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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quarta-feira, 10 de abril de 2019

CARNAVAL DE 1934 II


Passou breve, fugaz como todas as coisas que proporcionam prazer, o Triduo da Folia.
Os i folguedos dos primeiros dias do reinado do Momo Único decorreram algo frios pesar da elevada temperatura ambiente. Fizeram-se notadas inconveniências e falhas.
O movimento comercial da tardinha e da noite do sabbado afigurara-se a muitas pessoas promissor de extraordinária animação e inffluencia de foliões á “Avenida da Alegria” (denominação dada por experimentado carnavalesco às ruas Cons. Franco e a dos Remédios, onde a circulação avulta em dias de Carnaval); o que, no entanto, não ocorreu.
O baile anunciado para a Pensão Central effecttuou pela ausência de dançarinos, principalmente do sexo bonito.
0 Domingo Gordo
Dois pequenos grupos cantantes fizeram a alvorada carnavalesca, tendo sido sensível a ausência das “Bohemias” que tão assíduas vinham sendo às folganças matinaes em louvor de Momo.
O “Casamento na Roça” em que o casal era precedido de dois bebês em braços de nutrizes pretas teve admiradores e aplausos.
         O excessivo calor parece haver amedrontado os foliões que só tarde muito avançada animaram a pervagar as ruas.
Um magote funambulesco, arremedo do préstito da Lavagem tradicional da festa de Sant’Anna, com as bandeiras, danças a músicas características da usança festiva, foi o primeiro bando a surgir, porém não conseguiu agradar a todos, por inoportuno, deslocado da quadra própria.
Exhibiu-se depois, o espirituoso Bloco dos Duvidosos, com seu expressivo estandarte, suas choréas e música originaes, concorrendo grandemente para a animação do povo, que o seguiu por toda parte.
  Os Duvidosos que em 1933, formava um grupo matinal, devem consttuir-se em associação organizada para futuro Carnaval, que não prescindirá do concurso desses foliões, segundo pensa a Guarda Velha, disposta, já, por alguns de seus membros, a assumir a função de orientadora dos festejos de Momo em 1935.
         A jovialesca dezena feminina travestidas de Malandros, (calças brancas, camisas listradas e loups negros) com as suas graciosas braceiras, num figurino muito chic, deram a nota da elegância carnavalesca.
         Foram também devidamente apreciadas as dezesseis figurinhas do outro planeta (meninas e mocelinhas entrajadas de saias, corpetes e gôrros alvi-negros) que levavam alegria quer que arraiassem.
         Também fez-se credor de sinceros gabos – Zé Matuto conduzindo ante si seus quatro filhos, “tão grande... e tão bobos,” dispostos em monômio.
         À noite, um “assustado” de improviso attraiu aos esplendidos salões da “25 de Março” fervorosos cultores de Terpsicore, que, aos rithimos de musica moderna, lindamente regional, executada por afinado jazz-band, dançaram até de madrugada.
Segunda-Feira de Zé Carêta
A intensificada labuta comercial em vários pontos da urbe onde se faziam feiras, empolgando inteiramente a população e mesmo forasteiros feirantes, não permitiu folgas aos próprios foliões.
Pode-se dizer que o Carnaval em 12 do fluente foi todo interno, tendo transcorrido animadíssimo o baile de máscaras effectuado nos salões da sociedade “Euterpe Feirense”.
O terceiro dia de Mômo confirmou plenamente sua denominação vulgar de
Terça-feira Gorda
         À madrugada, ainda escuro, Zé-Pereira realizou uma ronda ligeira, porém assaz eficiente, despertando os folgazões menos fatigados para início da almejada fuzarca.
         De facto, três grupos de mascarados em que predominava o elemento feminino encheram as ruas de alacridade e de acordes excitantes, induzindo muita gente retraída a dispor-se para o sarabandeio vespertino.
         Tal seccedera no domingo, ia muito avançada a tarde, quando começou a folgança, renovando-se a cavalgada em andadura demasiado larga, o que causára reparos e extranhêsa, principalmente de forasteiros, no primeiro dia. Essa extranhêsa estendeu-se à ausência de quaisquer ornatos em automóveis particulares em côrso na “Avenida da Alegria.”
         A parodia de lavagem foi o bando que se exibiu mais cedo.
         Seguiram-se os impagáveis “Duvidosos,” quiçá em maior número, e os alegres “Farristas” vestiam uniformes vistosos, em cores vivas, e modulavam canções, marchas e sambas, aos sons de boa oschestra, entre as quaes Zizi, versos de Aloisio Resende musicados pelo professor Estevam Moura, propositalmente feita para o novo cordão carnavalesco.
         A juventude “...do Outro Planeta” e os elegantíssimos “Malandros” timbraram em prodigalizar contentamento a seus administradores, que eram incontáveis.
         O baile a fantasia na sede da sociedade “25 de Março” foi animadíssimo, prolongando até 3 horas da madrugada de quarta-feira de Cinzas.
         Foi-se o Carnaval de 1934 mais querido do que quando chegou e é possível tenha deixado saudades.
         Os momophilos feirenses querem ressarcir-se da relativa frieza do carnaval citadino e da quarentena nesta de abstinência, promovendo festa álacres em o sábado de aleluia e no domingo de Páschoa.
         O novo promissor “Blóco dos Farristas” realizará festas campestres, inclusive a queima de um Judas, na praça Matriz, que fica próxima a sede, e fará passeatas pealas principaes urbes.

Publicado na "Folha do Norte" edição de 17 de fevereiro de 1934.


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