UMA HOMENAGEM AO NATAL

Antonio Edson O. Freitas

Na realidade é uma pintura alegórica; o pintor usando um estilo semelhante ao de Giuseppe Arcimboldo, pintor italiano (1527/1593), que especializou-se nos chamados "caprichos" alegóricos ao usar um amálgama de elementos para compor figuras humanas simbólicas no que se chamou de maneirismo. Fica identificado com clareza  a intenção do artista em focar a imagem de Jesus em duas fases: A natalina, ao incluir o presépio como peças anatômicas do rosto do Messias: O burrinho e a vaca delineando a barba com o queixo, a palha da manjedoura a emular o bigode e os lábios, a sua base. Logo acima, deitado no berço improvisado, o Menino compõe as asas do nariz, Maria e José ocupam as órbitas dos olhos melancólicos mirando a criança logo abaixo. Todos esses ícones no conjunto definem o Jesus adulto, até um tanto envelhecido para os seus 33 anos. Complementar à simbologia surge a coroa, ainda apresentada como uma trança de ramos delicados que no futuro se transformarão em espinhos. Lateralmente à cabeça, os cabelos caindo sobre os ombros entremeados de plantas, lembram as faldas de uma imponente montanha envolvida em uma aura ou névoa.

     Em um céu noturno pontilhado de estrelas, uma delas em destaque dividindo a composição axialmente por simetria, incorpora a mágica Estrela de Belém que emite um brilhante raio atingindo o corpo do infante adormecido. 
     Na parte inferior do quadro sobreposto ao colo do personagem, uma faixa ornamental em arco invertido exibe duas palavras no Alfabeto Cirílico (Século IX) que a tradição  atribui sua paternidade a São Cirilo para a evangelização dos povos eslavos. Ainda hoje continua a ser utilizado  no leste europeu pelos países: Rússia, Bulgária, Sérvia, Ucrânia e línguas não eslavas da antiga União Soviética. Através desse detalhe deduz-se a origem dessa pintura.