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segunda-feira, 18 de novembro de 2019

QUERELAS LITERÁRIAS DE ANTIGAMENTE VIII.

 Esta é a última "Querelas" da série. Vimos  uma briga literária jornalística com cinco participantes. Pena não termos o jornal o  "O Prelio", que abriu espaço para Aluizio Resende, depois que deixou a "A Flôr". Podemos imaginar a repercussão no meio dos intelectuais nos dias seguintes aos artigos semanais. Quem quiser rever algum episódio da série, é só ir ao lado direito do Blog em MARCADORES clicar em cima de "QUERELAS LITERÁRIAs".

PARVOICES DE UM SABIO


Li, ha poucos dias atrás, com desusado in­teresse, em o numero 20 deste sympathico jornalsinho o artiguete sob o titulo - Ondas - com o qual, a louca pretenção do seu autor, alliado ás normas contraditórias da  verdadeira e sã educação, procurara criticar da apologia e apresentação lisongeira, aliás irnrnerecida, que um meu amado patrício e collega no officio de atrophiar a língua, fizera do meu palíido «Idyllios», aossocioado «Grémio Rio Branco.»
E’ necessário qu se seja muito inconsciente, muito néscio, muito leigo em matéria critico - Iiteraria, para de prompto não colligir, que um outro a não ser o Snr. Aluizio Rezende, que prima peio desarrazoamento da critica, ou peia estafa que tem a sua mania literaría de ci­tar autores e mais autores, contos e mais con­tos, obras e mais obras, á guisa de enfeitar as suas exceílentes croniquetas; uns outro, pois, a não ser S. S. que, ao em vez de enumerar os meus erros, vem argumentando estylo em literatura, cuja significação technica da palawra elle mesmo desconhece, obrigar-me-ia a mais acerba decepção, e era quem, por mestre, eu queria admitir.
Mas, não é ainda, o interesse que me assis­te em defender o que escrevo, ou o desejo de manter com o Snr. Rezende discussões literarias que me faz voltar novamente á imprensa; ao contrario desta desmedida e iunominaveí pretenção que aliás não conservo, se outra não fosse a interpretação vaga e insen­sata, algo inconsciente, que S.S. fizera da ms- ftha mal elaborada producção - Idyllios do põr do sol eu não me empenharia em demonstrar o mais apurado gosto que, elle mesmo, votara a arte que tão bem souberam abraçar, verda­deiras sommidades literárias.
Convicto da semsaboressencia contida em o meu «Idyllios» e, também, do que escrevo, embora em desacccordo ao estylo rutilante de Garrett, como, pois, em se confrontando as minhas producções com as do famaso vernaculista, autor das Viagens na Minha Terra, não  primar pela dissonância?!...
Como o Snr. Rezende, eu não poderia, tambem, dizer que, sua «Ondas» em contrario ao «estylo cheio de substancia e de seiva, ro­bustez e colorido», forma o verdadeiro contraste do mais brilhante titulo de glorias, que immnortalisou Voltaire?
Mas, se fosse este o meu ideal eu não feria a conclusão do que procuro provar, na bossa literaria do novo sábio e portentoso que, alimentado pela não perspicácia da qual devia ser dotado, principiou attribuindo ao mundo literário, a apresentação que o se­nhor Werdeval Pitanga fizera da minha sin­gela produção aos socios do «Grémio Rio Branco», a essa pleiade de rapazes que, abra­çados aos livros, marcham para o ideal, e não a cathedra attingída pelo supremo ideal da Ar­te literaria, como imaginou o meu conten­dor.
Mas, estou certo de que, se o Snr, Aluizio? fizesse da palavra uma sciencia, e estudasse no vocabulário humano os seus segredos mais íntimos, como o musico que estuda as mais ligeiras vibrações nas cordas do seu instru­mento, como o pintor que estuda todos seus effeitos da luz nos claros e escuros,» não che­garia a dizer que, admirar Garrett - como dis­se Werdeval - é o mesmo que saber imitar o estylo, a eloquência, o rithimo, destes e de outros escriptores.
Alem disto, conclue-se exuberantemente que o Snr. Aluizio, primando pelo contraste do que, elle mesmo, procurando destruir com os fulgores do seu talento, escrevera em a sé­tima linha do primeiro período, da sua refe­rida croniqueta, e em a decima primeira do nosso período, as palavras excéllente e explendida, respectivamente, sem gripho, o que pro­porcionou á pragmatica Iiteraria do nosso sá­bio, uma péssima recommendação.
Na impossibilidade de continuar, por não querer declinar, de uma a uma, todas as su­as incorreções, o que “sería fastidioso”, pre­so-me em dizer ao Snr. Rezende que, publi­cando o meu “Idyllios,” eu não julguei ir apresentar ao mundo literário deslumbrantes preciosidades, e que se o “desejo que bc o «desejo de escre­ver não fosse qual o instincto que manda beber agua para apagar a sede, e comer para matar a a fome, eu não me atreveria pedir ao publico sensato, tão capaz de nos julgar, neste momento, omplacencia para e para os nophitos como eu que não se arvoram de mestre.

Affonso Penna, Outubro de 1921
              
               José Ribeiro Falcão  

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