximo ao Estádio
Municipal -  (acervo do autor)
Morando nas imediações da Rua Cristóvão Barreto, lembro-me ainda da inscrição em letras pretas no alto do reservatório: RM.F.S. - S. A.M.A. - Cap. 2.250 M3 (Prefeitura Municipal de Feira de Santana Serviço Autónomo Municipal de Agua - Capacidade de 2.250 metros cúbicos de água). Estes reservatórios metálicos desativados em 1971 com a implantação do novo Sistema Integrado de Abastecimento de Água - SIAA de Feira de Santana através do Rio Paraguaçu, foram leiloados como sucata pela concessionária Embasa e demolidos por volta de 1982.
O sistema então dimensionado para uma população estimada em 60.000 habitantes para o fim do de 20 anos (1970) muito antes já obrigava a busca e o estudo de outro manancial            para abastecimento da cidade feirense diante a demanda exigida pelo crescimento populacional.
A existência da Barragem de Bananeiras, localizada a 13 km da cidade de São Felix, que foi construída em concreto armado no ano de 1930 no curso do Rio Paraguaçu com finalidade em aumentar a oferta de energia elétrica para as cidades de Salvador, Feira de Santana, Santo Amaro, Conceição da Feira, São Gonçalo, Cachoeira, Muritiba, Cruz das Almas e São Felix, anteriormente cogitada, foi eleita como opções para o abastecimento de água de Feira de Santana, sendo utilizado o barramento existente para a instalação da unidade de captação de água bruta.
O denominado Sistema Integrado de Abastecimento de Água de Feira de Santana, Conceição da Feira e São Gonçalo inaugurado em 25 de fevereiro de 1971 (S1MAS, 2015) tinha capacidade máxima para tratamento de 320 litros de água por segundo, tendo uma Estação de Tratamento de Agua Convencional - ETA, três elevatórias de água sendo uma de captação de água bruta e duas de água tratada, aduzindo para um reservatório apoiado com capacidade de armazenamento de 3.500 metros cúbicos localizado na Serra da Conceição no município de Conceição de Feira. A partir da cota elevada do reservatório da Serra, a adução da água tratada dava-se por gravidade, com derivação em dois pontos para abastecimento das cidades de Conceição da Feira e São Gonçalo antes da chegada à cidade de Feira de Santana. A adutora, tanto no trecho por recalque quanto no trecho por gravidade, era constituída por tubulação em aço com diâmetro de 600 milímetros e extensão total de 32 km.
A vazão de chegada em Feira de Santana era regulada por uma Torre de Equilíbrio com aproximadamente 30 metros de altura, sendo mais conhecida como Chaminé do Tomba por sua localização no bairro do mesmo nome. Em estrutura metálica e formato cilíndrico de onde partiam três linhas troncos de distribuição de água com diâmetro de 550 milímetros e estendidas ao longo das artérias Papa João XXTÍI, Avenida Senador Quintino e a Avenida João Durval (antiga Avenida Anchieta). O referido sistema contemplou também a implantação de novas redes e ligações domiciliares, inclusive com o aproveitamento de parte da rede de distribuição de água do antigo sistema (1957) constituído em tubos de cimento amianto e existentes no centro da cidade de Feira de Santana. Este Sistema Integrado de Abastecimento de Água - SIAA teve sua gestão transferida para o estado, sob a responsabilidade da Companhia do Saneamento do Estado da Bahia - COSEB a qual diante o Programa Nacional de Saneamento - PLANAS A passou para a Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. - EMBASA em 1975 através de uma concessão municipal.
No início da década de oitenta o SIAA Feira de Santana, Conceição da Feira e São Gonçalo já se encontrava subdimensionado para atendimento à população feirense, exigindo a utilização de manobras na rede de distribuição. Nesta época a cidade de Feira de Santana dispunha além do  SIAA do Paraguaçu o Sistema do Centro Industrial do Subaé, que fazia o atendimento as indústrias instaladas ao longo da BR-324 e bairro do Tomba e a distribuição nos bairros do 35 BI, Parque de Exposições e adjacências. Este sistema não mais existente era constituído de poços artesianos localizados nas proximidades da Lagoa Grande e recalcado para um reservatório elevado de 500 metros cúbicos, localizado nas imediações do viaduto da BR-324.
