Evandro J.S. Oliveira |
O surgimento
de clubes sócias, foi sempre baseado em atividades motivadoras de pessoas com
os mesmos interesses, clube de caça, automóvel clube, clube de regatas, clube
do selo, clube de futebol..., na maioria dos casos construíam um prédio para
festas, reuniões sociais, dependendo da época, quadras esportivas, piscinas,
bares...
Em Feira de Santana as Filarmônicas
foram a base para os primeiros clubes sociais, “25 de Março, “Vitória” e
“Euterpe”, esta por um grupo da sociedade feirense com o objetivo de não ter
coloração política, ver postagem sobre história neste Blog em 29.03.2019,
dominando quase dois séculos, até 1944, quando foi construído o “Feira Tênis
Clube”.
Filarmônica Vitória |
Filarmônica 25 de Março |
Dizem que uma das razões para a criação
do FTC, foi o engajamento de vertentes políticas nas Sociedades Filarmônicas,
criando divisão radical na sociedade.
Era moda na época clubes de tênis, esta
atividade esportiva estava em alta em todo o país. Mas havia motivos mais
importantes, como espaço para festas. O crescimento, vertiginoso da cidade
exigia locais adequados para as festividades. Em 1943 já havia festas na quadra
coberta do Colégio Santanópolis (ver foto).
Festa da Primavera na quadra poliesportiva do Colégio Santanópolis em 1943 |
No início da década de 50, Hermínio
Santos, sócio da maior empresa comercial de Feira, Marinho, Santos e CIA., apaixonado
pela Filarmônica Euterpe, doou um terreno na rua Direita e liderou a
construção, então o mais alto edifício da Princesa do Sertão, inclusive dotado
do primeiro elevador[1],
adaptando-se às novas finalidades do clube, com belas festas, atrações famosas
e Micareta com grande participação.
Euterpe |
Feira Tênis Clube |
Mas, em todo o país os clubes sociais
entraram em decadência, a sociedade mudou, as mulheres passaram a ter mais
liberdade, frequentando bares, boates, inaceitáveis antes, muitas casas
passaram a construir piscinas. Os Presidentes querendo marcar suas obras,
abriam para sócios remidos, com estes recursos construíam piscinas quadras
esportivas e outros melhoramentos, mas estes sócios não pagavam aos clubes
sociais mensalidades, diminuindo sobremaneira as receitas.
Clube de Campo Cajueiro |
O ponto da
hecatombe dos clubes sociais na Bahia, foi o Clube Português em Salvador, os
débitos eram tantos que no final a Prefeitura resgatou e voltou a ser praia,
que nunca deveria deixar de ser.
Este episódio acendeu a luz vermelha
nas outras instituições. Todas passaram a elaborarem projetos alienando parte
da sede para empresas comerciais, tentando manter a atividade no residual.
Bahiano de Tênis, Associação Atlética, Associação Atlética Banco do Brasil...
No caso de nossa terra, o Feira Tênis
Clube já tinha perdido uma área por uma questão trabalhista. Posteriormente
perdeu todo o Clube para outra trabalhista. A Prefeitura fez decreto de
tombamento, impedindo a destruição do edifício sede, consequentemente os
adquirentes, deixaram de fazer manutenção degradando a área.
Recentemente o Prefeito Colbert Martins, declara de utilidade
pública o prédio do FTC, com o objetivo em transformá-lo em Centro de Educação,
parabéns Prefeito será uma grande obra.
O Cajueiro, também teve sorte de não ser demolido, para
finalidades puramente empresariais.
O Clube tinha enormes dívidas, trabalhistas, tributárias,
comerciais e outras. Apareceu um corretor com proposta de compra, querendo
saber o valor, apresentou documento de intenção de compra, mas não revelou o
pretendente da transação.
Foi convocado Assembleia Geral, esta determinou um corpo
jurídico, para fazer um levantamento do total da dívida, como orientação e também
consulta a avaliadores, tendo noção de estabelecer o preço a ser pedido. Nesta
reunião também foi escolhida uma comissão, tendo Monteiro como presidente para
continuar as negociações.
Passados tempo o corretor veio informar a desistência da
compra, por parte do pretendente comprador.
O motivo foi a exigência do DENITE para obras de acesso, inclusive
complexo de viadutos. Fala-se que o comprador era o apresentador Ratinho, com a
finalidade da construção de um terminal de cargas.
A Comissão, então aproveitou o desejo demonstrados por vários
empresários, alguns que criticaram não ter havido concorrência. Publicou edital
(ver edital), tornando público a venda. Corretores foram acionados esperando
propostas, ofertando o terreno, nenhuma proposta apareceu. Houve a desconfiança que alguns sabendo do
alto débito, o clube iria para “praça” com baixíssimo valor de arremate, como
aconteceu com vários imóveis, nessa situação, exemplo o FTC com uma área de
mais de 15.000 m², foi arrematado por R$1.800.000,00s (hum milhão e oitocentos
mil reais).
Por sorte, apareceu comprador para parte do terreno,
13.601,70 m² a Moura Empreendimentos e Gestão Corporativa Ltda. (Honda), Pelo
Valor de R$3.949.219.00.
Com estes recursos, o CCC pode pagar todas as dívidas
constantes na justiça, e proporcionar acordos com vários devedores. Mais
importante, se alguém esperava o patrimônio ir para a “praça” a preço vil,
ficou frustrado.
Edital colocando a venda a área remanescente |
O saldo, R$5.110.141,00 (cinco milhões cento e deis mil cento
e quarenta e um reais) foram distribuído entre os Associados que tinham direito
estatutários, definidos em Assembleia e executada pela Comissão de Liquidação[2],
eleita pela mesma Assembleia, sendo Presidente José Monteiro Filho. Conheço
alguns casos de liquidações de Instituições, mas nenhuma tão detalhistas como a
do Clube de Campo Cajueiro, em sua lisura.
Finalmente estaremos, se a Prefeitura de Feira concretizar a
intenção de transformar o Feira Tênis Clube em instituição educacional, dando
um destino, na minha opinião, muito melhor do que originalmente Clube Social,
passando ser INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS.
Sei que o Prefeito Colbert Martins, conta com auxiliares, dos
mais interessados feirenses na preservação de nossa memória, exemplos, Carlos Brito e
Arsênio Oliveira entre outros.
[1] O
elevador, dada a novidade foi tema até de piada sobre Hermínio, conta-se que
Hermínio procurando saber a um fabricante de elevadores, quanto custaria um
equipamento, a resposta do fabricante foi “uns 50.000.000,00 de cruzeiros, para
cima” a que Hermínio redarguiu “e para baixo quanto seria...”
[2]
Fico a vontade de parabenizar a lisura da distribuição, era associado fundador
contribuinte, sendo sempre contra sócio remido, mesmo quando diretor do FTC,
não era ético, me aproveitar quando dos lançamentos desta forma de associação.
Um ano antes passei minha conta para terceiros, pois não
frequentava mais o clube, portanto não fiz parte do rateio distribuído.
frequentava mais o clube, portanto não fiz parte do rateio distribuído.
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