A águia tem lugar especial nessa espera porque esse símbolo por si só já diz muita coisa: esta ave está sempre atrelada à sagacidade e à sabedoria.
Ruy Barbosa, brilhante escritor e competente jurista de seu tempo, recebeu, em 1907, na Holanda, o apelido de Águia de Haia por sua brilhante atuação. Eram ― águias que o Santanópolis desejava formar.
A águia representa um emblema supremo. Como senhora do ar, é um dos símbolos mais ambíguos e universais, simbolizando a majestade, a dominação, a vitória. Sua acuidade de visão e capacidade de vôo denotam onipotência e superioridade, poder, velocidade e uma grande percepção do mundo. (FISCARELLI; SOUZA, 2007, p.111).
Na escultura da águia, encontra-se centralizada a fotografia do Dr. Áureo Oliveira Filho, diretor do Ginásio. O lugar de destaque evidencia seu poder na condução dos trabalhos na escola, pelo menos simbolicamente, já que não podemos desconsiderar o trabalho realizado cotidianamente por suas irmãs Edelvira D‘Oliveira – que foi diretora do estabelecimento durante longo período, principalmente depois que o Dr. Áureo Filho assumiu cargos eletivos na política – e Hermengarda Oliveira. Na base estavam as fotografias dos professores como um sustentáculo e, nas asas, as dos alunos, posicionamento este que remete ao ilimitado, à capacidade em alçar vôos, à ousadia de pensar que o ― céu era o limite. Diferentemente dos convites das normalistas da Escola Normal, sua rival/parceira, que privilegiava imagens sagradas que remetiam ao magistério – como um dom e uma missão divina‖ (SOUSA, 2001, ) e o livro como símbolo de saber –, os quadros do Santanópolis privilegiavam animais para representar poder e sabedoria.
Os chamados quadros de formatura tinham tanta repercussão na cidade, movimentando o imaginário social, que ficavam expostos, nos anos 1940, num importante espaço comercial da cidade, a - Casa Armando – onde eram confeccionados os ternos dos homens da elite feirense – para a visitação pública
A grandiosidade desses quadros e sua importância social estão registradas nas páginas do Jornal Folha do Norte que dedica um item da reportagem sobre a formatura de bacharelandos do ano de 1939 ao quadro de madeira. Apesar de longa a descrição, creio ser de suma importância sua transcrição neste trabalho, uma vez que esses quadros não foram preservados e não existe um sequer para que possamos apreciá-lo, restando-nos a descrição como condição para uma aproximação do mesmo.
Trabalhado a primor em cedro odarala pelo reputado artista Feirense, Alcides Fadigas esse belo e original quadro de acentuada feição moderna representa ramadas floridas de roseiras destacando-se no matiz rubente sombrio e fosco do fundo da peça indo envolver à direita seis retratos dos diplomados de forma elíptica como todas as demais nítidas efígies que figuraram no quadro devido à proficiência do hábil operado fothográfico Naphitalino Vieira.
Outra dessas hastes providas de folhas e rosas de coloração algo mais forte e luzente e em alto relevo cingem à esquerda a fotografia dos professores homenageados [...] todas emolduradas em madeira de tonalidades claras com os nomes e títulos em recorte contrastando com a cor generalista do fundo da
peça. Ao centro avulta uma cercadura e os dísticos ―Ginásio Santanópolis – Feira, o retrato do paraninfo em formato maior ladeando as iniciais G. S. crcunscritas na referida faixa circular. (FOLHA DO NORTE)
Para se ter uma dimensão da importância desses quadros para a sociedade feirense da época, basta informar que o Jornal Folha do Norte (nº 1586, de 02/12/1939, p1) anunciou que esse quadro de original e extraordinário efeito que faz honra a arte feirense esteve em exposição por muitos dias nas montras do edifício da Companhia de Energia Elétrica à rua Conselheiro Franco, nesta cidade.
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