Martiniano
recebe convite de formatura da Faculdade de Direito da Universidade Federal da
Bahia (UFBA), remetente Maria Lúcia Sampaio de Oliveira, minha irmã. Martiniano
feliz, pois as famílias eram muito unidas, os Carneiro e os Oliveira, tanto
meu pai Áureo Filho quanto Martiniano, éramos vizinhos da Marechal,
principalmente eu, fui amigo de todos, inclusive compadre de Wilson (Issinho),
perdurando por toda a vida deles.
Voltemos ao convite. Martiniano e D. Semíramis
(D. Semi), parabenizaram meus pais e logicamente Lúcia a formanda, tudo dentro
dos sinceros conformes.
Martiniano mais tarde lembrou que seu
filho Mirinho deveria estar também se formando, fez vestibular junto com Lúcia,
no mesmo ano. À noite perguntou a D. Semi, se Mirinho também não ia se formar e
porque não ia participar da formatura, ela respondeu que não sabia, vamos
esperar por ele que vem no final de semana para casa, Mirinho estava “estudando”
em Salvador. D. Semi, estava desconfiada que o problema era sério, mãe intui catástrofe
na família.
Catástrofe era a terminologia adequada, quando Martiniano ficava bravo, contrariado ficava furioso, era um pai estremoso, mas os meninos não eram fáceis, principalmente Tonton.
Vamos fazer um hiato para exemplificar como era esta ira de
Martiniano. Certa vez em uma segunda-feira, a Marechal era um dos centros da
enorme feira, um mundo de gente em volta do buraco escavado para colocar um tanque
de combustível de uma bomba de gasolina que Martiniano estava instalando, Tonton
e Mirinho estavam em luta corporal. Depois de acabar com a briga e tocar os “galos
de briga” para dentro de casa, passou a responsabilizar D. Semi, pela educação dos
filhos, de forma teatral, discursando alto, os passantes ouvindo aquela peroração,
paravam na porta da loja. Quando D. Semi, com aquela paciência que só os sábios
chineses tem, foi até a porta e disse “gente eu não traí Tino (como ela chamava
Martiniano), é só sobre a educação dos filhos”, o povo envergonhado dispersou e
Martiniano caiu em si, e depressa foi para o fundo da loja, ela sabia lidar com
o marido.
Mas voltemos a catástrofe que se avizinhava.
Mirinho nunca passou no vestibular, não que faltasse capacidade, mas seu foco
era futebol, fez três vestibulares, filava os cursinhos, e quando assistia às
aulas ficava desenhando, fazia isto muito bem, outra das suas qualidades que
foram importantes na sua futura tipografia junto a seu irmão Waltinho.
D. Semi, para evitar um problema maior,
deportou Mirinho para o Rio de Janeiro, indo morar com o irmão Etinho.
Martiniano levou um tempo resmungando
com todos os traidores da sua autoridade. Quando recebeu o “Jornal dos
Sports” Rio de Janeiro, comentando jogo do Flamengo x São Cristóvão na Gávea, o
texto ressalvava “uma promessa do São Cristóvão, o meia Mirinho”. Em seguida o repórter
do mesmo jornal noticia o convite do Flamengo para treinar no rubro-negro.
Flamenguista doente (pleonasmo kkk),
Martiniano, não só perdoou, como ligou incentivando a possível nova carreira, entusiasmado,
mostrava o jornal a todo mundo[1].
[1] A
carreira futebolista de Mirinho não decolou. O que diziam era que ele tinha um
problema no joelho. Tem alguma verdade, pois apesar de sempre ser um excelente jogador
de Futebol de Salão de Feira de Santana, inclusive da seleção, sempre tinha
problemas com o joelho.
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