Ronaldo Senna |
Sabemos que dividir a realidade (humana, natural, culturalizada) entre
belo e feio, não passa de uma manifestação de maniqueísmo herdada da antiga grécia.
Um código que nos leva a pensar por exceção, embora nos esforcemos a formatar
pensamentos padronizados. E um paradigma recebido (geralmente sem uma
adequada visão crítica) através dos referenciais oriundos da Europa
colonialista e colonizadora.
Mas, apesar da expansão mercantil européia ter remodelado e ressignificado
tonicamente o mundo, nem tudo o que pensamos e sentimos se enquadra nesse
modelo. Herdamos, também, protótipos originados nas matrizes africanas
(principalmente as sub-saarianas), nativas (indígenas) e várias outras.
Considerando esse painel, da mundividência africana adquirimos um tipo de
dialética priorizada por sentimentos ambivalentes. Entre eles se encontram a
“natureza” dos orixás que nunca são, dicotomicamente, bons ou maus, feios ou bonitos, certos ou errados e, mesmo,
contra e a favor.
É a cultura
intensamente relativizadora e ecológica. Talvez a mais adequada à terceira
revolução industrial ora em curso que vem procurando, quase desesperadamente,
uma saída para os problemas por ela mesma criados.
É bem possível
que a ambivalência, muito montada na relativização dos arquétipos, no respeito
às diferenças e na escolha semi-deliberada das formas dialéticas de pensar
esteja sendo a imprescindível solução que o ser humano necessita alcançar.
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