Epaminondas Vivente Reis Santanopolitano |
Dr. Vicente Reis
Quem, nesta
terra, não conhece o Vicente?
O “Cosme de
Farias de Feira de Santana”[i]
é um homem que vem do “pequeno”, do artista, do esquecido, do anônimo.
Lutou, lutou com
honra e adquiriu, não fortuna, porque é pobre, mas a gratidão dos necessitados,
dos humildes, que encontram em este homem o defensor contra a ira dos
potentados, dos desalmados.
Bacharel em
direito, Vicente Reis, em vez de se dedicar à advocacia, na capital, procurou,
em Feira, ser o segundo Cosme de Farias, o patrono dos pobres.
Pelos jornais
constantemente Vicente pede implora, não para ele, mas para os que precisam de
um lenitivo. A campanha do A.C.C., abrir escolas por toda parte. Quer um
albergue para os pobres. O mais irrisório, porém, é que já todos o conhecem
como pobre que se conforma em pedir para confortar os que sofrem, pôr qualquer
forma sofrer.
Quantas vezes, no doce convívio que
tenho tido com a Feira de Santana, ouço com prazer dizerem: podia ser rico, se
não fosse o seu coração boníssimo e feito para o próximo, como um amigo dos
necessitados.
É que há muita forma de servir à Feira.
O Vicente pensou e seguiu aquela que só os fortes, os decididos procuram.
Tem uma casa, talvez, sem terminar.
Conseguiu, como é natural, impor-se ao meio. O pobre o adora e o grande, o
rico, o admira.
É de homens da tempera deste que o
BRASIL precisa para aumentar a sua grandeza e o número de seus memoráveis e
abnegados filhos.
Mas, Vicente tem um defeito, um defeito
que não lhe podem perdoar muitos, - é mestiço – se é que para outros isto é
grave. – Mas conforta-lhe o bem do próximo: de um lado, procura espalhar a
instrução, alfabetizando o sertanejo, distribuindo as cartas de “A.B.C.”,
procurando abrigar os necessitados, os humildes, os esquecidos, os heróis anônimos
que proporcionam riquezas aos fazendeiros, negociantes e industriais.
Muitas vezes defende-os em troca de um
simples “obrigado”.
Assim, poucos fazem.
Feira, de 1944 janeiro.
Antonino
Moreira Pinto
[i] Cosme
de Farias, ficou famoso como advogado provisionado (rábula), defendendo na justiça aqueles que não podiam pagar
um advogado, não existia então a figura do defensor público. Também fundou a “Liga Baiana contra o Analfabetismo".
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