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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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terça-feira, 5 de janeiro de 2021

BANDEIRANTE JOÃO PEIXOTO VIEGAS, O GRANDE ESQUECIDO EM FEIRA

 

JANIO REGO

Jornalista, editor do Blog da Feira.

BLOG DA FEIRA

Santanopolitano 

foto/arquivo BF:  nau da igreja de 

São José das Itapororocas. 


João Peixoto Viegas, o grande esquecido , foi sem dúvida alguma o povoador da região de Feira de Santana em data anterior a 1653, conforme a “Carta de Confirmação de Compra” da Sesmaria que foi ampliada em 1655 com as vastas terras desde a embocadura do rio Jacuípe no Paraguaçu, abrangendo o território entre os dois rios até suas nascentes.

No requerimento, o bandeirante alegava que cinco anos antes, depois de um abandono de vinte anos pelas invasões dos índios, reforçava o pedido com a introdução do “gado, escravos, moradores, casas fortes sobrado de pedra e cal e uma igreja…”

O templo funcionou como capela até 1694 quando foi elevada à condição de Matriz. Entre as preciosidades do arquivo do nosso Bispado se encontra um livro de batizados e casamentos da Freguesia de São José das Itapororocas (1685-1710).

Parte da primitiva Matriz resistiu ao tempo até o início do século XX. Em 1915 a antiga nau da igreja foi substituída pela atual. Tem valor histórico apesar da destruição dos altares de talha, como lamentava o saudoso Eurico Boaventura. De primitivo mesmo, do século 17, restam imagens e algumas alfaias.

O grande missionário capuchinhos frei Apolônio de Todi esteve também em São José por volta de 1792.

Fundador de Monte Santo, Bom Conselho (Cícero Dantas) e Monte Alegre (Mairi) onde morreu, Euclides da Cunha lhe fez os maiores encômios nas páginas de ‘Os Sertões’.

Em documento transcrito das Memórias Históricas e Políticas da Província da Bahia (do coronel Ignácio Acioly e anotado por Braz do Amaral, volume V, da Imprensa Oficial, 1937, folhas 236/37), o missionário descreve o longo e penoso itinerário de suas missões em Sergipe e no São Francisco, nas várias paróquias do interior, sempre edificando igrejas, cemitérios e tanques, em regime de mutirão. Ele mesmo fala da reconstrução da igreja e dos maus tratos recebidos. Ouçamo-lo:

Fui missionando e chegando à freguezia de São José das Itapororocas, em que estava principiada nova igreja matriz, porém parada, e me pedirão de os ajudar a fazel-a. Principiei logo a apromptar o material, e porque não havia dinheiro algum, fui pedindo e se ajuntou, na mão do depositário que tinhão escolhido, mais de trezentos mil réis. Chamei os pedreiros, e se faz a capella mor e as sacristias, e para prosseguir o corpo da igreja se encherão os alicerces, e se levantarão fora da terra quatro palmos de paredes. Tinha ordenado ao depositário de pagar os officiaes todos os domingos, porém, nada disso fazia, antes gastava pela sua caza e pagava suas dívidas. Recebo queixas dos officiaes, pergunto-lhe porque não pagava os officiaes? Me respondeu que não tinha como pagal-os. E pois então tantas esmolas que lhe mandei entregar, que vão em quinhentos mil réis, em que se gastarão? Calou a boca e dáhi logo correo comigo comi se fosse um negro, e a igreja ali parou….”

Triste episódio de violência que depõe contra os mandões de São José de duzentos anos atrás….

Monsenhor Renato Galvão foi Cura da Catedral de Senhora Santana durante 30 anos. Faleceu em 1995. O acervo dele  de livros e documentos históricos sobre Feira de Santana, assim como objetos pessoais, estão no Museu Casa do Sertão da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)


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