PARVOICES DE UM SABIO
Li, ha poucos dias atrás, com desusado interesse, em o numero 20 deste
sympathico jornalsinho o artiguete sob o titulo - Ondas - com o qual, a
louca pretenção do seu autor, alliado ás normas contraditórias da verdadeira e
sã educação, procurara criticar da apologia e apresentação lisongeira, aliás
irnrnerecida, que um meu amado patrício e
collega no officio de atrophiar a língua, fizera do meu palíido
«Idyllios», aossocioado «Grémio Rio Branco.»
E’ necessário qu se seja
muito inconsciente, muito néscio, muito leigo em matéria critico - Iiteraria, para de
prompto não colligir, que um outro a não ser o Snr. Aluizio Rezende, que prima
peio desarrazoamento da critica, ou peia estafa que tem a sua mania literaría
de citar autores e mais autores, contos e mais contos, obras e mais obras, á
guisa de enfeitar as suas exceílentes
croniquetas; uns outro, pois, a não ser S. S. que, ao em vez de enumerar os
meus erros, vem argumentando estylo
em literatura, cuja significação technica da palawra elle mesmo desconhece,
obrigar-me-ia a mais acerba decepção, e era quem, por mestre, eu queria admitir.
Mas, não é ainda, o interesse que me assiste em defender o que escrevo, ou
o desejo de manter com o Snr. Rezende discussões literarias que me faz voltar
novamente á imprensa; ao contrario desta desmedida e iunominaveí pretenção que
aliás não conservo, se outra não fosse a interpretação vaga e insensata, algo
inconsciente, que S.S. fizera da ms- ftha mal elaborada producção - Idyllios do põr do sol
eu não me empenharia em demonstrar o mais apurado gosto que, elle mesmo, votara
a arte que tão bem souberam abraçar, verdadeiras sommidades literárias.
Convicto da semsaboressencia contida em o meu «Idyllios» e, também, do que
escrevo, embora em desacccordo ao estylo rutilante de Garrett, como, pois, em
se confrontando as minhas producções com as do famaso vernaculista, autor das
Viagens na Minha Terra, não primar pela dissonância?!...
Como o Snr. Rezende, eu não poderia, tambem, dizer que, sua «Ondas» em
contrario ao «estylo cheio de substancia e de seiva, robustez e colorido»,
forma o verdadeiro contraste do mais brilhante titulo de glorias, que immnortalisou
Voltaire?
Mas, se fosse este o meu ideal eu não feria a
conclusão do que procuro provar, na bossa
literaria do novo
sábio e portentoso que, alimentado pela não perspicácia da qual
devia ser dotado, principiou attribuindo ao mundo literário, a apresentação que
o senhor Werdeval Pitanga fizera da minha singela produção aos socios do
«Grémio Rio Branco», a essa pleiade de rapazes que, abraçados aos livros,
marcham para o ideal, e não a cathedra attingída pelo supremo ideal da Arte literaria,
como imaginou o meu contendor.
Mas, estou certo de que, se o Snr, Aluizio? fizesse
da palavra uma sciencia, e estudasse
no vocabulário humano os seus segredos mais íntimos, como o musico que estuda
as mais ligeiras vibrações nas cordas do seu instrumento, como o pintor que
estuda todos seus effeitos da
luz nos claros e escuros,» não chegaria a dizer que, admirar Garrett - como
disse Werdeval - é o mesmo que saber imitar
o estylo, a eloquência, o rithimo, destes e de outros
escriptores.
Alem disto, conclue-se exuberantemente que o Snr.
Aluizio, primando pelo contraste do que, elle mesmo, procurando destruir com os
fulgores do seu
talento, escrevera em a sétima linha do primeiro período, da sua referida
croniqueta, e em a decima primeira do nosso período, as palavras excéllente e explendida,
respectivamente, sem gripho, o que proporcionou á pragmatica Iiteraria do nosso sábio, uma péssima
recommendação.
Na impossibilidade
de continuar, por não querer declinar, de uma a uma, todas as suas
incorreções, o que “sería fastidioso”, preso-me em dizer ao Snr. Rezende que,
publicando o meu “Idyllios,” eu não julguei ir apresentar ao mundo literário
deslumbrantes preciosidades, e que se o “desejo que
bc o «desejo de escrever não fosse qual o
instincto que manda beber agua para apagar a sede, e comer para matar a a fome,
eu não me atreveria pedir ao publico sensato, tão capaz de nos julgar, neste
momento, omplacencia para e para os nophitos como eu que não se arvoram de
mestre.
Affonso Penna,
Outubro de 1921
José Ribeiro Falcão
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