“A Flor”, estreia hoje em o
seio captivantente de suas bem confeccioadas columnas, mais um iníeliigente collaborador, José Ribeiro Falcão, moço
cultor da arte íiteraria.
José Falcão, é sem
sobejos de formulada lisonja, um sonhador ardente c futuroso das letras
nacionaes.
Curioso como elle o é, seria um
valente treinador da literatura, se lhe não prendessem os amores do seu
berço-lugar pouco entrado na arte que immortalísa os sublimes espcríptotes.
Nato de Âffonso Fenna, uma
pequenina e agradavel cidade, que seria linda e primorosa como primorosa e
linda é a Feira, se algumas das suas poucas mil almas não marchassem de
flanco ao aperfeiçoamento das bellezas que a
fidalga-Natura lhe proporcionou, alli, naquella pagina em vagarosa alaboração, naquelle pedaço desta opulenta Bahia, estão occultas
entre a poeira inexgottavel do tempo, as illusões e desillusões das suas vinte
e algumas primaveras.
Deísde criança, vinha
demonstrando gosto e predileção pelas letras, e hoje já se tornou o admirador
convicto do estylo de ouro de Almeida
Garrett, da arte admiravel de Latino Coelho e da
maviosidade offuscante de Coelho Netto.
-Valiosos fructos do
seu esforço proprio.
Felismente, a mocidade feirense ja
está evolucionando, propugnando pela resurreição da Feira intellectual, porque ella
não é hoje a gigante de então na instrução; e se florir sempre o enthusiasmo de
agora não tardará o seu diadema de princeza, quando concluído o trabalho da
longa lapidação nos diamantes que ornám o seu rico seio.
Já gosamos, todas as noites, algumas horas do
harmonioso concerto da instrucção. víbrado pela mocidade desta terra, lá no “Rio
Branco”, cada dia mais forte, mais coheso, ma Is valoroso:-São os ruídos das
pedras de variados valores, nos exames
prolongados dos lapidarios.
E é
a este núcleo de futuros literatos, que eu apresento, humildemente, o “Idyllios do pôr do sol”t como a conclusão de
um esforço indomável de um rapaz que domina os impossíveis, para galgar a sua
aspiração.
Abraçae, pois, os livros, e trilhae o
seu caminho juncado de cardos, que adiante encontrareis múltiplas recompensas
de pétalas. Avante, mocidade feirense!
Soerguei o nome da vossa Feira.
Werdaval Pitanga
José R. Falcão Intelligente autor do phantasia "Idyllios do por do sol" collaboração que honra hoje as columnas da A FLOR |
IDYLLIOS DO POR DO SOL
Para D. Glorinha Campos
Hora nostálgica, O sol vencido
atufava-se nas bandas do poente, e da cabelleira purpura das nuvens “desdobrava-se o
vasto incêndio do crepúsculo.”
Escoado pela baça claridade do
esmorecer do dia, o ceu de um asul puríssimo amortalhava-se dos mais vividos
matizes e, aqui e alh, farrapos de nuvens alvadias enroscavam-se como um véo de
gase, opalino, tecido no fundo esbatido da cupuía siderea.
Ao longe, bois morosos pastavam
mansamente, da superfície arenosa e adusta á esteira esmeraldina da relva que
se espreguiçava pela? extensas planícies do diserto ...
Ainda mais longe, á esquerda das
alterosas cordilheiras, em cujos flancos as ardentias do astro solar
reverberavam os seus últimos c mortiços clarões, pulverisando-os do ouro fosco
dos seus raios, a passarada, em bando, passava
saudando o cahir da noite.
Mais além, nas proximidades dos
penhascos “desigualmente alcantilados,”
em cujas fraldas morria docemente o verde
ondulado dos campos, ouvia se, de quando em quando, o “gorgear da musica dos ninhos” cujas dúbias harmonias fundiam-se em as
notas sonorisantes de uma flauta, que entoava nenias de saudades, como uma
sentida prece! ...
Abaixo, sobre os barrancos de areia que emparedava as
sinuosidades de um rio que, em murmuro ruido, serpeava pelas campinas em flor,
destacava-se o typo juvenil de u’a moça, qual outra
nympha ao pé da fonte de Castalia, meditando, a sòs, talvez, em recondito
pensamento.
De repente as subtas
transformações da Natureza se desfaziam em trevas, e nem mais o leve
soprar da ventania, que se entrançava pelos
jardins no remexer das flôres, fazia evolar
aos ceus o perfume das sua assetinadas e veludineas petalas; havia, no enteanto,
um silencio sepucral, e a monotonia dos campos era, apenas, quebrada pelo badallar da Ave-Maria, que repercutia no infinito dos valles, na imensidade das serras, ao longo das quebradas, langoroso, funerio e compassivo...
Em gradações sinistras, passava o cortejo sonambulico do crepusculo, e a transfiguração do dia afigurava-se a uma criança semi-durmindo, atravez de cujos olhos divisava-se a casta transparencia das noites enluaradas.
E, sobre o silencio dessa hora vesperal, a fraga de um rochêdo, à beira-mar, alguem cuja magoa parecia pungir-lhe o coração, com os olhos fixosna amplidão do espaço, conservava a attitude de quem interrogar pareci, ao pombo gemebundo, os segredos das suas magoas, "e eu que de tudo me esquivava, sentia dentro de mim rithimos da saudade".
JOSÉ RIBEIRO FALCÃO
Na QUERELA I, vimos o colunista Aluizio Rezende desancando seu confrade Guilardo Cohim. A seguir, veremos o mesmo Aluizio "metendo o pau" nestes dois colunistas acima.
Notas do Blog: 1) os erros
por acaso encontrados, são do português da época ou da tipografia. Na sequencia
da série, notaremos a briga de acusação de erros da língua.
2) este texto é um Facsimile do jornal "A FLÔR" edção nº19 de 30 de agosto de 1921. pag. 1, 2
2) este texto é um Facsimile do jornal "A FLÔR" edção nº19 de 30 de agosto de 1921. pag. 1, 2
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