Passou breve, fugaz como todas as coisas que proporcionam
prazer, o Triduo da Folia.
Os i folguedos dos primeiros dias do reinado do Momo Único decorreram
algo frios pesar da elevada temperatura ambiente. Fizeram-se notadas
inconveniências e falhas.
O movimento comercial da tardinha e da noite do sabbado
afigurara-se a muitas pessoas promissor de extraordinária animação e inffluencia
de foliões á “Avenida da Alegria” (denominação dada por experimentado carnavalesco
às ruas Cons. Franco e a dos Remédios, onde a circulação avulta em dias de Carnaval);
o que, no entanto, não ocorreu.
O baile anunciado para a Pensão Central effecttuou pela ausência
de dançarinos, principalmente do sexo bonito.
0 Domingo Gordo
Dois pequenos grupos cantantes fizeram a alvorada carnavalesca,
tendo sido sensível a ausência das “Bohemias” que tão assíduas vinham sendo às folganças matinaes em louvor de Momo.
O “Casamento na Roça” em que o casal era precedido de dois
bebês em braços de nutrizes pretas teve admiradores e aplausos.
O excessivo calor parece haver
amedrontado os foliões que só tarde muito avançada animaram a pervagar as ruas.
Um magote funambulesco, arremedo do préstito da Lavagem tradicional
da festa de Sant’Anna, com as bandeiras, danças a músicas características da
usança festiva, foi o primeiro bando a surgir, porém não conseguiu agradar a
todos, por inoportuno, deslocado da quadra própria.
Exhibiu-se depois, o espirituoso Bloco dos Duvidosos, com seu expressivo estandarte, suas choréas e música
originaes, concorrendo grandemente para a animação do povo, que o seguiu por
toda parte.
Os Duvidosos
que em 1933, formava um grupo matinal, devem consttuir-se em associação
organizada para futuro Carnaval, que não prescindirá do concurso desses
foliões, segundo pensa a Guarda Velha, disposta, já, por alguns de seus
membros, a assumir a função de orientadora dos festejos de Momo em 1935.
A jovialesca dezena feminina
travestidas de Malandros, (calças
brancas, camisas listradas e loups
negros) com as suas graciosas braceiras, num figurino muito chic, deram a nota da elegância
carnavalesca.
Foram também devidamente apreciadas as
dezesseis figurinhas do outro planeta (meninas e mocelinhas entrajadas de
saias, corpetes e gôrros alvi-negros) que levavam alegria quer que arraiassem.
Também fez-se credor de sinceros gabos
– Zé Matuto conduzindo ante si seus quatro filhos, “tão grande... e tão bobos,”
dispostos em monômio.
À noite, um “assustado” de improviso
attraiu aos esplendidos salões da “25 de Março” fervorosos cultores de
Terpsicore, que, aos rithimos de musica moderna, lindamente regional, executada
por afinado jazz-band, dançaram até
de madrugada.
Segunda-Feira de Zé
Carêta
A intensificada labuta comercial em vários pontos da urbe
onde se faziam feiras, empolgando inteiramente a população e mesmo forasteiros
feirantes, não permitiu folgas aos próprios foliões.
Pode-se dizer que o Carnaval em 12 do fluente foi todo
interno, tendo transcorrido animadíssimo o baile de máscaras effectuado nos salões
da sociedade “Euterpe Feirense”.
O terceiro dia de Mômo confirmou plenamente sua denominação
vulgar de
Terça-feira Gorda
À madrugada, ainda escuro, Zé-Pereira
realizou uma ronda ligeira, porém assaz eficiente, despertando os folgazões
menos fatigados para início da almejada fuzarca.
De facto, três grupos de mascarados em
que predominava o elemento feminino encheram as ruas de alacridade e de acordes
excitantes, induzindo muita gente retraída a dispor-se para o sarabandeio
vespertino.
Tal seccedera no domingo, ia muito
avançada a tarde, quando começou a folgança, renovando-se a cavalgada em
andadura demasiado larga, o que causára reparos e extranhêsa, principalmente de
forasteiros, no primeiro dia. Essa extranhêsa estendeu-se à ausência de quaisquer
ornatos em automóveis particulares em côrso na “Avenida da Alegria.”
A parodia de lavagem foi o bando que se
exibiu mais cedo.
Seguiram-se os impagáveis “Duvidosos,”
quiçá em maior número, e os alegres “Farristas” vestiam uniformes vistosos, em cores
vivas, e modulavam canções, marchas e sambas, aos sons de boa oschestra, entre
as quaes Zizi, versos de Aloisio
Resende musicados pelo professor Estevam Moura, propositalmente feita para o
novo cordão carnavalesco.
A juventude “...do Outro Planeta” e os
elegantíssimos “Malandros” timbraram em prodigalizar contentamento a seus
administradores, que eram incontáveis.
O baile a fantasia na sede da sociedade
“25 de Março” foi animadíssimo, prolongando até 3 horas da madrugada de quarta-feira
de Cinzas.
Foi-se o Carnaval de 1934 mais querido
do que quando chegou e é possível tenha deixado saudades.
Os momophilos feirenses querem ressarcir-se
da relativa frieza do carnaval citadino e da quarentena nesta de abstinência,
promovendo festa álacres em o sábado de aleluia e no domingo de Páschoa.
O novo promissor “Blóco dos Farristas”
realizará festas campestres, inclusive a queima de um Judas, na praça Matriz,
que fica próxima a sede, e fará passeatas pealas principaes urbes.
Publicado na "Folha do Norte" edição de 17 de fevereiro de 1934.
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