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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A MAGIA DAS PALAVRAS

Hugo Navarro Silva
A palavra encobre mistérios e poder desconhecidos da maioria das pessoas.  Tribos africanas acreditam  na existência da palavra seca e da úmida. Uma seria da divindade antes de se manifestar na criação. A outra teria nascido com o homem.  É a que entra pelas orelhas como luz e fecunda na criação. Verdadeira manifestação divina,  está na crença e lendas da maioria dos povos.Na tradição cristã há o verbo divino e o verbo encarnado. Segundo alguns analistas, de acordo com as Escrituras, existem a palavra divina, preexistente à criação, e a palavra divina que nos é transmitida pelo Novo Testamento. Na Bíblia a palavra pronunciada é tratada como ser real, semelhante ao hálito, que sai da boca,  sem possiblidade de volta,  de acordo como a enxergou Horácio. Continua a existir, mesmo depois de pronunciada, pelo que pode provocar de bem ou de mal. Daí, provavelmente, o ditado: “a palavras loucas, orelhas moucas”, encontrado em diversas línguas com algumas variantes.
É conhecida e proclamada a influência da palavra em todas as atividades humanas, tão forte que levou Ruy Barbosa a escrever que  “Embora as maiores instituições humanas se alienem, ou enxovalhem, resta-nos sempre uma, tão nova nos lábios de Gladstone como nos de Péricles: a instituição divina da palavra, capaz  só por só de reconquistar todas as outras, quando associada  à misteriosa onipotência da verdade”.
Na política e na propaganda partidária a palavra, presente em todas as oportunidades, tem exercido enorme poder sobre o povo em todas as partes do mundo.
No Brasil o discurso político sempre gozou de admiração e prestígio a partir dos grandes tribunos  que brilharam no Senado do Império e serviram de modelo e inspiração para a classe política  brasileira, que provavelmente encontrou seu ponto mais alto, no campo do domínio da palavra,  na República de 1946, com oradores como Carlos Lacerda, Otávio Mangabeira, Antônio Balbino de Carvalho, Tarcílio Vieira de Melo, Afonso Arinos de Melo Franco, Aliomar Brasileiro e  a famosa “orquestra da UDN”,  quando atuavam  na Câmara dos Deputados.
Atribui-se à Revolução de 64 culpa pela ausência de autênticas lideranças no país de hoje, a que poderíamos acrescentar também a quase inexistência de políticos capazes de empolgar pela palavra e pela clareza de suas ideias. São, normalmente, grosseiras versões dos grandes líderes e oradores do passado, que enobreciam a vocação para a luta partidária, substituídos por nova classe de políticos, a daqueles de linguagem e ideias limitadas e obscuras.
A novidade não pode ser debitada somente ao Brasil, porque geralmente se instalou em países de tênues tradições democráticas,  baixa escolaridade e pouco entendimento do que é a coisa pública.
Frente aos novos tempos, em que política partidária significa, sobretudo, interesses de ordem personalíssima, o discurso perdeu majestade. Figuras e arabescos de linguagem, demonstrações de cultura e de verdadeiro conhecimento dos problemas da nação deram lugar à demagogia pura e simples, sem rebuços e sem máscaras, usando, em muitos casos, de  fatos verdadeiros para desenvolver gigantescas redes de enganação e mentiras, que durante anos servem de base para campanhas partidárias e reeleições. São notícias repetidas e ampliadas de grandezas quase miraculosas que vão fazer a felicidade e a riqueza do povo, em torno das quais se desenvolve intensa publicidade. Só que os resultados não aparecem, o que não impede que muitos continuem a acreditar em pré-muita coisa neste país.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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