Ele mandou recorte da reportagem, mas ficando inadequado transpor direto para postagem, resolvemos que ele escrevesse em Word ficando mais legível.
Em negrito os Santanopolitanos citados na reportagem.
O interesse pelas questões ligadas à
astronomia já envolvia um grupo de jovens feirenses desde a década de 1960. A fundação da
Sociedade Astronômica Feirense (SAF), em 1966, precedeu, portanto, a existência
do Observatório Antares, e me envolveu, a César Orrico, Olival Carneiro e
Josemar Navarro, no qual fizemos parte. Construímos e testamos um foguete com
aproximadamente 40 cm de comprimento e 14 cm de diâmetro, usando combustível
sólido. Eu montei o painel de controle e o sistema elétrico, Olival preparou o
combustível, Josemar e César, montaram a estrutura do foguete e no teste
alcançou, aproximadamente, 150
m de altura. Depois de pouco tempo, a SAF se desfez por
falta de recursos.
Quando eu tinha
17 anos, em 1968, o antigo interesse pela observação do universo, levou-me a
comprar um telescópio de 180X, da Tasco, com 60 cm de comprimento, no qual
fiz a adaptação de uma engrenagem dos ponteirinhos de um contador de luz a um
motor, para fazer o telescópio acompanhar um astro em movimento e assim permitir
a observação por bastante tempo. Assim, eu e os amigos, também curiosos com
essas questões, passávamos um bom tempo observando os astros. César Orrico era
vizinho e tínhamos uma boa amizade. Como ele também gostava de astronomia,
ficou entusiasmado com a “invenção” e me chamou para montarmos um observatório.
Tive que recusar a proposta, pois sabia que o investimento era muito alto e eu
não dispunha de recursos.
Empenhado em
concretizar este sonho, César começou a fazer visitas a pessoas potencialmente
capazes de apoiar a iniciativa. Numa dessas visitas, em que se fez acompanhar
por José Olímpio, Cesar levou o telescópio e conseguiram sensibilizar Beto
Oliveira, que doou um terreno. Depois apareceu mais outro e, por fim, a imobiliária
de Milton Falcão (Bubu), que cedeu um grande terreno no Jardim Cruzeiro. Foi
escolhido este último, porque se situava mais próximo do centro da cidade, como
Cesar queria, e era o maior dentre os colocados à nossa disposição. É neste
local que hoje se encontra o Observatório Antares.
Foi então que
Beto Oliveira, José Olímpio e Cezar foram até a casa do Deputado Áureo Filho,
apresentar-lhe o projeto elaborado pelo arquiteto Everaldo Cerqueira. Ouviram,
então, do deputado: “Feira de Santana não merece isso.” Eles ficaram espantados
com a frase, e Áureo completou, dizendo: “Feira merece algo maior e temos que
trazer o melhor para nossa cidade.” Convidou-os, então, para ir até o
governador Antônio Carlos Magalhães, que entusiasmado com o projeto, mandou
providenciar o que fosse necessário para erguer o observatório.
Em 25 de
setembro de 1971, o Observatório Antares foi fundado por Augusto César Pereira
Orrico.
O empenho de ver
erguido o prédio em que funcionaria o observatório levou José Olímpio, em
meados de 1972, a
começar a construção dos alicerces. A construtora Teto deu continuidade,
fixando, primeiramente, isolada de toda a estrutura do prédio, com uma
profundidade de aproximadamente 10 metros , a coluna onde foi colocado o
telescópio e depois o resto da estrutura até a conclusão.
E vimos
levantar-se o prédio. Após a construção da coluna, para a colocação do
telescópio, edificou-se a estrutura central para montar a cúpula e depois foi
construída a frente, onde foram instalados o auditório, a biblioteca e a
recepção. Em março de 1974, foi adquirido o primeiro telescópio refrator de
152/2.286 mm (2,28 m )
de comprimento, de fabricação americana, depois de pouco tempo foi colocado a
cúpula de 5 m de diâmetro. Em pouco tempo foram feitas as primeiras fotos no
Observatório, o eclipse da Lua, com duas incidências: uma da sequência do
eclipse, em 5 exposições numa só foto, que foi feita na minha máquina
fotográfica, que ainda usava filme 120 — para conseguir esta foto,
posicionei-me na parte externa da cúpula, com a máquina presa a um tripé; as
outras fotos foram feitas no telescópio, pelo fotógrafo Magalhães, e com a
presença de Cesar e do jornalista Eguiberto Costa, que acompanharam a passagem
do eclipse. Após a montagem da máquina fotográfica no telescópio refrator de 2.28 m para obter as fotos,
um problema surgiu: não conseguiam foco. Diante dessa situação fui averiguar a
razão da ocorrência e descobri que havia um alongamento na ocular do telescópio
que fazia a diferença de foco entre os olhos e a máquina fotográfica; estava
recuado e precisei apenas puxar para que o foco normalizasse. Resolvi o
problema e o telescópio produziu as fotos que foram divulgadas no jornal. Esse
primeiro evento fotográfico do Observatório foi divulgado em entrevista
concedida por Cesar a um jornal, entretanto foi decepcionante, pois a matéria
não deu o merecido crédito à equipe que estava presente, cujo esforço resultou
no sucesso do acontecimento. Resolvi, então, afastar-me do observatório e só
aparecia como visitante.
Cesar e Magalhães |
Eis
o telescópio que deu origem ao Observatório Antares: |
Zé Olímpio, Cesar e seus amigos no terreno do Observatório antes de ser construído. |
Bacelar e Olival |
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