A consequente formação do lago com a construção da barragem de Pedra do Cavalo no ano de 1986 deixaria submersa a barragem de Bananeiras e as unidades de Captação, Estação de Tratamento de Água ETA e uma das Elevatórias de Água Tratada do SIAA de Feira de Santana. Consequentemente, no mesmo ano, já se encontrava concluída a prrimeira etapa das unidades do atual SIAA com capacidade inicial de tralamento da vazão de 1.000 litros de água por segundo. Com a relocação do ponto de captação de água bruta para às margens do Lago Pedra do Cavalo na mesma obra para atender o fim de plano de 1.500 litros por segundo, foram construídos em paralelo a adutora existente de 600 milímetros outra linha adutora em aço com diâmetro de 800 milímetros para o trecho de recalque e 900 milímetros de diâmetro no trecho de adutora por gravidade, dois reservatórios apoiados de 10.000 metros cúbicos de água cada, localizados na Serra da Conceição com cota mais elevada que o existente. A segunda etapa da Estação de tratamento deu-se em 1997, sendo atingida a vazão de 1.500 litros por segundo para atendimento além da cidade de Feira de Santana as sedes dos municípios de Conceição da Feira e São Gonçalo.
Digno de nota foi o período de enchimento do Lago Pedra do Cavalo em que o nível da água já havia submerso parte do antigo sistema, mas não havia atingido a nível mínimo das novas instalações de captação de água. Como alternativa técnica foi utilizado um sistema intermediário flutuante, onde as bombas instaladas sobre uma barcaça aduziam a água bruta por mangotes de borracha até a ETA. Certo dia, causado por uma rápida falta de energia, ocorreu o chamado golpe de aríete rompendo a voluta de uma das bombas, inundando o interior da barcaça e a fazendo submergir deixando todo sistema público de água completamente desabastecido. Uma equipe de mergulho especializada foi contratada para atuarem na abertura das comportas inferiores da nova unidade de captação que oportunamente já se encontravam submersas, ao tempo que fizeram recuperação da barcaça.
Um fato curioso foi também a construção do reservatório elevado de 3.900 metros cúbicos localizado no bairro do Tomba para recebimento da água para distribuição em Feira de Santana. A cuba de reservação com 30 metros de diâmetro por 10 metros de altura construído em concreto e apoiado ao solo, sendo toda essa estrutura içada por macacos hidráulicos para o alto do fuste de 30 metros que havia sido simultaneamente construído. (Foto 6).
Foto - 6 Caixa d'água do Tomba
 (acervo do autor)
Na concepção desse Sistema de Distribuição de Água da cidade de Feira de Santana foi também adotada a funcionalidade do reservatório elevado como sendo de compensação, similar ao primeiro sistema.
O que operacionalmente no início foi possível, ao longo do tempo foi perdendo sua eficiência por decorrência até mesmo da expansão do sistema atendendo localidades rurais no município de Feira de Santana, além do abastecimento de água das sedes dos municípios de Santanópolis, Santa Bárbara e Tanquinho (1988) e alguns dos gerando assim constantes despressurização nas redes de distribuição da cidade feirense.
Na busca de amenizar o problema do desabastecimento, várias alternativas foram postas em prática como a construção de elevatória intermediária no trecho de recalque de água tratada e o intenso combate a perdas com a implantação de zonas de abastecimentos dotadas de macro medidores e monitorados por telemetria.
Em setembro de 2016 foi inaugurado o Centro de Reservação Feira Norte formado por três reservatórios apoiados de 8.000 metros cúbicos cada, construídos emplacas pré-fabricadas em fibra de vidro adquiridos nos Estados Unidos. Visando agilização da obra, também curioso foi a instalação dos mesmos, que tiveram como técnica de construção no primeiro momento a execução da cobertura, sendo a mesma elevada à medida da montagem das paredes, iniciando com as placas superiores e sequenciando até a base de concreto, previamente preparada. (Foto - 7)
Foto - 7 Uma das células de reservação
de 8.000 metros cúbicos de água.
 (acervo do autor)
O Jornal da Embasa publicado em outubro de 2016 informa o início das obras de implantação do Centro de Reservação Feira Leste para atendimento a crescente demanda dessa região da cidade. Esses reservatórios, em número de dois, foram construídos em concreto com capacidade de 4.200 metros cúbicos cada e concluídos em 2018.
Até o presente o Governo do Estado tem informado sobre a ampliação da atual vazão de 1.500 litros por segundo no SIAA de Feira de Santana, que já deveria ter ocorrido desde 2005, - considerando o dimensionamento de 1985 para 20 anos. Até dezembro de 2018, estimava-se o atendimento de quase 267.000 economias para o SIAA de Feira de Santana, Conceição da Feira, São Gonçalo, Tanquinho, Santa Bárbara e Santanópolis, devendo atender uma população de aproximadamente 1,0 milhão de habitantes. Diante estas estimativas, espera-se com brevidade a construção de um novo Sistema.



Replicando: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana nº 16

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