Santanopolitano, feirense, pesquisador, professor, historiador,
escritor;
Arquivista do jornal "Folha do Norte";
Autor de livro sobre
a vida e a obra de Georgina Erismann;
Organizador de
coletânea de memorias Periódicos Feirenses
Santanópolis - 1954 a 1955 e jornal O Coruja -1955 a 1957.
CELESTE DE
CERQUEIRA: Nasceu em 1888, na cidade de Feira de Santana, Bahia. Filha de Cesar
Ribeiro de Cerqueira e Maria Amélia Bacelar Cerqueira de Castro. Começou a
dominar tecnicamente a harmonia do canto em Feira de Santana com a cantora
espanhola Eloina Martinez, que estava passando um período nesta cidade. O
entusiasmo de sua mãe animou a filha a continuar os seus estudos. A intuição de
sua mãe Maria Amélia Bacelar de Cerqueira que era pianista e professora, não
passou despercebida a vocação da filha e que passam a residirem na capital. A
princípio Celeste inicia o curso de canto com Marie Daumerie, e pouco depois
com Madre Josephine, superiora do Convento das Mercês em Salvador, aprimorando
e conhecendo os segredos da arte de cantar. Em 1912, Celeste de Cerqueira com o
aproveitamento dos ensinos primordiais, deixou a Bahia com destino a Europa,
sendo seu objetivo Paris. Na Cidade Luz, foi discípula da notável cantora russa
Félia Litvinne aprimorando os ensinamentos de canto por três anos sendo bastante
proveitosos, e devido à guerra em 1915, retorna ao Brasil para sua terra natal
onde realiza algumas apresentações. Correspondências e amizade mesmo distantes,
continuaram entre a mestra ilustre e a discípula baiana. Muitas cartas de Félia
Litvinne para Celeste, que em todas elas, a grande artista deixou transparecer
a sincera admiração a nossa conterrânea. Num dos cartões enviados encontra-se
esta dedicatória honrosa: “À la chére et belle artiste Celeste de Cerqueira qui
a si bien compris mon enseigment son professeur et amie Félia” ( A querida e
atraente artista Celeste de Cerqueira que tão bem compreendeu meu ensino, sua
professora e amiga Félia). Todos os segredos da arte de ensinar, e todas as
dificuldades da arte de cantar, foram transmitidos sem reservas pela famosa
cantora, e assimilados com extraordinário proveito pela discípula talentosa. Em
1922, Celeste de Cerqueira retorna à Europa. Na Alemanha o encontro com outra
grande mestra, a professora Lili Lehemann que lhe ministra proveitosos
ensinamentos da arte do canto com duração de um ano. Mais uma vez retorna a
Paris em 1923, ao encontro da sua primeira mestra Félia Litvinne, dando
continuidade aos estudos de canto que durou três anos. Vindo da Europa de
retorno a Salvador, desempenha papel importante dando impulso inconteste ao
movimento artístico contemporâneo. Assume a direção do Instituto de Música da
Bahia, inclusive se destacando como professora de canto, onde muito contribui
para o progresso cultural musical. Festa de arte ocorrido no dia 02 de março de
1929, em benefício para a conclusão das obras da Igreja do Senhor dos Passos,
as primas Celeste de Cerqueira e Georgina Erismann, realizaram um magnifico
concerto no salão nobre do Paço Municipal. No 2º Congresso Feminista realizado
no Rio de Janeiro em 1931, a delegação da Bahia era composta de 4
representantes: Dra. Hermelinda Paes, Edith Mendes da Gama e Abreu, Judith
Mendes e a cantora lírica Celeste de Cerqueira. As três últimas eram feirenses.
Por ocasião do 1º Congresso Eucarístico Brasileiro, realizado na Bahia em 1933,
foi encenado o “Oratório de Fátima”, do compositor luso Ruy Coelho, com versos
de Afonso Lopes Vieira. Solista principal a cantora lírica Celeste de
Cerqueira, com sua voz de contralto deu grande brilho ao espetáculo, sob a batuta
do Padre Luiz Gonzaga Mariz, onde figuraram mais de 150 cantores. Celeste de
Cerqueira juntamente com mais três personalidades, foram homenageadas pela
Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, como elementos destacados do
feminismo brasileiro, solenidade ocorrida no dia 11 de setembro de 1935 no Rio
de Janeiro. Convidadas pelo maestro Villa-Lobos e Frei Pedro Sinzig, houve três
apresentações no Teatro Municipal, sobre a “Missa Solene” de Beetthoven, a obra
musical mais profunda de todos os tempos. Foram ilustradas pela apresentação do
“Leitmotiv” e trechos particularmente expressivos, a cargo das professoras: Iza
Queiroz Santos (piano), Celeste de Cerqueira (contralto) e Irene Yara
Sacranmento (soprano), acontecimento em janeiro de 1936 no Rio de Janeiro. No
início da década de 40, Celeste de Cerqueira se transferiu para o Rio de
Janeiro, onde exerceu suas funções de ensinar e cantar, tendo realizado várias
apresentações, e participando dos movimentos culturais sendo agraciada com o
título de Mestre de Canto. Faleceu aos 57 anos no Rio de Janeiro, no dia 27 de
janeiro de 1943.
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