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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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terça-feira, 15 de janeiro de 2019

NIZAN, VOLTE PARA A BAHIA


Nizan Mansur de Carvalho Guanaes  Gomes
 é um empresário e publicitário  brasileiro. É sócio e co-fundador do Grupo ABC de Comunicação, holding que reúne 18 empresas nas áreas de publicidade, marketing, conteúdo e entretenimento. Hoje o Grupo ABC faz parte do Grupo Omnicom. 

Quando fiz 60 anos, no ano passado, minha psiquiatra deu um conselho memorável: “Nizan, volte pra Bahia”. Ela não estava me aconselhando a mudar para a Bahia, mas ficar perto da Bahia e deixar a Bahia me mudar.

O menino do Pelourinho cresceu, mudou para São Paulo, ganhou o mundo. Foi muito tempo longe do lugar em que nasci, da terra de meus pais, irmãos e tios, dos meus amigos e colegas do Marista, de nossos costumes e crenças. A gente ganha o mundo, mas se perde nele.

E se isto é verdade para mim, se eu preciso recapturar a minha história, é verdade também para Salvador.

O “New York Times” acaba de apontar a cidade como um dos 52 lugares para se visitar em 2019. É a única cidade brasileira da lista. E o texto do mais importante jornal do mundo não deixa dúvida: tudo o que ele destaca está na cidade velha. Se Salvador for ser a cidade global que deve ser, o caminho está ali.

Nosso futuro está no nosso passado. Nós, os velhos baianos, chamamos Salvador de Bahia em função da Baía de Todos os Santos. Só que Bahia se escreve com H, o H da história. Esse é o H que nos define, nos torna interessantes, criativos.

Seguindo o conselho da psiquiatra, resolvi passar boa parte do verão aqui na cidade. Para estar ainda mais perto, pedi à Renata Magalhães e ao Correio para escrever esta coluna e assim dividir meus pensamentos com a comunidade onde nasci.

Não quero apontar defeitos nem fazer críticas, mas dar sugestões e insights. A cidade, como diz o “Times”, vive um renascimento. É preciso aproveitar. A chegada de hotéis como o fabuloso Fasano, onde estarei hospedado, e o lindo Fera Palace trazem novo ciclo para o centro histórico. Surgem novos empreendimentos _hotéis, restaurantes, museus, galerias, antiquários. Dois centros de convenções estão planejados em localizações adequadas e complementares, na orla e na Cidade Baixa. Que venham, rapidamente, para encher Salvador com seus eventos, gerando os recursos que a cidade precisa.

O turista vem ver história, cultura, música, culinária _vem ver a Bahia com H. Caetano, Gil, Glauber, Caymmi, Jorge Amado, Risério, Carybé, Cid Teixeira bebem da água da história e são chafarizes para nós.

Então, meus amigos, história na veia da nova geração, nas veias da cidade. Uma dose massiva nos currículos das escolas públicas e privadas. Esse papel não é só do Estado, é da comunidade. TVs, rádios, jornais, blogs, sites têm que ensinar história. Nossos artistas e comunicadores devem propagar história. Os motoristas de táxi e de Uber precisam saber nossa história de cor e salteado. História é orgulho, história é ética, história é cuidado com a coisa pública, história é propósito.

Não se trata de poesia nem delírio meu. Isso é posicionamento estratégico, a minha especialidade, o que faço há 40 anos para centenas de clientes, entre os quais os maiores grupos privados do Brasil e do mundo.

Salvador não tem que inventar a roda, tem que copiar Lisboa, Paris, Roma. Mas copiar do seu jeito. Lisboa é a sensação da Europa porque está construindo uma cidade moderna sob os alicerceares da antiga.

Vamos trazer as melhores coisas do mundo. O Uber aqui será com H. A Califórnia tem o Vale do Silício, Salvador terá o Vale do Dendê, criada pela mente de Paulo Rogério, que luta para espalhar startups de nossa criatividade com pitadas de pimenta. Isso é sonho? Não. Vamos lembrar que esta cidade há décadas sacode o Brasil e o mundo. Sartre e Neruda vieram a Salvador atrás de Jorge Amado.

Chega de modéstia. Modéstia não é um traço baiano. Nós tentamos ser modestos, mas não encontramos motivo.

O que precisa ser feito, todo mundo sabe. As respostas são conhecidas. Eu vim fazer perguntas. Por que nossos sinos não tocam? Por que não incentivamos as noivas do Brasil todo a virem casar na cidade com 365 igrejas? Por que estamos perdendo o lindo hábito de vestir branco nas sextas-feiras? Por que exploramos pouco a Baía de Todos os Santos? Nosso calendário de eventos é global ou paroquial? Por que os blocos afros não são prestigiados com toda a sua importância? O mundo chega e chora de emoção ao ver o Ilê passar. Como vi Naomi Campbell fazer. Quando o mundo viu Michael Jackson e Paul Simon cantando os tambores da Bahia, o mundo pirou.

Meu avô, um sindicalista mulato e comunista, me ensinou nossa história, e essa plataforma genética me fez cidadão do mundo. Fui longe e agora quero voltar.

Como aconteceu comigo, minha cidade amada, minha soterópolis, minha Roma Negra, minha Bahia com H, eu lhe dou um conselho: volte pra casa, Bahia. Volte pra Bahia.

Criatividade é com baHiano. (nota do Blog)

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