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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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segunda-feira, 11 de novembro de 2019

AMAZÔNIA 10X2 “CIVILIZAÇÃO” IV

Evandro J.S. Oliveira
De carros a gado: o polêmico agronegócio da Volkswagen na Amazônia

Em 1973, montadora alemã, com apoio do regime militar, iniciou projeto para criar o "gado do futuro" na Floresta Amazônica. Iniciativa fracassou e foi marcada por denúncias de devastação ambiental e trabalho escravo.
Por Deutsche Welle

Uma fazenda-modelo para criar o "gado do futuro" e resolver parte do problema mundial da fome era o grande plano da montadora alemã Volkswagen em sua estratégia de ramificação de negócios no Brasil. Ao receber uma oferta do regime militar para participar do projeto de desenvolvimento da Amazônia, a empresa não perdeu a oportunidade de investir no agronegócio.

O projeto que, na década de 1970, parecia um ótimo investimento, com lucros garantidos, tornou-se, poucos anos, depois um pesadelo para o grupo alemão. Além de enfrentar acusações de ambientalistas sobre o desmatamento, a empresa se viu envolvida num escândalo sobre a exploração de trabalhadores em suas terras.
"Todas essas polêmicas que aconteceram na fazenda da montadora nos anos 1970 e 1980 ajudaram a construir a Amazônia como um espaço político nacional e internacional. A Volks acabou se tornando um símbolo da invasão da Amazônia por grandes empresários e grupos locais e estrangeiros", afirma o historiador Antoine Acker.
Acker acrescenta que, apesar de a montadora alemã não ser a única que desmatava a região, ela era o nome mais conhecido.

Fazenda de alta tecnologia

Em 1974, com o aval da Sudam, a Volkswagen deu início ao projeto para transformar o espaço de 140 mil hectares no sul do Pará numa fazenda-modelo. O primeiro passo foi desmatar a área para a criação do pasto. De acordo com a legislação da época, a empresa poderia botar abaixo as árvores em metade do território.

Os planos da Volkswagen eram ambiciosos. Na CVRC deveria ser criado o gado do futuro. Assim, a iniciativa mostraria que, com o uso de novas tecnologias, seria possível ter uma pecuária tão eficiente e lucrativa numa região de clima tropical como em climas temperados. O projeto tinha ainda intenções sociais. Leiding dizia que a fazenda forneceria proteína para nutrir a população do Terceiro Mundo, como na época eram conhecidos os países pobres.
Para isso, a montadora não economizou em tecnologia e pesquisa, investiu em estudos do solo e dos animais, monitorou pastagens e rebanho com um sistema computadorizado. Tudo parecia seguir o rigoroso padrão alemão de qualidade.
. A montadora nunca alcançou a meta de produzir 56 mil cabeças de gado por ano. Em 1981, foram apenas 27,5 mil. O projeto dava prejuízo, sendo 75% financiado pelo governo brasileiro por meio de incentivos fiscais. Diante disso, a Volkswagen resolveu se livrar do “problema-modelo”.
“Devido às condições gerais econômicas difíceis, assim como os investimentos volumosos no Brasil, a empresa decidiu, em 1986, vender a Companhia Vale do Rio Cristalino, também por não alcançar os lucros esperados”, afirmou um porta-voz da Volkswagen à DW.

Porém, logo após as primeiras queimadas, ambientalistas começaram a denunciar a devastação promovida pela empresa e os impactos incalculáveis que o desmatamento poderia causar no clima global. Além disso, a Volks foi acusada iniciar a derrubada da floresta sem a autorização de todos os órgãos brasileiros responsáveis.
No final da década de 1970, essas denúncias chegaram à Alemanha e à Europa por meio de reportagens publicadas na imprensa internacional. O desmatamento causado pela Volkswagen no Brasil foi tema de debate no Bundestag e no Parlamento Europeu.
A montadora, no entanto, alegava que respeitava a legislação brasileira e derrubava somente o permitido, além de argumentar que usava os métodos utilizados por todos na região e que estava investindo no progresso do Brasil. As críticas dos ambientalistas, porém, estavam longe de ser as únicas enfrentadas pela empresa. Péssimas condições de trabalho, que seriam de responsabilidade das empreiteiras contratadas.
Além dos escândalos, no decorrer dos anos, a CVRC se revelou um investimento deficitário
Em 1986, a Volkswagen colocou a fazenda à venda por 80 milhões de dólares. Em dezembro, a empresa decidiu vendê-la por 20 milhões de dólares à família Matsubara – imigrantes japoneses do Paraná que plantavam algodão e criavam gado.
Os Matsubara, porém, não arcaram com todos os pagamentos e a Volks acabou ficando com a hipoteca da CVRC. Somente em 1997, a montadora conseguiu se livrar completamente da fazenda, que foi leiloada e adquirida por empresários brasileiros. No ano seguinte e em 2015, partes da CVRC foram desapropriadas e destinadas à reforma agrária. Atualmente, a região é palco de violentos conflitos agrários. No episódio mais recente, em maio, quatro pessoas morreram.
Dezenas de escritores nacionais  e internacionais, publicaram artigos, livros... sobre o assunto com expressões como “ESCÂNDALOS”.
Dois exemplos de escritores renomados estrangeiros, sobre o assunto:
"Todas essas polêmicas que aconteceram na fazenda da montadora nos anos 1970 e 1980 ajudaram a construir a Amazônia como um espaço político nacional e internacional. A Volks acabou se tornando um símbolo da invasão da Amazônia por grandes empresários e grupos locais e estrangeiros", afirma o historiador Antoine Acker, livro Volkswagen in the Amazon: The Tragedy of Global Development in Modern Brazil

"Com mais de um bilhão de dólares, os militares financiaram latifundiários e companhias internacionais na formação de fazendas de gado. Assim a VW do Brasil também entrou no negócio. A fazenda Rio Cristalino, da VW, uma área tão grande quanto Berlim, Hamburgo e Bremen juntas foi paga em parte pelo Estado..." "o crescimento de capim seco no solo árido alimenta apenas um boi por hectare" "VW desistiu já em 1986..." depois de esgotado os 1.27 milhões de dólares de subvenção anual do Estado. Pág.196/7

NA PRIMAVERA O ÚLTIMO CANTO DA COTOVIA
SIMMEL, J.M. (Escritor alemão).

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